Opcional: Relatos de Um Dia Chuvoso. 1.2

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"...Como de costume, me levanto cedo, arrumo a cama, lavo o rosto e abro a janela do quarto para que a luz radiante do sol, acompanhada do vento maravilhoso, adentre-se em meu quarto, fazendo com que meu dia inicie maravilhosamente bem. Mas hoje não foi bem assim, foi o oposto. Me levanto e acabo batendo meu pé fortemente em uma cadeira que se encontrava próxima a minha cama. Logo em seguida escorrego em uma peça de roupa que se encontrava no chão do banheiro e pra finalizar não estava fazendo sol. O céu estava completamente nublado e chovia bastante. Fechei a janela logo em seguida, o vento que entrava não era nada agradável.

- Arief, venha toma café. - Gritava minha mãe da cozinha.

- Já estou descendo. - Inferno, o dia já começou todo errado.

Saindo do quarto já foi possível sentir o cheiro agradável de ovos fritos. O dia poderia ter começado ruim, mas ao menos meu café da manhã seria normal. 

- Bom dia. - Ela estava com um grande sorriso no rosto que até certo ponto dava medo.

- Hmmm. - Resmunguei.

- Que cara é essa? O que está acontecendo? - Perguntava ela, enquanto colocava os ovos mexidos em um prato a minha frente.

- Nada, só o dia que começou péssimo. - Resmunguei enquanto mexia nos ovos com uma colher.

- Realmente, pensei que hoje iria ser um dia de sol radiante, mas veio a chuva em seu lugar. É o mais estranho é que, é muito difícil chover em Farist. - Ela estava parada na cozinha olhando para o teto, como se tentasse enxerga a chuva que caia sobre ele.

Não prestei muita atenção no que ela dizia porque neste exato momento estava focado nos ovos fritos que estavam deliciosamente maravilhosos. Depois de terminar meu café, voltei para meu quarto. Tinha que arrumar a bagunça em que ele se encontrava. Como chovia e o céu estava bastante nublado, parecia ainda que estava de noite, por isso decido abrir a janela para clarear um pouco mais o quarto, e logo em seguida pego meu casaco no armário, estava bastante frio. Depois de um longo tempo arrumando meu quarto, desço para sala, onde minha mãe estava colocando o casaco.

- Vai sair nessa chuva?

- Vou no armazém, quer vir comigo? - perguntava ela já calçando as botas e com o guarda-chuva nas mãos.

Afirmo com a cabeça enquanto calçava as botas rapidamente. Saindo de casa que foi possível perceber como realmente a chuva estava forte. Seguimos lentamente pelas ruas, estávamos evitando ao máximos de nos molharmos. Com toda aquela chuva, a cidade se encontrava deserta. Estava parecendo aqueles lugares fantasmas, onde nada se manifestava a não ser os próprios fantasmas. Levamos alguns minutos até chegar no armazém, onde Baruch estava, observando toda aquela chuva cair. Baruch era um homem nem velho nem novo - não sabia ao certo sua idade. Ele era bem alto e careca, seus olhos eram grandes, como se algo o estivesse puxando em cima e embaixo, os deixando maiores.

- Como está senhor Baruch? - Eles se conheciam a bastante tempo, talvez poderia dizer que eram íntimos.

- Estou bem, só estou estranhando esta chuva toda, se é que me entende. - Sua fisionomia havia mudado radicalmente.

- Também achei estranho, mas procurei não me preocupar muito. - Não estava entendendo o que os dois falavam, mas procurei não pergunta nada pois, na verdade, não estava nem interessado naquela conversa.

- Mãe? - Chamava-a enquanto apontava para os doces que estavam na prateleira do armazém.

- Pode pegar, mas só um. - Ela ria, enquanto voltava a falar com Baruch.

Demoramos lá mais do que de costume. Antes de voltarmos para casa, minha mãe voltava a falar algo com Baruch. Algo que não consegui escutar muito bem mas acho que devia ser grave pois os dois falavam baixo e estavam realmente tensos. Alguns minutos depois, ela se despedia e pegava as sacolas de compra, estávamos seguindo para casa.

- O que tanto conversavam?

- Nada de mais. - Ela bagunçava meu cabelo.

- Como nada...

Fui interrompido por um grande estrondo que fez toda a terra a nossos pés tremerem. Tombamos um pouco pra frente, fazendo com que o guarda-chuva caísse no chão. Olho rapidamente para trás e vejo uma casa pegando fogo. Mesmo com toda aquela chuva, o fogo permanecia forte, como se ela virasse fogo ao se aproximar da casa em chamas. Minha mãe se encontrava paralisada, olhando para todas aquelas chamas. A cidade antes que estava vazia, agora se encontrava com todos a porta.

- Mãe, vamos ver o que foi. - Puxava o braço dela, mas de nada adiantava.

Como ela não respondia. Decidi ir ver de perto o que estava acontecendo. Mas antes de sair de perto, ela já puxava meu braço e corria. Só que para a direção contraria daquela situação.

- Temos que ir lá, precisamos ajudar. - Falava enquanto era arrastado bruscamente.

- Não podemos fazer nada.

- Como não...

Parei de falar logo em seguida, pois ela chorava bastante e aquilo me fez engolir as palavras. Decidi correr por vontade própria. Estávamos indo para casa quando um grande silêncio se fez, sendo rompido logo em seguida por gritos.

- Não olhe, só continue a correr.

- Mas temos que..

- NÃO ADIANTA, NÃO PODEMOS FAZER MAIS NADA. - Gritava ela, enquanto chorava bastante.

O chão novamente começa a tremer, e foi possível escutar passos próximos a nós. Não olhei para trás, apenas continuei a correr..."

A Última Magia (Pausado Temporariamente)Onde histórias criam vida. Descubra agora