9 - A Barata

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Levanto da cama as pressas e empurro minha irmã para fora do quarto de meus pais. Ela se assusta com a minha reação e tenta me empurrar de volta, sem sucesso. Eu sempre fui mais forte que Julia.
Empurrei minha irmã até o final do corredor, onde ficavam nossos quartos. O quarto de meus pais eram separado por um corredor e um banheiro. Minha vontade era empurrar minha irmã escada a baixo, mas teria que enfrentar consequências terríveis se fizesse isso.
- O que acabou de acontecer no quarto dos nossos pais?- pergunta Julia, pretensiosa.
- Nada que possa te interessar. - respondo com grosseria. Ela não deveria se meter na minha vida dessa forma.
- Então já que os pais não estão e você é a responsável por aqui, eu posso ir dormir na casa da Ana? - questiona Julia como se fosse uma cobra que acabara de dar o bote. Era isso que ela queria, privilégios. Com certeza ela iria usar isso por algum tempo para me chantagear.
Fiz caretas sérias enquanto pensava. Julia tinha os olhos brilhantes de triunfo. Mas eu ainda tinha uma carta na manga.
- Não! - dei um leve grito e engrossei a voz. Isso deixou a frase mais firme. - Você pode ter 14 ou 40 anos mas para mim ainda vai ser pequena e frágil. Além disso, você não filmou nada e com certeza posso dizer que foi você quem trouxe um garoto pra dormir aqui! E se quiser conhecer o seu Cellbit a fundo é bom que você me trate bem.
Ela se espantou com a minha reação. Julia ficou sem fala por alguns minutos, tentando achar argumentos para quebrar as minhas pernas na discussão. Sinceramente, ela tentar me chantagear era a mesma coisa que dar um tiro no pé. Sempre fui maravilhosa pra argumentar e Julia sabia disso. Ela podia ser mais rápida e atlética do que eu, mas minha inteligência nunca me deixou na mão.
- O.K. - disse ela contrariada. Julia suspirou uma vez e mais outra. Ela parecia querer recuperar o último argumento na alma de sua mente. - Mas não vou deixar que mande em mim. Eu não vou te incomodar e você me apresenta o Cellbit. Tudo bem pra você?
- Está ótimo! - meu tom era de total triunfo.

Julia foi para o nosso quarto e voltei para esclarecer algumas coisas com Lange. Ele estava deitado de barriga para baixo e apoiado nos cotovelos. Nas mãos, ele tinha seu celular. Devia estar mexendo em alguma rede social. Parecia estar muito entretido. Tão entretido que nem percebeu que eu havia chegado.
Pensei em pular em cima dele e pregar-lhe um grande susto, mas não. Apenas deitei ao seu lado vagarosamente para ver o que escrevia em seu celular
- Então, como resolveu com a sua irmã? - pergunta ele.
- Tranquilo. - disse calmamente. - Ela até tentou se aproveitar da situação para perguntar se podia dormir na casa de uma amiga.
- Deve ter aprendido com a irmã. - ironiza ele, ainda não tirando os olhos do celular.
- Vou dormir. - afirmo bufando. - Amanhã é segunda e eu tenho faculdade. Minha irmã tem escola também escola. Boa noite! - com os acontecimentos de hoje fiquei um tanto constragida, mas ainda assim me despedi de Lange com um "Boa noite!" e um beijo em sua bochecha.

Senti algo em cima de mim durante o sono. A coisa parecia uma formiga enorme. Ela se mexia em cima da minha barriga e ia para a direita e para esquerda como se tivesse tonta. Tive medo de descobrir o que era. Olhei para o relógio e conclui que eram três da manhã. Eu não conseguiria dormir com a dúvida de poder ter uma cobra andando na minha barriga.
Passei a mão sobre minha barriga com força para espantar aquele ser. Senti um formigamento e concluí a pior coisa do mundo. O que estava andando em cima de mim era uma barata.
Me levantei sem Me preocupar com o sono de Julia, afinal seu sono era pesadíssimo. Acendi a luz com rapidez e vi o animal cascudo se apossar da minha cama.
Minha irmã ficaria histérica ao saber que havia um ser cascudo e marrom dormindo ao lado dela. Decidi ir até o quarto de Lange para que ele me ajudasse. Ajoelhei ao lado da cama e balancei Lange até que ele acordasse. Ele levantou um pouco grogue e me olhou com o cenho franzido.
- Tem uma barata no meu quarto. - sussurrei para ele em desespero.
- Não vou matar uma barata às - ele olhou para o despertador de meus pais e constatou o horário. - três da manhã!
-

Posso dormir aqui com você então? - pergunto em total aflição.

- Por que? É só uma barata. - sua voz era rouca de sono. Me sentia um pouco culpada por acordá-lo tão cedo.
- Porque a barata estava em cima de mim! - exclamo com uma careta de nojo.
- Essa cama é grande para nós dois. - ele levanta o cobertor e balança a cabeça em direção ao espaço vazio.
Eu deito ao seu lado é ele me abraça. Eu deito em seu peito e ele tenta me cobrir melhor com a mão que está sob minha cabeça. Ele estava quentinho assim como a minha cama.
- Posso te contar uma coisa? - indaga Rafael em um sussurro.
- Sim. - respondo com simplicidade.
- Eu também tenho medo de baratas. - ele se vira para mim e sorri com a confissão.
Então ficamos assim, juntinhos, pelo resto da noite e da manhã. Ele me abraçando e eu sendo abraçada.

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Este foi mais um cap espero que tenham gostado, se gostaram deixem seu voto e comentário, adicione o livro na biblioteca para receber att e ...

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