29 - Gay

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Eu já estava estabilizada quando Lucas chegou. Ainda não havia me esquecido do trato que fiz com Rafael, mas tinha medo que ele tivesse sabotado tudo. Mesmo assim, decidi segui-lo.

- Posso conversar com o Lucas sozinha? - perguntei aos meus pais, que estavam ao meu lado.

- Dá ultima vez que deixamos você sozinha com alguém a enfermeira teve que te estabilizar. - reclamou mamãe.

- Prometo que não vou ter outra convulsão, mãe.

Ela me olhou com desconfiança e deu uns tapinhas no ombro do meu pai. Eles se foram e Lucas se sentou no lugar onde eles estavam. Ele me fez algumas perguntas básicas. Perguntou se eu estava bem, se estava com dor, se lembrava de alguma coisa. Provavelmente ouviria muito dessas perguntas daqui pra frente. Finalmente Lucas fez uma pergunta diferente das demais:

- E como vai sua menstruação?

Eu tossi com a forma tão explícita que esse assunto se mostrou. Eu até sorri um pouco para tentar distrair minha mente.

- Eu não estou grávida, Lucas.

- Mas não menstrua a alguns meses.

- Como sabe?

- Usamos o mesmo banheiro, Lua. Obviamente eu percebi que seus absorventes não tinham acabado a algum tempo.

- Se você gosta tanto de investigações deveria ter visto os três testes negativos.

- Eu vi quando fui colocar seu lixo lá fora. Mas não faz sentido! Se você não está grávida, por quê não menstruou até agora?

- Já disse que vou num ginecologista. Agora dá para parar de bisbilhotar meu lixo?

- Me desculpe, mas seu lixo é super interessante.

Eu revirei os olhos e decidi fazer a pergunta que combinei com Lange:

- Você sabe o que está acontecendo com a minha irmã, Lucas? Eu soube que ela estava no hospital.

Ele suspirou. Por um momento achei que ele contaria a verdade, mas me enganei.

- Não sei, Lua. Seus pais não tiveram tempo de falar comigo.

- Você não estava aí desde que o Rafael chegou? - estranhei.

- Na verdade eu acabei de chegar. Trombei com Cellbit a alguns segundos. Ele me contou que você acabou de ter uma convulsão, mas ele também não sabia o que estava acontecendo.

- Então você não sabe o que está acontecendo? - deduzi.

- Não.

- Eu odeio o Lange.

- Por que? - assustou-se Lucas.

Expliquei toda a sabotagem que Rafael tinha aprontado para cima dele. Ele ficou com raiva, é claro, mas também entendeu o motivo de tudo isso. Ele me disse que Rafael gostava tanto de mim a ponto de tentar de tudo. Ás vezes eu pensava que Lucas não gostava de mim, ele nunca ficava bravo com os outros caras.

- Se quiser - disse Lucas -, eu pergunto como está a sua irmã.

- Eu já sei. Rafael já me disse.

- Posso perguntar da criança, se quiser.

- Você quem sabe.

Ele saiu por alguns instantes e me deixou pensando sobre o quê fazer. Acho que não vou brigar com Rafael, mas com certeza vou dizer que descobri a farsa. Eu entendi que ele me amava para fazer isso, mas eu não faria isso nem pela minha mãe. Cell tinha que entender que as coisas não se resolviam assim.

Lucas chegou em pouco tempo com uma boa notícia:
- Sua mãe pestanejou um pouco mas disse que a criança está bem. É um menino.
- Lucas?
- Sim.
- Você não está bravo com Rafael porque está saindo com alguém, não?
Ele arregalou os olhos e me respondeu:
- S-sim - gaguejou ele.
- Quem é a vagabunda? - animei-me, mesmo me sentindo um pouco chateada.
- Quis dizer vagabundo.
- O que?! - afinei minha voz mais ainda - Quem?
Ele me demorou a responder. Fiquei chateada dele não ter confiado isso a mim. Encarei ele até ele abrir a boca e me responder em um sussurro:
- O Daniel.

Amor de Gatos ❤ R.L CellbitOnde histórias criam vida. Descubra agora