Ele era baixo, calvo e extremamente gordo. Seu rosto era cheio de cicatrizes, testa larga, nariz fino e comprido, Vestia trajes coloridos espalhafatosos e de extremo mal-gosto, sapatos rasgados, e tinha em suas costas uma mochila também rasgada. Em seu ombro, um pequeno morcego negro de olhos vermelhos. Nas mãos enrugadas, um imenso livro de capa dura dourada.
- Finalmente, os incompetentes da rainha chegaram. Vamos resolver logo isso.
E em um gesto arcano, Vierhut teleportou-se.
***
Continuava havendo sangue. Dois disparos das bestas inimigas cravaram-se na cintura de Durud. Ele berrou como uma donzela, fazendo até sua colega rir. Os goblins foram caindo mortos à medida que Tahya estocava a arma dela em seus estômagos e gargantas. Os poucos que sobraram tentaram fugir, mas foram rapidamente decapitados.
- Vencemos. Mas o tempo está passando e não resolvemos nada ainda – a druida praguejou.
- É verdade, mas pelo menos seu cabelo está mais sedoso hoje – Durud sorriu um sorriso amarelo.
- Acho que até os goblins repararam.
- Você acha que consegue curar meus ferimentos?
- Até posso. Mas não vou sujar minhas mãos delicadas no seu corpo sujo. Agüente a dor como homem.
Um redemoinho estranhou começou a formar-se no meio das árvores. Tudo que estava no chão – folhas, vísceras, cabeças e demais restos de cadáveres – rodopiou movido pela força do vento. Um clarão azul-claro ofuscou por um curto instante os dois aventureiros. Uma figura mal-vestida, feia e digna de chacotas surgiu magicamente.
- Suponho que vocês sejam servos da rainha – o sujeito foi direto.
- Suponho que você seja algum tipo de bufão – Tahya devolveu, sem meias-palavras.
- Eu não suponho nada – Durud se contorcia de dor – Pode nos dizer quem é você?
- Sou aquele que vocês estavam procurando. Sou o sábio Vierhut.
- Podia ter aparecido antes de eu levar esses golpes.
- Ajude-nos. Como vencer o Conquistador Negro? – Tahya aproximou-se do velho feio.
- Que fique bem claro que não estou fazendo isso para ajudar vocês ou sua rainha.
- Depois você nos explica quem você quer ajudar – Durud tentava colocar as mãos sobre os ferimentos para estancar o sangramento – Seja um bom sábio e nos diga o que sabe.
- Tem um amigo seu prestes a fazer uma grande bobagem. Talvez possamos impedi-lo. Mas aí, nós faríamos outra bobagem ainda maior.
- Então, o que vamos fazer? – Tahya se impacientou.
- Primeiro cure seu colega. Precisaremos de força máxima.
A contragosto, a druida invocou a força da natureza para fechar as cicatrizes, retirar o veneno que circulava na corrente sanguínea e recuperar as forças do colega. Esbravejou por ter que sujar suas mãos com o corpo de Durud, e logo se virou para o sábio esperando mais orientações.
- Vou preparar um teletransporte até o campo de batalha. Rezem para que eu consiga fazer isso antes que seu amigo use a esmeralda que ele tem para invocar o quinto semideus.
- Quinto semideus? – Durud e Tahya em uníssono.
- Se o quinto semideus for libertado pela burrice de seu amigo, o Conquistador Negro será o menor de nossos problemas.
