"Nick! Nick!" Escuto de várias pessoas sem conseguir distinguir exatamente quem diz.
Abro os olhos aos poucos, recebendo raios de claridade. Ouço vozes ao meu redor mas tenho dificuldade em entender o que estão dizendo. Sinto minha cabeça latejar e percebo uma grande movimentação. Vejo que estou deitado e tento me levantar sem sucesso.
— Nick! — Lance coloca seu rosto bem próximo ao meu. — Você consegue ouvir alguma coisa?
Balanço a cabeça positivamente.
— A ambulância já deve estar chegando.
Tento me levantar novamente e dessa vez Lance me apoia em seu ombro. Consigo ficar em pé com algum esforço e Judd logo chega para me ajudar também.
— Nossa cara! — Ela diz enquanto olha pro meu rosto.
Me apoio em seu ombro e vejo uma multidão ao meu redor. Carey começa a pedir para saírem da frente e abrimos caminho em meio às pessoas.
— Por quanto tempo eu apaguei? — Sussurro no ouvido de Lance.
— Por uns 5 minutos.
— Que merda!
A ambulância chega rapidamente. Eles me colocam na maca e Lance entra.
— Eu queria ir com você Nick, mas não posso. — Carey diz. — Você vai ficar bem. Amanhã a gente se vê, Ok? — Ela pergunta segurando minha mão.
— Tudo bem. — Digo antes que fechem as portas.
— O que aconteceu? — O paramédico pergunta a Lance.
— Olha, não sei muito bem, eu não vi. — Lance responde colocando a mão na nuca. — Acho que ele estava com a namorada de um cara e ele ficou muito louco... — Lance completa quando o interrompo percebendo minha voz voltar aos poucos.
— Um imbecil me deu um soco no nariz e na barriga e eu desmaiei por algum tempo. — Digo tentando olhar pra pessoa que anota num caderno. — Imagino que eles não queiram saber mais da história. — Tusso algumas vezes.
— É melhor você não tentar falar muito. — O paramédico pega lenços e começa a limpar o sangue do meu rosto.
Não demora até que chegamos no hospital. Eles me descem da ambulância e alguns médicos se aproximam.
— Isso é realmente necessário? Eu acho que já consigo andar. — Digo, tentando me levantar da maca e tossindo mais um pouco.
Dois médicos se aproximam e me impedem de continuar.
— Ei, ei, ei, o que pensa que tá fazendo?
— Isso é ridículo! Eu levei alguns socos e só. Nada demais...
— Fica calmo aí Nick! Deixa eles te ajudarem. — Lance diz colocando a mão em meu ombro.
Me deito novamente e eles me levam á uma área cheia de macas e pessoas.
Escuto vozes e alguns tossidos enquanto me encaminham pra uma área com cortina.
— Boa Noite! Sou a Dra. Maddison, estou aqui para olhar seu nariz. — Diz uma mulher com aparência de pouco mais de 30 anos, com cabelos pretos curtos e olhos castanhos.
Solto um gemido que pode ser identificado como um oi.
— Oi Doutora. — Diz Lance se levantando de uma cadeira ao meu lado. — Sou Lance. Esse aqui é o Nick.
— Olá! — Ela pega em sua mão como comprimento. — Então Nick, como isso aconteceu?
— Eu estava em uma festa na escola, e um imbecil chegou e me deu um soco no nariz e um chute estômago.
— Idiotas... — Lance diz se sentando novamente à cadeira. — Você tem sorte de já ter saído do ensino médio, as pessoas de lá são uma droga!
Ela solta um risinho e concorda.
— Você já machucou o nariz em alguma outra ocasião Nick? Já quebrou ou fraturou? — Ela diz retirando uma lanterna e um instrumento de ferro do bolso.
— Não, nenhuma.
Ela usa o instrumento para abrir o meu nariz e coloca a lanterna lá dentro.
— É, aparentemente você não quebrou, não tem nenhum coágulo e me parece que o inchaço é somente por decorrência do soco. Vamos esperar alguns dias até que tenha desinchado completamente para ter certeza. Você teve sorte que a pessoa que te bateu não tinha muita força ou o estrago poderia ser bem maior.
— Talvez deva agradecê-lo por isso... — Digo ironicamente.
— Dói quando eu aperto aqui? — Ela pergunta apertando minha barriga.
— Não muito. Estava pior.
— Provavelmente não aconteceu nenhum tipo de hemorragia interna mas vamos fazer um raio x para que possamos ter certeza. Você vai ter que passar a noite aqui.
Fecho a cara.
— Você já avisou sua mãe ou seu pai?
— Ainda não... Você ligou pra ela Lance?
— Tentei falar com ela, mas ela não atende...
— Quantos anos você tem? — Ela pergunta pegando um prontuário.
— 17.
— É necessário que um responsável assine alguns documentos e que alguém passe a noite aqui com você.
— Vou ligar pra minha mãe.
— Ok, eu volto aqui depois para ver como você está. — Ela se despede e sai da sala.
Me viro para Lance e pergunto.
— O que aconteceu depois que eu apaguei?
— Olha cara, eu não vi muito, começou uma confusão, todo mundo foi pra cima de vocês e eu só consegui ver o cara arrastando aquela menina pra fora e saindo de lá com ela. — Lance responde e pega seu celular. — Depois a Liz e a Carey começaram a tentar te acordar.
— E onde você estava enquanto isso?
— Eu tava sentado na mesa com os caras do futebol. Assim que a aglomeração começou eu tentei chegar até você mas foi difícil, o pessoal não saía.
— Que porra! — Respondo e coloco as mãos sobre o rosto tentando não encostar no
nariz. — A noite tava incrível e eu ferrei com a festa da Carey. Espero que ela não fique chateada com isso. Eu nem queria ter ido nessa festa! — Completo.
— Mas você conhece aquele cara, por que ele te bateu?
— Não sei! O cara é louco! Eu estava conversando com essa menina, a Scart, aí nos abraçamos e o cara já chegou me dando um soco. Eu nem vi nada. Nem pude revidar.
— Essa festa foi uma merda! Eu te disse pra não irmos...
— Vou te escutar da próxima.
— Vai porra nenhuma.
— E a Liz? Quando acordei eu não vi ela...
— Ela estava lá... Tinha ido atrás do cara e da menina mas acho que não deve ter encontrado eles. Ela tava bem preocupada com você. — Ele termina de responder uma mensagem no celular e me olha. — Surge um novo amor? — Lance diz ironicamente. — Acho que o Jaden vai ficar irritado.
— Cala a boca! — Digo com a voz alta. — Você só fala merda.
— Vou lá fora tentar falar com sua mãe.
— Boa sorte. — Digo. — Você está com meu celular aí?
— Tá na sua blusa.
Remexo nos bolsos e acho o celular.
Lance sai da sala e vai ligar para minha mãe.
— Boa Noite Sr... — Um médico abre as cortinas tentando achar meu nome no prontuário.
Retiro meus olhos do celular desligado e o encaro sem acreditar por alguns segundos.
— Ai que merda!
— Nick!
Somos interrompidos quando Lance entra no quarto.
— Nick, não estou conseguindo falar com sua mãe.
— Acho que não vamos precisar dela.
— Oi Lance. — Meu pai diz virando-se pra ele.
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CEBOLAS
RomanceEra um domingo de manhã nublado, Scart gostava de coisas assim. Ela se sentia bem em dias cinzentos tão como em dias chuvosos, ela achava que talvez combinasse mais com seu humor, sem contar que poder usar suéter e blusa de frio arrancavam lhe sorri...