8° Camada

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— Sr. Harrison... Oi, o que o senhor tá fazendo aqui? — Lance diz surpreso com a presença de meu pai ali.
— Eu não sei se você se lembra mas eu sou médico.
— Ah sim, claro... Claro... — Lance diz se afastando. — Vou deixar vocês aí sozinhos. — Ele diz já fora da cortina.
— Não Lance, não precisa... — Digo tarde demais.
Um silêncio insuportável se instaura no quarto.
Checo as mensagens do meu celular e vejo algumas de um grupo e da Carey.
— Bom, Nick... — Ele começa. — O que aconteceu com você?
— Já não está escrito aí? — Respondo sem olhar para ele.
— Já está... Olha Nick, isso é o padrão, esse é meu trabalho, eu preciso que você fale comigo pra que eu possa te ajudar.
Retiro os olhos do celular e o encaro.
— Eu levei uma surra. Foi isso que aconteceu.
Ele se aproxima.
— Me deram um chute na barriga.
— Eu sei que não tenho mais o direito de me intrometer na sua vida... — Ele começa.
— Você não tem. — Corto.
Ele não completa a frase.
— Vou te levar para fazer o raio x, não se preocupe que eu vou assinar seus documentos.
— Ok.
Ele me dirige até a sala onde fazemos o raio x. Espero algumas horas até que o resultado fique pronto e felizmente não tive nenhuma hemorragia ou qualquer coisa do tipo. As enfermeiras recomendam que eu passe a noite aqui e me passam algum analgésico pra dor.
Acordo no dia seguinte com o barulho da movimentação ao meu redor. Percebo que Lance já não está mais aqui e me levanto da cama. Encaro um pequeno espelho ao lado de uma mesa  e me assusto com o quão horrível está o meu nariz. "Como se eu já não tivesse o suficiente para chamar atenção", penso.
Procuro por meu celular e o encontro em cima da minha jaqueta.
Me sento na cama e o desbloqueio. Tenho 15 mensagens de 4 conversas diferentes:
Carey:
- Oi! Como você está? - 00:37.
- Espero que esteja tudo bem! - 00:38.
- O lance me ligou e disse que você na sofreu nada grave, que bom! Vou dormir agora, amanhã a gente conversa. Bjo. - 00:38.

Lance:
- Oi cara! Já acordou? - 8:50.
- Foi mal, tive que ir embora porque já tava ficando muito tarde. - 8:50.
- Me chama quando acordar. - 8:51.
- Até mais. - 8:51.

Liz:
- Oi Nick! Desculpa não ter falado com você ontem, é que depois da confusão as coisas ficaram meio caóticas. - 9:40.
- Espero que não tenha acontecido nada de grave com você... 9:42.
- Se quiser falar comigo, pode me chamar por aqui. 9:42.
- Conversamos segunda na escola, tudo bem? - 9:43.
- Beijos, tchau. - 9:43.

E três mensagens de um grupo idiota no qual nem sei porque me colocaram e que nunca visualizo.

Começo a responder a Carey quando uma nova mensagem chega.
- Oi Nick, é a Scart...
- Me desculpe por ontem... O Jake é um idiota e eu quero que saiba que terminei com ele depois do que ele fez com você.
- Sei que isso não muda nada e que você deve estar me odiando nesse momento mas espero que não fique com raiva de mim por muito tempo.
- Gostaria de falar com você de novo, quando você estiver melhor, me liga. Este número é o do meu celular e eu te mandei uma solicitação de amizade também.
- Melhoras. :)
Começo a digitar quando a cortina abre.
— Meu filho! — Minha mãe se aproxima de mim e me abraça.
Sinto o cheiro de álcool da sua roupa e percebo que ela usa a mesma de ontem.
— O que aconteceu com você? — Ela me dá um beijo e eu viro o rosto.
— Sai mãe... Você está fedendo a álcool.
— Fiquei preocupada quando o Lance me ligou hoje... Ele disse que você estava aqui desde ontem, por que não falou comigo? — Ela pergunta balançando os braços e fazendo um barulho com seus anéis e pulseiras.
— Eu tentei te ligar, mas você não atendeu, como sempre. — Digo tentando afastá-lá.
— Ah! Meu celular estava descarregado, você deveria ter ligado no telefone da casa.
Ignoro. Ela não ouviria nem se tivessem colocado o telefone em seu ouvido.
— Tá tudo bem... Não foi nada demais.
— Seu nariz está inchado... — Ela diz colocando a mão.
— Eu me machuquei, cai e bati o nariz em uma mesa.
— Ai Nick, eu sempre te digo pra tomar mais cuidado com essas coisas.
— Já disse que não foi nada, não quebrei e provavelmente já devo estar liberado.
— Vou tentar falar com seu médico para que possamos ir embora daqui...
Me lembro nesse momento de que meu médico é a última pessoa que minha mãe gostaria de ver agora.
— Não precisa! Pode deixar que já está tudo assinado e eu já estou liberado. Só precisamos ir embora daqui. — Digo já me levantando, calçando minha coturno, pegando minha carteira e minha jaqueta.
— Não Nick, seu responsável deve ter que assinar algum papel seu...
— Anda mãe... O Lance já resolveu essas coisas ontem, acho que mandaram os papéis lá pra casa, se não mandaram também, quem se importa não é mesmo?
Levanto e começo a empurra-lá para fora.
Passamos pelas macas e pessoas ao redor da sala e seguimos até a recepção.
Entramos no elevador e apertamos para que desça ao térreo, onde minha mãe estacionou o carro.
Antes que as portas se fechem escutamos uma voz ao fundo gritando para segurar o elevador.
Minha mãe coloca a perna e a porta se abre novamente.

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Então galera, está sendo incrível a velocidade com que a história vem crescendo, espero que vocês estejam gostando e que fiquem tão ansiosos pros próximos capítulos quanto eu fico.
Não guardem esse amor que vocês estão sentindo só pra vocês, dá um votin aí pra nós e comenta o que achou.
Se amarem demaisssss compartilhem com os amigos e vamos preencher cada vez mais as camadas dessa cebola.
Obrigado e até o próximo. 😀✌🏾️

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