15° Camada

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Ela retribui e continuamos nos beijamos por algum tempo.
— Nick... — Ela me empurra mas sem força. — O que a gente tá fazendo?
— Eu não sei. — A encaro.
Scart não era a primeira garota que eu beijava, já fiquei com algumas meninas antes mas nunca foi nada muito sério, uma vez já até cheguei a dar um beijo na Carey, devíamos ter uns 14 anos e não sabíamos muito bem se o que sentíamos um pelo outro era só amizade ou outra coisa. Foi horrível. Mas valeu pela experiência já que foi meu primeiro.
— Me desculpe. — Digo mesmo sabendo que ela também queria me beijar.
— Não é isso, é só que... — Ela ri. — Porra Nick! Achei que você não ia fazer isso nunca.
Sorrio e a beijo novamente.
Alguém se aproxima dela e nós paramos.
— Scart, eu já vou indo. Depois a gente se fala. — Uma das garotas que estava no carro se despede e segue para fora da casa.
Scart acena e diz:
— Estou com sede, vou pegar alguma coisa pra gente beber.
Enquanto ela vai pego meu celular e checo minhas mensagens. Vejo uma de Carey e do Lance mas não as leio. Coloco no bolso assim que ela retorna:
— Vodka pra você e vodka pra mim. — Ele me entrega um dos copos e brindamos antes de virar.
Nunca fui muito forte para bebidas e também nunca gostei do gosto que elas têm, mas nessa noite tudo o que eu preciso é de algo pra me fazer esquecer.
— Você diz que não dança, mas eu já te vi dançando. — Ela começa a fazer alguns movimentos estranhos e eu me recordo da festa da escola.
— Ah! Aquilo?
— Você parecia estar se divertindo com aquela garota.
— Foi legal, ela é legal... Mas não é como se eu realmente soubesse dançar.
— Eu amo dançar.
— Eu já percebi. — Digo rindo.
— Eu já fui dançarina, sabe...
— E por que não é mais?
Ela me puxa pelo braço e me beija, ela dança e eu a deixo me levar.
— Onde você conhece essas pessoas? — Pergunto olhando ao meu redor.
— A maioria eu não conheço. São amigos de amigos.
— Que maravilha!
— É, meu antigo namorado costumava me apresentar essas pessoas.
— O que me deu um soco?
— Esse idiota mesmo.
— Então existe uma chance de que ele venha aqui hoje?
— Não sei, acho que não. Quer dizer, não terminamos muito bem... — Ela sorri pra mim enquanto pula ao som da música.
— Talvez devêssemos sair daqui então...
— Eu não vou transar com você.
— Eu não disse isso. — A encaro e seguro sua cintura. — Não tô afim de ver seu ex aqui, e aposto que ele também não tá muito afim de me ver.
— Foda-se ele! Ele era um merda! — Ela retira os meus braços de sua cintura. — Você precisa de mais álcool.
— Não, eu acho que pra mim já tá bom...
Ela ri e pega um copo na mão de uma garota.
— Só mais um. Essa noite você só tem que se divertir. — Penso em rejeitar mas a observo, seus olhos ainda brilham no escuro e quando as luzes do globo batem eles se tornam uma explosão de cores. Ela me desperta sentimentos. Ela sabe me fazer querê-la. E eu a deixo me levar.
— Só mais esse. — Respondo pegando o copo de sua mão e o virando.
Sinto o álcool queimar minha garganta. Talvez o último drink seja mesmo o mais forte pois esse desce como um vulcão em erupção.
Ela pega um cigarro da bolsa e o acende.
Vejo que outras pessoas estão fumando mas não me importo tanto com o cheiro que já domina o lugar. Sinto o ambiente ficando pesado e a escuto dizer palavras que não consigo compreender.
Me desequilibro por um instante.
— Nick! — Ela segura meu rosto e posso ouvi-la rindo. — Há quanto tempo você não bebe?
Tento me equilibrar novamente.
— Há muito. — Esfrego o rosto. — Porra! Isso é algum licor do capeta? — digo tentando sorrir.
— Talvez... — Ela retribui a risada.
— Você quer se sentar um pouco?
— Não, não... Só vamos lá pra fora.
Ela segura em meu braço e começa a me levar. Ela se senta e tira sua bota:
— Sabe o que pode ajudar Nick? Nadar.
A encaro tentando retomar meus sentidos.
— Nadar? Sério? Eu ainda não estou nesse nível. — Ela ri.
— Bom, você tem alguma ideia melhor? Ela coloca os pés na água e volta a fumar seu cigarro.
— É claro! Nadar é uma ótima ideia, assim como fumar maconha ou ficar pelado no meio de estranhos...
Ela me olha com um sorriso malicioso.
— Você já fumou maconha, Nick?
— Não... Nunca tive vontade.
Me sento ao seu lado. Tiro meu tênis que uso desde que acordei e coloco ao lado de sua bota. Pego meu celular do bolso e o enfio dentro do tênis.
Coloco os pés na água e me sento perto dela.
— É pior aqui debaixo.
— É, é... Talvez. — Ela traga o cigarro e retém toda a fumaça pra si.
— Você deveria experimentar.
— Obrigado mas eu passo.
— Talvez você devesse ser mais corajoso.
— Talvez você devesse ter mais medo.
Ela me olha.
— Eu costumava ser como você Nick. Eu tinha um propósito. — Ela faz pausas e usa aspas ao dizer isso.
— Quem disse que eu tenho um propósito? Eu sinceramente, não sei de mais nada.
— A gente nunca sabe... — Dessa vez ela solta a fumaça e o vento faz com que ela venha diretamente no meu rosto. Tusso algumas vezes e ela ri.
Ela me oferece o cigarro e eu o jogo fora.
— Você não precisa disso. Precisa?
— Não. Eu quero isso. — Nos encaramos e ela me puxa para a água.
Caímos na piscina, mergulhamos e nos olhamos por alguns segundos. Ela sobe à superfície antes de mim.
Rimos e nos beijamos.
— Eu realmente estou melhor agora.
— Eu te disse.
— Você é louca, Scart.
— Não somos todos?

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