16° Camada

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Permanecemos por mais um tempo na água até que percebemos uma movimentação.
Ouvimos o barulho da sirene e saímos da piscina, vestimos nossas roupas ainda molhados e começamos a acompanhar a multidão que corre pra fora da casa. Vejo alguns polícias tentando conter a galera mas sem sucesso.
Seguro na mão de Scart e começamos a correr pelo bairro.
— Você sabe onde a gente tá? — Pergunto.
— Mais ou menos... — Ela segura minha mão forte e depois de um tempo paramos em frente a uma casa verde.
Não vejo pessoas se aproximando de nós então não continuamos a correr, nessa altura nada mais vai acontecer.
— Como vamos embora daqui?
Ela começa a rir. Gargalhar.
— Que porra a gente tá fazendo? — Ela se senta no asfalto.
Rio com ela, mesmo sem saber o porquê.
— Aqui com certeza não passa táxi. — Observando ao redor percebo que estamos cercados por casas.
— Fudeu!
— Liga pra algum dos seus amigos...
— Eu não conheço ninguém que tenha carro ou que esteja disposto a vir me pegar a essa
hora. — penso nas pessoas que conheço mas não consigo lembrar de ninguém.
— Eu também não. A gente não devia ter corrido, perdemos o amigo com o carro. — Ela começa a rir novamente.
— Espera... — Penso no Lance. — Conheço alguém. — O Lance não é do tipo que faz merda sem se preocupar com as consequências mas é definitivamente do tipo que ajuda um amigo.
Pego meu celular e disco o número, chama umas três vezes até que ele atende com voz de sono.
— Você tá zoando comigo?
— Cara, preciso de você.
— O que você fez? Me deixa dormir...
— Eu tô preso no meio de lugar nenhum e preciso de uma carona.
— Como vou te dar carona se não tenho carro e por que eu faria isso no meio da madrugada?
— Você tem carro, tem o da sua mãe, e porque eu sou legal pra caralho e fico te devendo muito essa.
— Não vai rolar... Como vou se você nem sabe onde tá?
Coloco o telefone de lado.
— Scart, você não tem nem ideia de onde a gente esteja?
Ela responde negativamente.
Observo todas as casas ao redor.
— Espera aí, Lance... Digo afastando novamente. — Scart, a gente vai ter que perguntar pra alguém...
Ela me olha sem prestar muita atenção.
— Scart! — Chamo mais alto.
— Eu já ouvi... Você quer o que? Que a gente bata na porta de alguém?
A encaro e não dizemos nada por um tempo.
Ela se levanta e vai em direção à primeira casa a nossa frente.
Ela bate a companhia duas vezes e esperamos até que alguém abre a porta.
— Olá — Ela diz a um homem de aparentemente 40 anos, calvo e de roupão.
— O que você quer? — Ele responde com voz de quem acabou de acordar.
— Olha, me desculpe mas é que a gente tá preso aqui no meio do nada e a gente não sabe qual o endereço daqui...
Ele respira e fecha os olhos por um instante.
— Oswald Wolf, 35. — Ele fecha a porta.
— Obrigado... — Ela responde sem que ele escuta.
Ela repete o endereço e digo a Lance.
— Oswald Wolf, 35, conhece?
— É óbvio que não, mas vou colocar no gps. Se minha mãe me xingar por causa dessa merda eu vou ferrar com você.
— Tá, tá, só vem logo, por favor. Vamos ficar aqui te esperando.
— Espera, com que você tá?
— Vem logo tá, obrigado.
Desligo o telefone.
— E então? — Ela pergunta se sentando novamente.
— Ele vai vir, vamos ter só que esperar.
— Tá frio pra caralho! — Ela diz colocando os braços em volta do corpo.
— Quer que eu te abrace?
Ela ri.
— Não. Obrigado. Quer que eu te abrace?
— Eu tô bem...
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
— Sabe, foi bem legal você ter vindo. Eu estaria fodida se você não estivesse aqui.
— É por essas e outras que não vou em festas... — Rimos juntos. — De uma forma bem escrota eu me diverti também. — Sorrio.
— Que bom! Ao menos te tirei de casa, você respirou novos ares. — Ela gesticula e ri.
— Novos odores de maconha, você quis dizer.
— Isso também.
Nos encaramos e rimos.
— Como eu vou chegar em casa assim? — Ela olha toda sua roupa encharcada, os sapatos em sua mão e sua bolsa no colo.
— É, a gente tá bem ferrado.
— Minha mãe vai falar um monte... — Ela diz revirando os olhos.
— Quer saber, se quiser, pode dormir na minha casa. — Nos encaramos e sorrimos.
— Eu não vou transar com você. — Ela sorri maliciosamente.
— Eu não pedi isso. Se não quiser ir, não precisa. — Dou de ombros.
Ela ri.
— Pode ser então. Sua mãe não vai achar ruim?
Penso que nessa hora ela provavelmente já deve estar apagada no seu quarto, se estiver em casa.
— Não exatamente.
— Onde eu vou dormir?
— Dorme no meu quarto, eu durmo na sala, fica tranquila.
— Olha, eu vou considerar sua oferta. — Ela dá um soco no meu ombro.
— Assim ao menos você não vai precisar ouvir nada hoje. — Respondo a encarando.
Ela sorri.
Passam-se alguns minutos até que Lance chegue.
Entramos no carro e permanecemos em silêncio por um tempo.
— O que você tá fazendo aqui, cara?
— Longa história. — Recosto minha cabeça ao vidro.
— Onde eu deixo você, Scart? — Lance pergunta.
— Ela vai ficar lá em casa. — Respondo antecipadamente.
Ele me encara.
— Você me deve essa... — Ele diz seriamente. — Essa só não, isso aqui vale por umas cinco.
— Tá, tá, eu deixo você ganhar de mim no videogame algumas vezes.
— Hahaha, engraçado.
Passamos o resto do caminho em silêncio, Scart parece quase dormir no banco de trás.
Chegamos e descemos do carro. Me aproximo da janela do Lance e agradeço algumas vezes por isso.
Subimos as escadas e tento fazer o menor barulho possível ao abrir a porta, percebo que as luzes estão todas apagadas e checo se minha mãe não está jogada em algum canto.
Scart parece perceber e sobe as escadas devagar. Entramos no meu quarto e fechamos a porta.
— Aqui tem banheiro? — Scart pergunta.
— Só lá embaixo, você quer tomar banho?
— Não, não, tudo bem. Só preciso de uma outra roupa.
— Espera aí que vou pegar pra você.
Abro o guarda roupa e procuro por shorts e camisas largas.
Acho uma blusa do halk é um short que não me serve mais.
Coloco as roupas em cima da cama e quando olho para ela, vejo que tirou seu vestido.
A observo por um tempo até que ela percebe.
— Nunca viu uma mulher de sutiã, Nick? — ela ri. — É igual a biquíni, também nunca foi a praia? — ela pergunta ainda rindo.
— É... — Me viro de costas e finjo procurar uma roupa pra mim. — Suas roupas estão em cima da cama.
Sinto-a atrás de mim.
Pego uma camisa branca e uma calça.
Me viro e vejo que as roupas estão largas.
— Essas devem ser as menores que eu tenho... — Digo.
— Tudo bem, está bom.
— Então... Acho que é isso. Até amanhã então?
Ela sorri e ficamos em silêncio por alguns segundos.
Começo a caminhar até a porta.
— Nick... — Me viro pra ela. — Obrigado. — Estamos frente a frente, posso sentir meu corpo pulsar, encaro sua boca vermelha como se não existisse mais nada ao redor.
— Tudo bem. — Só consigo dizer isso. E sorrir. Como se estivesse com algum problema na boca.
Ela sorri também é dessa vez é ela quem me beija.

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Então gente, sei que estou MUITO sumido e peço desculpas por isso. A vida de estudante não está fácil e tive bastante coisa pra fazer nessa últimas duas semanas. Tentarei voltar a postar na rotina normal, nos próximos dias, mas não prometo porque ainda tenho provas semana que vem.
Espero que gostem desse capítulo, não desistirei da história de qualquer forma, votem e indiquem (já sabem o esquema :D), e até o próximo.
Vlw, Flw ✌🏾️🖖🏽

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