Permanecemos por mais um tempo na água até que percebemos uma movimentação.
Ouvimos o barulho da sirene e saímos da piscina, vestimos nossas roupas ainda molhados e começamos a acompanhar a multidão que corre pra fora da casa. Vejo alguns polícias tentando conter a galera mas sem sucesso.
Seguro na mão de Scart e começamos a correr pelo bairro.
— Você sabe onde a gente tá? — Pergunto.
— Mais ou menos... — Ela segura minha mão forte e depois de um tempo paramos em frente a uma casa verde.
Não vejo pessoas se aproximando de nós então não continuamos a correr, nessa altura nada mais vai acontecer.
— Como vamos embora daqui?
Ela começa a rir. Gargalhar.
— Que porra a gente tá fazendo? — Ela se senta no asfalto.
Rio com ela, mesmo sem saber o porquê.
— Aqui com certeza não passa táxi. — Observando ao redor percebo que estamos cercados por casas.
— Fudeu!
— Liga pra algum dos seus amigos...
— Eu não conheço ninguém que tenha carro ou que esteja disposto a vir me pegar a essa
hora. — penso nas pessoas que conheço mas não consigo lembrar de ninguém.
— Eu também não. A gente não devia ter corrido, perdemos o amigo com o carro. — Ela começa a rir novamente.
— Espera... — Penso no Lance. — Conheço alguém. — O Lance não é do tipo que faz merda sem se preocupar com as consequências mas é definitivamente do tipo que ajuda um amigo.
Pego meu celular e disco o número, chama umas três vezes até que ele atende com voz de sono.
— Você tá zoando comigo?
— Cara, preciso de você.
— O que você fez? Me deixa dormir...
— Eu tô preso no meio de lugar nenhum e preciso de uma carona.
— Como vou te dar carona se não tenho carro e por que eu faria isso no meio da madrugada?
— Você tem carro, tem o da sua mãe, e porque eu sou legal pra caralho e fico te devendo muito essa.
— Não vai rolar... Como vou se você nem sabe onde tá?
Coloco o telefone de lado.
— Scart, você não tem nem ideia de onde a gente esteja?
Ela responde negativamente.
Observo todas as casas ao redor.
— Espera aí, Lance... Digo afastando novamente. — Scart, a gente vai ter que perguntar pra alguém...
Ela me olha sem prestar muita atenção.
— Scart! — Chamo mais alto.
— Eu já ouvi... Você quer o que? Que a gente bata na porta de alguém?
A encaro e não dizemos nada por um tempo.
Ela se levanta e vai em direção à primeira casa a nossa frente.
Ela bate a companhia duas vezes e esperamos até que alguém abre a porta.
— Olá — Ela diz a um homem de aparentemente 40 anos, calvo e de roupão.
— O que você quer? — Ele responde com voz de quem acabou de acordar.
— Olha, me desculpe mas é que a gente tá preso aqui no meio do nada e a gente não sabe qual o endereço daqui...
Ele respira e fecha os olhos por um instante.
— Oswald Wolf, 35. — Ele fecha a porta.
— Obrigado... — Ela responde sem que ele escuta.
Ela repete o endereço e digo a Lance.
— Oswald Wolf, 35, conhece?
— É óbvio que não, mas vou colocar no gps. Se minha mãe me xingar por causa dessa merda eu vou ferrar com você.
— Tá, tá, só vem logo, por favor. Vamos ficar aqui te esperando.
— Espera, com que você tá?
— Vem logo tá, obrigado.
Desligo o telefone.
— E então? — Ela pergunta se sentando novamente.
— Ele vai vir, vamos ter só que esperar.
— Tá frio pra caralho! — Ela diz colocando os braços em volta do corpo.
— Quer que eu te abrace?
Ela ri.
— Não. Obrigado. Quer que eu te abrace?
— Eu tô bem...
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
— Sabe, foi bem legal você ter vindo. Eu estaria fodida se você não estivesse aqui.
— É por essas e outras que não vou em festas... — Rimos juntos. — De uma forma bem escrota eu me diverti também. — Sorrio.
— Que bom! Ao menos te tirei de casa, você respirou novos ares. — Ela gesticula e ri.
— Novos odores de maconha, você quis dizer.
— Isso também.
Nos encaramos e rimos.
— Como eu vou chegar em casa assim? — Ela olha toda sua roupa encharcada, os sapatos em sua mão e sua bolsa no colo.
— É, a gente tá bem ferrado.
— Minha mãe vai falar um monte... — Ela diz revirando os olhos.
— Quer saber, se quiser, pode dormir na minha casa. — Nos encaramos e sorrimos.
— Eu não vou transar com você. — Ela sorri maliciosamente.
— Eu não pedi isso. Se não quiser ir, não precisa. — Dou de ombros.
Ela ri.
— Pode ser então. Sua mãe não vai achar ruim?
Penso que nessa hora ela provavelmente já deve estar apagada no seu quarto, se estiver em casa.
— Não exatamente.
— Onde eu vou dormir?
— Dorme no meu quarto, eu durmo na sala, fica tranquila.
— Olha, eu vou considerar sua oferta. — Ela dá um soco no meu ombro.
— Assim ao menos você não vai precisar ouvir nada hoje. — Respondo a encarando.
Ela sorri.
Passam-se alguns minutos até que Lance chegue.
Entramos no carro e permanecemos em silêncio por um tempo.
— O que você tá fazendo aqui, cara?
— Longa história. — Recosto minha cabeça ao vidro.
— Onde eu deixo você, Scart? — Lance pergunta.
— Ela vai ficar lá em casa. — Respondo antecipadamente.
Ele me encara.
— Você me deve essa... — Ele diz seriamente. — Essa só não, isso aqui vale por umas cinco.
— Tá, tá, eu deixo você ganhar de mim no videogame algumas vezes.
— Hahaha, engraçado.
Passamos o resto do caminho em silêncio, Scart parece quase dormir no banco de trás.
Chegamos e descemos do carro. Me aproximo da janela do Lance e agradeço algumas vezes por isso.
Subimos as escadas e tento fazer o menor barulho possível ao abrir a porta, percebo que as luzes estão todas apagadas e checo se minha mãe não está jogada em algum canto.
Scart parece perceber e sobe as escadas devagar. Entramos no meu quarto e fechamos a porta.
— Aqui tem banheiro? — Scart pergunta.
— Só lá embaixo, você quer tomar banho?
— Não, não, tudo bem. Só preciso de uma outra roupa.
— Espera aí que vou pegar pra você.
Abro o guarda roupa e procuro por shorts e camisas largas.
Acho uma blusa do halk é um short que não me serve mais.
Coloco as roupas em cima da cama e quando olho para ela, vejo que tirou seu vestido.
A observo por um tempo até que ela percebe.
— Nunca viu uma mulher de sutiã, Nick? — ela ri. — É igual a biquíni, também nunca foi a praia? — ela pergunta ainda rindo.
— É... — Me viro de costas e finjo procurar uma roupa pra mim. — Suas roupas estão em cima da cama.
Sinto-a atrás de mim.
Pego uma camisa branca e uma calça.
Me viro e vejo que as roupas estão largas.
— Essas devem ser as menores que eu tenho... — Digo.
— Tudo bem, está bom.
— Então... Acho que é isso. Até amanhã então?
Ela sorri e ficamos em silêncio por alguns segundos.
Começo a caminhar até a porta.
— Nick... — Me viro pra ela. — Obrigado. — Estamos frente a frente, posso sentir meu corpo pulsar, encaro sua boca vermelha como se não existisse mais nada ao redor.
— Tudo bem. — Só consigo dizer isso. E sorrir. Como se estivesse com algum problema na boca.
Ela sorri também é dessa vez é ela quem me beija.|___|___|___|___|
Então gente, sei que estou MUITO sumido e peço desculpas por isso. A vida de estudante não está fácil e tive bastante coisa pra fazer nessa últimas duas semanas. Tentarei voltar a postar na rotina normal, nos próximos dias, mas não prometo porque ainda tenho provas semana que vem.
Espero que gostem desse capítulo, não desistirei da história de qualquer forma, votem e indiquem (já sabem o esquema :D), e até o próximo.
Vlw, Flw ✌🏾️🖖🏽
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CEBOLAS
RomanceEra um domingo de manhã nublado, Scart gostava de coisas assim. Ela se sentia bem em dias cinzentos tão como em dias chuvosos, ela achava que talvez combinasse mais com seu humor, sem contar que poder usar suéter e blusa de frio arrancavam lhe sorri...