Chapter 1

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- Pode entrar Penny! Estou no quarto! -tentei gritar enquanto enfiava a décima blusa pela cabeça.

Ouvi o barulho da porta fechando e logo os passos de Pen ecoavam pelo meu piso de madeira. Pen era uma de minhas melhores amigas praticamente desde que nasci. Andávamos juntas pela igreja, enquanto culto não começava, fingindo que éramos modelos. Falei pra ela quando gostei do primeiro garoto na minha vida e é claro que ela também falou para mim. Considero Pen, alguém muito peculiar, por ela conseguir ser meiga e extremamente calma, mas ao mesmo tempo te defender com unhas e dentes quando você está em apuros. Quando ela apareceu na porta de meu quarto, vi essa pessoa que acabo de descrever vestida em uma calça preta apertada em suas coxas grossas de dar inveja, com uma blusinha também preta que mostrava apenas um pouco das gordurinhas extra que tinha e o cabelo preso em um rabo de cavalo alto.

- Nossa, você está linda! Roupa nova? -disse já tirando a blusa que tinha acabado de colocar.

-Comprei ontem. Mas o que você está...Já era pra você estar pronta! Todo mundo já está chegando e seus pais estão lá embaixo dizendo que você já vem. -ela olha pra mim e pela cara que faço, ela já entende que não tenho a menor ideia do que vestir.

Hoje teria um encontro dos jovens da minha igreja e seria no salão de festas do meu condomínio. Meu pai é o líder dos jovens e minha mãe está ajudando ele, já que a mãe de Pen (que é líder junto com meu pai) iria chegar atrasada, mas explico isso depois. Só sei que eles tinham descido quando eu começava a tomar banho a uma hora atrás, e até agora eu não tinha conseguido decidir o que vestir. Sempre fui muito vaidosa, mas realmente nunca achei que as roupas caíam tão bem em mim como em Pen. Afinal, vamos dizer que meu corpo (e cabelo) não era nada como o dela e eu tinha um pouco mais de dificuldade para escolher os looks. E não comece a entender mal! É obvio que não nos vestimos igual piriguetes mas não é só porque somos da igreja, que vamos deixar de se importar com nossas aparências.

-Porque não usa aquela sua saia amarela e blusinha preta regata?

- Já provei e não gostei. Pelo menos não para hoje. Acho que vou acabar nem indo desse jeito! De tão atrasada que vou chegar!!

Pen começou a mexer no meu guarda roupa e jogou uma calça preta, bem parecida com a que estava usando e uma blusinha branca, que deixava meus ombros levemente descobertos em cima da cama.

- O que acha?

Lancei para ela, um olhar de agradecimento, e ela já entendeu que tinha acertado em cheio!

Quando estava apenas colocando meu sapato para já sair, 15 minutos depois de Pen ter me salvado da crise da roupa, ouvi o celular de meu pai tocando e fui até o quarto dele para atender.

Peguei o telefone e atendi.

-Alô, pastor Ommar? -disse e ouvi uma voz em resposta que com certeza não era de uma pessoa de quarenta e poucos anos.

- Oi, na verdade é o Matt, filho dele. Só queria saber o endereço daí, não estamos encontrando.

Passei o endereço e desliguei em dois minutos.

- Quem era? -perguntou Pen.

- Era Matt, um dos filhos daquele pastor que chegou na igreja umas semanas atrás, mas a principio achei que era o pai dele. -Pen deu de ombros.

5 minutos depois, estávamos saindo do hall do meu prédio, falando de Mary e Julie, que não poderiam vir, já que estavam tendo que estudar até nos finais de semana para terminar os últimos trabalhos de escola antes das férias de Julho. Ano que vem, eu e Pen vamos acabar a escola e Mary e Julie vão para o terceiro colegial.

-Mas pense no lado bom, amanhã já vamos nos ver, tem escola dominical e depois podemos ir para a casa de Mary no intervalo, até começar o culto. -eu disse para Pen.

- Eu sei, só é uma pena que elas não possam vir hoje. -ela respondeu quando estávamos virando a esquina e já podíamos enxergar a porta do salão cheia das pessoas que conhecemos desde que éramos muito pequenas.

- Pen, Kat! Até que enfim! -Lucca abraçou nós duas.

Lucca era nosso super doido amigo homem. As vezes nos preocupávamos com ele, por ser meio irresponsável, mas isso também é pra outra hora.

Me separei de Pen enquanto cumprimentávamos todo mundo, entreguei a chave de casa para minha mãe que elogiou minha roupa, e entrei na pequena salinha onde estava a maior parte das pessoas, esperando sua vez para dançar Just Dance no kinect. Sentei em um pequeno puffe e fiquei dando risada daqueles duros que de dançarinos não tinham nada. Foi aí que pareceu por um instante, que o kinect não era mais interessante, porque todo mundo começou a se virar para ver quem eram os três novos integrantes da igreja e do grupo de jovens. Três garotos, os filhos do pastor Ommar. Confesso que eles eram bem bonitinhos, mas tudo aquilo era mais pela curiosidade de saber se seriam pessoas legais. Eles ficaram mais inibidos ainda quando viram todos aqueles rostos os encarando, mas isso logo passou e eles vieram para onde estávamos tentando puxar assunto e se enturmar.

- Oi. Sou Katrina, mas pode chamar de Kat. -estendi a mão para o garoto meio alto na minha frente.

- Matt. Espera você é a garota do telefone? -ele já começou a dar risada.

- Sou! E a propósito me desculpe! Estava escrito o nome do seu pai. -dei um meio sorriso.

- Liguei do celular dele. Povo meio maluco esse, não?

- Ah fique tranquilo! Você logo se acostuma, eles são bem legais.

- Dá pra ver. Mas se você me dá licença, vou mostrar meus talentos na dança agora. -ele saiu de perto rindo e foi para a frente do kinect.

Matt. Garoto bem legal. Nenhum talento na dança. Tinha certeza de que seria um ótimo e bem engraçado amigo pra todo mundo, os irmãos dele também.

Eu realmente pensei isso. Sem segundas intenções, sem nada demais. A única coisa que estava tremendamente errada nessa frase era que Matt iria ser apenas um bom amigo. Ele iria ser muito mais.

I'm a messOnde histórias criam vida. Descubra agora