Queria que tudo fosse um sonho...

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Mais uma vez, eu estava debaixo d'água. As mesmas coisas: a luz do sol na água, não conseguia respirar... mas dessa vez, algo estava diferente. O abismo não estava lá. Em vez dele, havia um caixão. Estava coberto de ostras e outras coisas que não conseguia identificar. No meio da tampa, havia o retrato de alguém, mas estava coberto de ostras. Decidi abrir, mas algo estava travando a tampa por dentro. Então percebi que não haviam só flores lá dentro. Haviam pérolas, estrelas do mar, flores muito belas e de diversas cores e... escamas de peixe vermelhas?
Não, sério. Tinha uma grande cauda de peixe, cujas escamas tinham um tom coral. Eu afastei algumas flores, e vi uma barbatana. Afastei o resto das flores da parte superior do caixão. O restante do corpo do peixe estava coberto por uma cortina de escamas negras, muito bem presas por sinal, pois eu tentei tirá-la, mas ela não saia de jeito nenhum. Então, senti um tremor... bolhas começaram a emergir do nada. A fissura abriu. Eu pensei que seria engolido junto com o caixão, mas algo o arrastou para longe da fissura. Então, eu parei onde estava. Não estava mais sendo engolido pela fenda. Então eu senti algo me puxando pra cima, mas não tinha nada. Então, quando me dei conta, estava subindo rapidamente. Deixei a água para trás e estava me aproximando do sol. A luz estava ficando mais forte, até que...
-Diego, acorda! Diego!
O Eduardo estava do meu lado, junto com um enfermeiro. Um médico apontava uma lanterna para meu olho direito.

*****

-Então, o Marcos te chutou e quase te espancou?-Perguntou Eduardo.
-Bem... é. E quando ele ia começar a me espancar, o diretor chegou e o impediu. Mas ele não só o impediu... ele meio que ameaçou, sei lá. E o Marcos... saiu como se soubesse o que poderia acontecer caso não saísse... foi bem estranho. Mas e você? Pra onde foi?
-Eu voltei pra escola. Fui procurar ajuda, mas não vi o diretor passando.
-Sério? Isso é muito estranho.-de repente, meu pai entrou na sala. Estava de olhos vermelhos, seu rosto estava molhado e seus cabelos estavam desgrenhados.
-Diego! Ainda bem que você acordou! Você está bem? Eu tenho uma notícia para te dar...
-O que houve, pai?
-Bem... eu... Eduardo, pode nos deixar á sós?-Perguntou.
-Claro, Sr. Amaral.-Eduardo saiu da sala. Meu pai se aproximou da maca em que eu estava e se sentou na cadeira que ficava bem ao lado.
-Diego, lembra que hoje você saiu de casa e sua mãe estava dormindo? Então...
-Conta logo, pai! O que tem a mãe?
-Ao que parece, ela teve um ataque cardíaco durante a noite e faleceu.
Eu entrei em estado de choque. Minha mãe... morta?! Isso não poderia ser real. Podia ser simplesmente um sonho. Queria que tudo isso que tem acontecido comigo fosse só um sonho.
-Ela...-não me aguentei e comecei a chorar. Meu pai me abraçou e começou a chorar também.
-Podemos superar isso, filho. Sua mãe está em um lugar melhor agora.
-

Sim pai... sim.

Além Das Ondas - A Pedra De AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora