"Bônus": A morte de uma flor

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Diário por Mário Amaral.

-Esse garoto... sempre atrasado.
O meu filho sempre está atrasado. Acho que ele herdou a lentidão de mim e da minha familia. Depois que ele terminou o café, eu decidi acordar minha doce esposa, Safira.
-Amor, acorda. O café está pronto.-eu a chacoalhei um pouco, mas ela não acordou.-Safira? Safira, acorda!-ela não falava, nem se movia. Entrei em desespero.
-Safira, acorda! Acorda!
Eu não podia ficar parado. Corri e liguei para o hospital para que mandassem uma ambulância. Meu coração estava á mil por hora.

*****

-Acorda! Acorda!
Os médicos entraram com tudo no hospital. Eles a levaram até uma sala de cirurgia, onde tentariam reanimá-la.
Fui para a recepção e esperei impacientemente pelos resultados, até que o Eduardo, melhor amigo do Diego, me liga.
-Oi Eduardo. O que houve?
-Sr. Amaral, o senhor precisa vir aqui na escola agora!
-Mas eu não posso. Safira teve um ataque cardíaco. Estou esperando o resultado. Mas o que houve?
-O Diego tá desmaiado aqui. Ele pegou uma briga com o Marcos, quase foi espancado e agora está desmaiado.
-Mas eu não posso sair daqui. Não dá pra chamar uma ambulância?
-Demoraria demais. Ele está meio pálido e parado. Não está se movendo.
-Passe para o diretor, por favor.
-Certo.-Ao que parece, o diretor estava longe, pois ele demorou para falar.
-Sr. Amaral?
-Sim.
-Seu filho foi vítima de violência.
-Eu sei, mas não posso sair daqui. Minha mulher teve um ataque cardíaco. Porque não o traz aqui?
-Em que hospital o senhor está?
-No Hospital São Judas.
-Estarei ai logo.

*****

-Ele acordou, Sr. Gomes?
-Não, Sr. Amaral. Mas sua cor está melhorando e ele começou a se mexer.
-

Pode cuidar dele, por enquanto? Tenho que falar com o médico para saber o que houve com a minha mulher.
-Certo. Eu tomo conta dele.
Eu fui atrás do médico que iria tentar reanimar Safira. Encontrei o enfermeiro que a levou na ambulância.
-E então? Conseguiram?
-Sr. Amaral... nós conseguimos reanimá-la.
-Então, ela está bem?-estava muito nervoso. Achei que também teria um ataque cardíaco.
-Infelizmente, ela teve outra parada e veio a óbito. Eu sinto muito.
Eu não podia acreditar... ela estava... morta. A mulher que me fez feliz esse tempo todo. Ela, que quando acordava, me dava felicidade com seu sorriso encantador. Ela, que quando falava, sua voz me encantava. Nunca mais verei seu sorriso radiante, seus belos olhos azuis...
Não aguentei e comecei a chorar. Este seria o dia mais triste da minha vida. Minha esposa morreu, e meu filho quase foi espacando.
Eu estava na recepção, quando alguém me ligou. Era o Eduardo.
-O que houve?
-É o Diego. Ele acordou!
-Já estou indo!
Corri para a sala em que Diego estava. Quando entrei, ele já estava sentado na maca. Estava conversando com Diego.
-Diego! Ainda bem que você acordou! Você está bem? Eu tenho uma notícia para te dar...
-O que houve, pai?
-Bem... eu... Eduardo, pode nos deixar á sós?-Perguntei.
-Claro, Sr. Amaral.-Eduardo saiu da sala.
-Diego, lembra que hoje você saiu de casa e sua mãe estava dormindo? Então...
-Conta logo, pai! O que tem a mãe?
-Ao que parece, ela teve um ataque cardíaco durante a noite e faleceu.
Ele me fitou. Pela sua expressão, estava em estado de choque.
-Ela...-ele respirou fundo e começou a chorar. Eu não pude aguentar, e chorei também.
-Podemos superar isso, filho. Sua mãe está em um lugar melhor agora.
-Sim pai... sim.

Além Das Ondas - A Pedra De AtlantisOnde histórias criam vida. Descubra agora