Kora foi expulsa dos Céus, tornando-se um anjo caído, uma renegada. Sem saber para onde ir, ela enfrenta a vida no mundo mortal, em dúvida constante de qual será seu destino: Céu ou Inferno. De trabalhadora a serial killer, ela aprende a viver numa...
Me acordei um Bernardo dando tapinhas em meu rosto, gritando para que eu fizesse alguma coisa. Estávamos em cima do dragão, agora não me perguntem como, Ber simplesmente havia me carregado nas costas e estávamos montados naquela criatura gigantesca. - Louco! - Gritei, quase sem voz, não podia acreditar que estávamos tão perto de um monstro que cuspia fogo. - Como conseguiu? - Perguntei. - Subir nele? - Ele riu. - Com essa belezura aqui. - Bernardo levantou uma espada de prata, que brilhava reluzente. - Onde arrumou isso? - Perguntei. - Eu já tinha ela há tempos, quando vim pra cá, no passado, acabei esquecendo ela aqui. Temos muitas histórias juntos, o destino sempre nos leva pra perto um do outro, de alguma forma... - Você fala como se ela fosse uma pessoa. - Ri. - Ela me protege como uma, então está valendo. - Temos que arranjar um jeito de levar esse cara pra alguma saída. - Eu disse, apontando para o dragão, que bufava e se contorcia, quase nos derrubando. - Deixa comigo. - Bernardo disse, puxando o dragão pela boca, com a espada entre os dentes dele. - Viu? Da pra guiar ele assim, Kora. - Mas você não está sendo muito amigável com ele. - Ele não foi comigo, vai sofrer as consequências. - Ele piscou pra mim. Naquele momento, percebi que algo estava diferente em nós dois, parece que com o tempo que ficamos ali, estávamos nos tornando pessoas típicas de lá. Geralmente, Bernardo era uma pessoa compreensiva, ele fingia ser frio, mas tinha um coração mole, e não acho que ele domaria um animal dessa forma, mesmo se tratando de um dragão. Resolvi ficar na minha, pois também sentia algo diferente em mim, como se faltasse algo, uma vontade estranha, que eu não sabia o que era, mas era algo sombrio, vindo de um lado meu que ainda não conhecia tão bem. Saí de meus devaneios e pensamentos, e quando me dei conta, estávamos a caminho do buraco de onde havíamos caído. Assim que o dragão negro voou para cima da terra, descemos rapidamente de cima dele, e ele recuou, com medo da espada, retornando ao seu lugar de origem. - Como vamos tapar esse buraco? - Perguntei - Fácil, Kora. É só desenhar um pentagrama ao contrário. - Ele me disse, pegando um graveto e riscando o chão, até que o buraco se cobrisse como mágica. - Aprendeu? - Ele zombou. - Eu... Eu não me sinto muito bem. - respondi - estamos muito feridos, devíamos fazer alguns curativos. - Tenho uns aqui na mochila que deixei quando caímos, talvez sirvam pra alguma coisa. Ele tirou algumas fitas de gase e enrolou nas minhas asas, fazendo o mesmo nos seus ferimentos. - Isso deve quebrar um galho por algum tempo. - Pra onde vamos agora? - Perguntei. - Eu vou voltar pra casa, e você deveria ir comigo, porque moro sozinho e você não tem pra onde ir. Depois disso, posso te arranjar um emprego e você compra seu apartamento. - Tudo bem. Mas você não sente nada estranhão desde que saiu de lá? - Perguntei a ele, vendo que eu continuava com sede de algo. - Não, me sinto completamente normal. Por que a pergunta? - Nada. Respondi, enquanto andávamos sozinhos pela estrada deserta. - Tenho uma coisa pra você, se você aceitar, claro. - O que você tem pra me dar? - Sabe a minha espada? Quero que fique com ela, Kora. Você é uma das poucas pessoas a quem eu confiaria ela, e além disso não tem mais serventia pra mim, sou um mortal, não tem pra quê eu usar ela. Meu tempo de aventuras acabou por hoje, os momentos que vivemos valeram muito a pena. - Jura que vai me dar ela? - Eu estava triunfante, e sem acreditar. - Claro, você merece. - Ele disse, me entregando ela junto com uma bainha, onde havia o nome "perfect" escrito. - Obrigada! - O abracei, feliz e agradecida. No caminho da estrada, passava uma garota loira, com uma mochila nas costas, caminhando em nossa direção. - Eu estou apertado. - Bernardo me disse, indo para dentro dos matos, e pedindo que eu o esperasse. Assim fiz, fiquei do lado de fora, enquanto a garota passava, ela me encarou de algum jeito, abrindo a boca em desespero no momento em que passou por mim. Quando me dei conta, estava com a espada enfiada na barriga dela. O que eu estava fazendo? Como eu havia perfurado ela sem nem perceber? Foi algo tão automático que me assustei, ao mesmo tempo que senti o sabor da destruição, o sabor da dor e da morte, algo que eu nunca havia sentido antes. A sensação de mata-la me deu um prazer, como se fosse aquilo que faltava em mim, me senti viva, cheia de poder e energia. Não havia mais nada o que fazer, ela estava ali, na minha frente, morta numa poça de sangue, com minha nova espada, atravessada em sua barriga. Pra mim, era um ótimo começo de usar uma espada. Tinha que tirá-la dali, então a arrastei pelos pés até uma represa que havia ali perto, e ás pressas voltei, vendo que Bernardo estava me esperando. - Onde você foi? - Ele disse, confuso. - Eu... Também estava apertada, sabe... - KORA! - Ele gritou. - O QUE É ESSE SANGUE ESCORRENDO NO SEU ROSTO? - É que... Eu me machuquei com a espada sem querer, mas está tudo bem, ótimo por sinal. - Menti, passando a língua pelo sangue que escorria do canto da minha boca.
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Amooores, é agora que a brincadeira tá ficando boa, espero que estejam gostando do começo do terror na história, se preparem, vai ter muito mais, assim que conseguir 10 votos escrevo o próximo capítulo!