Desculpe O Auê

Ama(va)

     Eu não sei se você sabe, mas não é culpa sua. Enfim, não me peça para repetir, porque eu não vou. Você sabe que não. Nunca abrirei mão do meu orgulho cego.
     Me desculpe por isso. Por estarmos afastados, mesmo que você esteja do meu lado. E por ter gritado teus defeitos na tua cara, tantas vezes. Por não ter comemorado suas vitórias. Por não saber aconselhar e mudar de assunto. Não que eu não me importasse. Não que eu não me importe. Mas eu não sabia mostrar o que sentia, e exigia de você algo que nem eu mesma fazia. E eu penso que porra eu fiz abrindo mão de você. Sou sua poeta de palavras vazias. Tua escritora de melancolias. Tua doce menina de boca suja. E você cansou de tocar meus acordes desafinados. De beber esse chá amargo. E eu penso novamente, que porra eu fiz para você desistir de mim assim. Logo você, que nunca desistiu de nada. Me sinto triste e lisonjeada. De qualquer forma. Obrigada.
     Te liguei hoje sem querer. Foi a merda do whatsapp, e aquele botão no lugar errado. Qual o mal em ver sua foto nova? Eu admito que morri um pouco quando vi uma silhueta do teu lado, a internet lenta me fez praguejar seu nome em 5 línguas diferentes. Mas era sua irmã, e eu  me sinto ridícula por esse ciúme bobo. 
     Queria que você andasse comigo de mão dada. Me beijasse na frente dos seus amigos. Brigasse com o cara do jornal, para a nossa foto estampar a primeira página, daquele papel velho que ninguém lê. Queria que você gritasse que me ama. A pleno pulmões. Queria que corresse uma maratona, tudo para ninguém tomar o seu lugar, que, diga-se de passagem, é do meu lado. Eu queria você.
      Você é calado, mas sempre me amou. Me amou entre os goles do café preto. Em cada respiração entre minhas falas apressadas. Me amou de salto alto, e me amou de maquiagem borrada. Amou as dobras inexistentes na minha barriga. Amou minha risada esganiçada. Mas acima de tudo me amou calado. O cara que agora, não ama mais nada.