É difícil dizer adeus com você tão perto. Não quero ser grossa, mas vou deixar a porta aberta, porque não tenho coragem de te por para fora. Naquele dia, achei que você fosse embora e que eu iria conseguir andar por conta própria. Mas foi só um segundo pra você mudar de ideia e girar a maçaneta.
Minha mãe não gosta de você, vou levar isso como um sinal, mesmo não sendo, porque no fundo eu sei que ela não gosta de ninguém. Vou passar mentalmente e religiosamente todos os seus piores defeitos diariamente até que eu esqueça suas melhores qualidades. Vou criar novas lembranças dentro de um escritório fechado, te dizer que saí, mostrar aquela foto do ano passado, como uma tentativa falha de te provar que superei.Não vou apagar tudo de você, até porque não consigo, você deixou sua marca de caneta permanente em tantas coisas que mal posso contar. E não há produto de limpeza que te tire por completo de mim. Mas eu vou transformar meus dias em sábados de faxina. Mas vou ficar de cabelo solto, batom vermelho, bem bonita. Vou limpar o pesado, como sempre faço, e os arranhões que você deixou no piso futuramente serão cobertos por móveis novos.
E quando aquela continuação daquele filme idiota chegar, eu espero te encontrar naquela sala de cinema, porque de alguma forma, não quero borrar a inocência das pequenas lembranças feitas. Mas até lá, por favor, para eu me curar, adeus.
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Desculpe O Auê
عشوائيEsta obra é uma coleção de fatos, relatos, devaneios e questionamentos de uma pessoa que vive atrás de uma xícara de chá. Não que ela saiba realmente alguma coisa sobre a vida, mas aqui estão seus pensamentos mais profundos e um contrato de segredos...