Ressaca

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     Levantei da cama com uma sensação horrível. Aquele gosto amargo na boca que não sai nem com café. É assim que tenho me sentido ultimamente, caso você não saiba. Essa moleza que me toma, e leva do quarto para os outros cômodos, como se estivesse tonta tentando -inutilmente- sair de uma jaula, me debatendo contra as grades,  não sai nem com água gelada. Isso mesmo. Nem a ducha amarga.

      Bêbada de amor. Chapada. Ainda tenho ressaca de você, mesmo depois desses anos. Não queria admitir. Mas se você me ver assim, não terei como esconder. A tristeza me embebedou, e a melancolia me induziu. Não que eu esteja sóbria. Eu nunca estive. Talvez você tenha cansado dos meus delírios, acordou numa manhã e fez suas malas. Assim, sem dizer nada. E seu copo de whisky, que costumava estar cheio, junto ao meu, agora está vazio. Mas ainda contém suas impressões digitais.

     Tudo está exatamente como você deixou. Suas roupas no armário. O telefone daquela pizzaria barata grudado na geladeira. Eu jogada na cama com uma blusa sua, usando o seu perfume, delirando. Imaginando que você ainda está aqui. Imaginando que nada nunca tiraria você dessa cama. Que permanece vazia, por dias e dias.

     Se sinta honrado. Nenhum cara que deitou nela ficou por mais de 24 horas. Sorrateiramente vão embora, ao me verem chamar teu nome entre um sonho e outro. Mas é tudo que posso dizer. Você me largou pela ressaca. E me deixou com ressaca de você.

Desculpe O AuêOnde histórias criam vida. Descubra agora