Cheguei e estacionei o carro de qualquer jeito. Me arrastei escada a cima, com tudo menos vontade de chegar lá. Iria para o meu quarto, de qualquer forma eu sentia que era lá que meu pai estaria esperando.
Mas quando estava no meio da escada, ouvi uma porta bater e meu pai com a cara vermelha e irritada, me olhou. Ele fechou os olhos e suspirou, como se buscasse paciência para encarar aquele momento.
Chaz e Chris entraram na porta da mansão, mas quando viram minha cara aterrorizada e os olhos esbugalhados e o rosto vermelho do meu pai, eles começaram a dá meia volta.
- Você ficam - ele nem precisou lançar um olhar pra eles, para que entendessem que aquilo era pra eles. Ele começou a andar em direção ao escritório e eles me olharam inseguros. Eu sorri fraco, os encorajando.
Nós o seguimos em direção ao escritório, sentamos nas cadeiras de frente pra poltrona dele. Ele se sentou e colocou as mãos cruzadas na frente do corpo. Seu olhar ainda não estava o dos melhores.
- Charles e Christian?
Eles assentiram envergonhados. Eu nunca tinho visto eles assim. Meu pai nem era perigoso. Pelo menos não muito. Eu ri por dentro.
- Para quem vocês trabalham?
- É uma pergunta retórica? - Charles perguntou.
- Para quem vocês trabalham? - ele perguntou mais rude dessa vez.
- Para o senhor - Chris respondeu antes que Brendon matasse eles, literalmente.
- Quem paga o salário de vocês?
- O senhor.
- É bom relebrarem isso - ele bufou. - Então, Nicolli, você decidiu aparecer?
- E você decidiu se importar?
- O que estava fazendo em Calabassas? - ele perguntou, os punhos cerrados.
- Eu queria dirigir um pouco o carro. Samantha tem uma amiga lá e a gente foi juntas. Dirigi até lá e fiquei dando voltas, lá é bem vazio.
- E porque quando eu perguntei onde você estava, não me disse?
- Eu sabia que o senhor ia pirar.
- Então, você tem o costume de mentir pra mim? - sua expressão ficou vazia.
- N-não... Foi só hoje, eu não tinha nada pra fazer e...
- E vocês? - ele quase gritou pra Chaz e Chris.
- A gente tentou impedir, mas o senhor sabe como a Nicolli é - Chaz falou calmamente. - Achamos que era melhor acompanhá-la do que deixá-la só.
- E porque não me ligaram?
- O senhor nunca atende.
Ele lançou um olhar desconfiado pra nós, mas de alguma forma conseguimos sustentar o olhar. Como se a história que a gente contou fosse verdadeira.
- Eu estou pensando em coloca-los em equipes diferentes - Brendon soltou a bomba. - Eu os contratei pra vigiarem essa destrambelhada, mas viraram amiguinhos.
Puta merda.
- Você não pode descontar nada neles, foi eu quem quis ir.
- Não posso? - ele riu alto. - Tô tentando imaginar o porque.
- Me desculpe, papai - baixei a cabeça. - Não sei o que me deu, só estava muito entediada.
- E vai me pesir desculpas pela boate que você foi quando eu viajei?
PUTA MERDA.
Agora fudeo mesmo. Senti Chris e Chaz enrijecerem do meu lado. Meu coração apertou e eu nunca senti tanto medo na minha vida. Ele tinha descoberto da boate? E será que ele soube de mim e Justin?
- Não adianta você querer me fazer de idiota, Nicolli. Não adianta.
- Eu só quero ser normal.
- E um namorado? - ele socou a mesa.
Ele sabia. Evitei piscar o olho. Eu ia mante-lo fechado de tanto raiva por eu ser burra. Era muita indignação. Óbvio que um dos amigos do meu pai, iam correndo contar pra ele. Só pra ganhar a confiança dele, só pra serem notados.
- Você sabe? - engoli em seco.
- Sei de tudo. Um loiro, tatuado, - ele cuspiu com uma voz fingida. - Tão previsível.
- Olha, papai, eu gosto dele.
- Você mentiu pra mim... Todos mentem.
- Não - eu tentei encostar nele mas ele tirou o braço do meu alcance.
- Você disse que não tinha namorado.
- Eu não tinha até então, mas eu realmente me apaixonei. O senhor vai gostar desse lado dele - eu tentava em vão explicar.
- E você sabiam? - ele olhou pra os meninos. - Claro que sabiam, vocês vivem com ela.
- Eles não tem nada a ver com...
- Nick, - ele me interrompeu de novo. Sua expressão era avoada, como se não tivesse realmente interesse naquilo - como se conheceram?
- Aqui... - eu já chorava.
Era game over. Tava tudo acabado. Nem tinha começado direito, mas já tinha acabado. Eu via Justin se afastar de mim pelo meu pai e não podia fazer nada. Eu não sabia o que meu pai faria com ele ainda. Mas por algum motivo, eu tinha medo.
- E ele veio aqui? - meu pai berrou, o rosto vermelho de raiva.
OPAAAA. QUE PORRA ERA AQUELA?
- E-ele... - o método era plantar verde pra colher maduro. - Como o senhor sabe?
Ele abriu uma gaveta e tirou um envelope pardo de lá dentro, jogou em cima da mesa. E me olhou, me encorajando a abri-lo.
Eu estendi a mão, me segurando pra que ele não percebesse que eu estava trêmula. Quando coloquei a mão em cima do envelope, a mão dele pousou em cima da minha.
- Você devia ter me contado. Odeio mentiras.
- Eu senti medo.
Ele gesticulou para que os meninos saissem e me encarou.
- Eu sempre fui um pai bom, Nick. Paciente. Te entendi do melhor jeito. Fiz coisas das quais me arrependo, mas eu te amo e sempre quero ver você bem. Se ele te faz feliz, eu estou feliz por você.
- Eu não queria mentir, só não sabia se iria aceitar.
- Aceitar? Eu não aceito é chegar em casa e ter de lidar com essas fotos - ele fechou os olhos. - Eu soube pelos outros, nada mais frustrante.
- Desculpa mesmo.
Ele tirou a mão da minha e eu puxei o envelope. Abri e tire três fotografias. Uma delas, um menino passava a mão na cintura da garota de uma forma íntima. Na outra eles riam um para o outro. E na última, ele beijava o pescoço dela. Mas aquilo nem era um beijo, ali era o ângulo.
E eu sabia porque a menina da foto era eu. E o menino, bem, o menino não era Justin.
Era o Ryan Butler.
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The Mafia Heiress
FanfictionE mesmo quando decidem se afastar o que sentem um pelo outro não param de fisga-los. Sempre sonharam com a liberdade, mas descobriram que seu tipo de liberdade eram estar preso um ao lado outro. Será que juntos, conseguiriam criar ordem apartir do c...