Capítulo 27 - Ele é meu namorado

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Cheguei e estacionei o carro de qualquer jeito. Me arrastei escada a cima, com tudo menos vontade de chegar lá. Iria para o meu quarto, de qualquer forma eu sentia que era lá que meu pai estaria esperando.

Mas quando estava no meio da escada, ouvi uma porta bater e meu pai com a cara vermelha e irritada, me olhou. Ele fechou os olhos e suspirou, como se buscasse paciência para encarar aquele momento.

Chaz e Chris entraram na porta da mansão, mas quando viram minha cara aterrorizada e os olhos esbugalhados e o rosto vermelho do meu pai, eles começaram a dá meia volta.

- Você ficam - ele nem precisou lançar um olhar pra eles, para que entendessem que aquilo era pra eles. Ele começou a andar em direção ao escritório e eles me olharam inseguros. Eu sorri fraco, os encorajando.

Nós o seguimos em direção ao escritório, sentamos nas cadeiras de frente pra poltrona dele. Ele se sentou e colocou as mãos cruzadas na frente do corpo. Seu olhar ainda não estava o dos melhores.

- Charles e Christian?

Eles assentiram envergonhados. Eu nunca tinho visto eles assim. Meu pai nem era perigoso. Pelo menos não muito. Eu ri por dentro.

- Para quem vocês trabalham?

- É uma pergunta retórica? - Charles perguntou.

- Para quem vocês trabalham? - ele perguntou mais rude dessa vez.

- Para o senhor - Chris respondeu antes que Brendon matasse eles, literalmente.

- Quem paga o salário de vocês?

- O senhor.

- É bom relebrarem isso - ele bufou. - Então, Nicolli, você decidiu aparecer?

- E você decidiu se importar?

- O que estava fazendo em Calabassas? - ele perguntou, os punhos cerrados.

- Eu queria dirigir um pouco o carro. Samantha tem uma amiga lá e a gente foi juntas. Dirigi até lá e fiquei dando voltas, lá é bem vazio.

- E porque quando eu perguntei onde você estava, não me disse?

- Eu sabia que o senhor ia pirar.

- Então, você tem o costume de mentir pra mim? - sua expressão ficou vazia.

- N-não... Foi só hoje, eu não tinha nada pra fazer e...

- E vocês? - ele quase gritou pra Chaz e Chris.

- A gente tentou impedir, mas o senhor sabe como a Nicolli é - Chaz falou calmamente. - Achamos que era melhor acompanhá-la do que deixá-la só.

- E porque não me ligaram?

- O senhor nunca atende.

Ele lançou um olhar desconfiado pra nós, mas de alguma forma conseguimos sustentar o olhar. Como se a história que a gente contou fosse verdadeira.

- Eu estou pensando em coloca-los em equipes diferentes - Brendon soltou a bomba. - Eu os contratei pra vigiarem essa destrambelhada, mas viraram amiguinhos.

Puta merda.

- Você não pode descontar nada neles, foi eu quem quis ir.

- Não posso? - ele riu alto. - Tô tentando imaginar o porque.

- Me desculpe, papai - baixei a cabeça. - Não sei o que me deu, só estava muito entediada.

- E vai me pesir desculpas pela boate que você foi quando eu viajei?

PUTA MERDA.

Agora fudeo mesmo. Senti Chris e Chaz enrijecerem do meu lado. Meu coração apertou e eu nunca senti tanto medo na minha vida. Ele tinha descoberto da boate? E será que ele soube de mim e Justin?

- Não adianta você querer me fazer de idiota, Nicolli. Não adianta.

- Eu só quero ser normal.

- E um namorado? - ele socou a mesa.

Ele sabia. Evitei piscar o olho. Eu ia mante-lo fechado de tanto raiva por eu ser burra. Era muita indignação. Óbvio que um dos amigos do meu pai, iam correndo contar pra ele. Só pra ganhar a confiança dele, só pra serem notados.

- Você sabe? - engoli em seco.

- Sei de tudo. Um loiro, tatuado, - ele cuspiu com uma voz fingida. - Tão previsível.

- Olha, papai, eu gosto dele.

- Você mentiu pra mim... Todos mentem.

- Não - eu tentei encostar nele mas ele tirou o braço do meu alcance.

- Você disse que não tinha namorado.

- Eu não tinha até então, mas eu realmente me apaixonei. O senhor vai gostar desse lado dele - eu tentava em vão explicar.

- E você sabiam? - ele olhou pra os meninos. - Claro que sabiam, vocês vivem com ela.

- Eles não tem nada a ver com...

- Nick, - ele me interrompeu de novo. Sua expressão era avoada, como se não tivesse realmente interesse naquilo - como se conheceram?

- Aqui... - eu já chorava.

Era game over. Tava tudo acabado. Nem tinha começado direito, mas já tinha acabado. Eu via Justin se afastar de mim pelo meu pai e não podia fazer nada. Eu não sabia o que meu pai faria com ele ainda. Mas por algum motivo, eu tinha medo.

- E ele veio aqui? - meu pai berrou, o rosto vermelho de raiva.

OPAAAA. QUE PORRA ERA AQUELA?

- E-ele... - o método era plantar verde pra colher maduro. - Como o senhor sabe?

Ele abriu uma gaveta e tirou um envelope pardo de lá dentro, jogou em cima da mesa. E me olhou, me encorajando a abri-lo.

Eu estendi a mão, me segurando pra que ele não percebesse que eu estava trêmula. Quando coloquei a mão em cima do envelope, a mão dele pousou em cima da minha.

- Você devia ter me contado. Odeio mentiras.

- Eu senti medo.

Ele gesticulou para que os meninos saissem e me encarou.

- Eu sempre fui um pai bom, Nick. Paciente. Te entendi do melhor jeito. Fiz coisas das quais me arrependo, mas eu te amo e sempre quero ver você bem. Se ele te faz feliz, eu estou feliz por você.

- Eu não queria mentir, só não sabia se iria aceitar.

- Aceitar? Eu não aceito é chegar em casa e ter de lidar com essas fotos - ele fechou os olhos. - Eu soube pelos outros, nada mais frustrante.

- Desculpa mesmo.

Ele tirou a mão da minha e eu puxei o envelope. Abri e tire três fotografias. Uma delas, um menino passava a mão na cintura da garota de uma forma íntima. Na outra eles riam um para o outro. E na última, ele beijava o pescoço dela. Mas aquilo nem era um beijo, ali era o ângulo.

E eu sabia porque a menina da foto era eu. E o menino, bem, o menino não era Justin.

Era o Ryan Butler.

The Mafia HeiressOnde histórias criam vida. Descubra agora