Que olhos. Que boca. Que rosto. Que corpo. Minha nossa, que homem é esse? Talvez eu tenha corado um pouco, com ele me fitando. Mas, o que ele tem de lindo, tem de arrogante também. O cara do lado dele é tão lindo quanto, e parece ser bem mais amigável. Já esse outro tem um ar tão áustero que chega a estremecer toda a espinha de tanto medo. E quando ele fixou os olhos nos meus ao entrar? Só faltei fazer xixi nas calças!
Já vi que algumas coisas mudarão por aqui. E não acredito que sejam para as melhores, não.
Os dois se sentam na cabeceira da mesa. Um de frente para o outro. Me atrevo a dar uma singela olhadela de canto para o branquelo de cabelo cor de carvão e olhar distante, como se quisesse estar em qualquer outro lugar que não aqui, mas ele não me olha de volta. Está fitando o outro sócio, com seus braços cruzados em cima do seu terno extremamente chique. Cara de gente que cheira a Prada, se é que poderia ser possível. Mas deve ser.
O cara simplesmente cheira literalmente a dinheiro. A muito dinheiro. E faz questão de demonstrar isso com o seu ar de arrogância.
- Olá. Deixem que me apresente primeiro. - Disse o loiro, na ponta da mesa, de um jeito bem caloroso.
Seus olhos são amigáveis e ele tem um certo sorriso travesso nos lábios. De gente que está sempre sorridente ou se alegra por qualquer besteira. Seu olhar é quente, mas não quente pejorativamente ou de um jeito vulgarmente sexy. É quente como um olhar de quem quer fazer amizade. O olhar dele lembra um dia de verão, quando estamos junto com amigos conversando sobre amenidades e rindo sobre qualquer besteira na beira da piscina. Seus cabelos são loiros, com tendência ao ruivo e ele possui uma leve barba por fazer que combina além do limite com a tonalidade azul de sua íris. E só para completar, ele é lindo. De um jeito doce e cativante.
Será impossível, pelo menos à primeira impressão, alguém não gostar dele.
Não posso dizer o mesmo do cara de sua frente.
- Sou Charles Barros. Trabalhei por alguns anos na Times como jornalista e meu amigo aqui, Felipe Fitz, em Londres, na BBC. Sou paulista mas morei quase que minha vida inteira nos Estados Unidos. Até que surgiu uma oportunidade e vim parar neste lugar... – Sorri.
Ao contrário do tal Felipe Fitz que morou em Londres e coisa e tal, Charles parecia muito animado e motivado com a Revista enquanto falava. No fim a reunião foi interessante. Esperava dois velhos barbudos e com uma pança que mal se podia afivelar o cinto. Interessante o fato de dois jovens jornalistas, porém viajados - com toda a certeza, - assumirem a direção da Acontece!.
Felipe, o Cara de Arrogante, porque volta e meia dou apelido as pessoas sem elas saberem, não deu uma única palavra. Charles falou o tempo inteiro só. Às vezes escutava Felipe pigarrear, mas nem deu para ter uma noção sobre o seu timbre de voz. Que metido! Quando a conversa acabou, ou o monólogo, porque ninguém mais se pronunciou, ele simplesmente levantou e foi embora. E eu ouvi cochichos não muito amigáveis à respeito dele. Além de que, prestando bem atenção, ele nem é lá tão bonito. Pode ter um corpo atlético, um rosto interessante, olhos que puxam para um verde escuro, que lembra árvore seca em dia de outono e cabelos negros. Mas, olhando melhor, tem queixo demais!
***
Volto para minha mesa cheia de coisas para fazer. É o que dá perder uma manhã em reunião. Nossa, precisava de tanto tempo só para dar as boas-vindas?
Olho minha agenda do dia. Preciso sair para uma entrevista com uma banda nova que fará show aqui na cidade. Ganhou um reality ou coisa do tipo. Sim, eu não fiz o dever de casa. Mas nada que o senhor Google não me conte umas fofocas e me deixe expert sobre essa tal banda. Quase uma groupie. Com camiseta de fã club e tudo.
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Um encontro com Sr. Darcy
Fanfiction"Senhor Fitz me fita com uma expressão que não consigo decifrar. Ele se aproxima de mim a ponto de ficar milímetros de distância. Sinto a sua respiração ofegante. Tão ofegante quanto a minha. Dá até para ouvir as batidas do seu coração. Descompassad...