Não demora muito e vejo um Porsche branco, porém de outro modelo daquele que Senhor Fitz usa quando em São Paulo, estacionando na entrada do meu hotel. Acho, apenas acho, que ele tem assim, um leve xodó por essa linha automotiva. Sou zero a esquerda em se tratando de carro, visto meu Palio velhinho e surrado, – porém funcionando e para mim é o que importa – mas acredito que um já é altamente dispendioso, dois da mesma marca? Não quero nem perguntar o quanto que esse tanque bebe de combustível. Em valores deve valer mais que o meu próprio salário.
Senhor Fitz sai do carro, para me ajudar com as malas. Ele usa óculos escuros, camiseta branca de linho e bermuda jeans. Eu sei o que essa roupa esconde, mas vê-lo vestido desse jeito em plena luz do dia faz eu me perder um pouco reparando mais que o normal em seus bíceps, tríceps e todos os ceps que existem em anatomia.
Ele sorri para mim quando pega a minha mala grande de rodinhas que está do meu lado.
- Oi. – Diz, me dando um selinho nos lábios.
Ele parece tão radiante. Tão feliz. Percebo que também estou me sentindo assim. Como se nada hoje pudesse me afetar negativamente. Isso tudo é mesmo real? Porque parece um conto de fadas com prazo de validade a expirar. Parece um daqueles filmes antigos que se assistia nos cinemas. Que daqui a pouco irei visualizar na tela grande preto e branco escrito "fim". Pronto, as luzes se acendem e todo mundo levanta da poltrona com seus baldes de pipoca já vazios e suas bebidas agora sem gás, para sair da sala e voltar para a rotina da vida.
- Lembra da minha irmã? – Ele começa. Minhas malas já estão no porta malas e estou afivelando o cinto de segurança para irmos para o seu apartamento.
Como não lembrar da sua irmã? Da história da carta? Só não sei se é o certo tocar nesse assunto. Mas, peraí, foi ele quem começou.
- Sim, da carta.
- Isso. Ela mora aqui no Rio. Com o Tadeu.
- Tadeu?
- O filho da minha irmã com...
- Não precisa concluir a frase. Eu entendi. – Coloco minha mão sob a mão direita dele, que está no volante. – Fico feliz que queira me apresentar sua família.
- Você sabe toda a minha história, Lizzie. Sabe tudo sobre mim. Sabe até sobre meus defeitos. Se você não fugiu até agora, então, acho que já posso apresentar minha família.
Ele dá uma risada tão aconchegante que é impossível não rir com ele. Senhor Fitz é engraçado. Onde ele esconde tudo isso? O que mais ele esconde? Parece que ainda tenho muito o que descobrir desse homem que me surpreende a cada dia.
- E Giovanna está louca para conhecer você. Não fala em outra coisa.
- É?
- Claro. Ela acha que você é louca.
Por que será?
***
Ok, não é certo julgar ninguém, não é mesmo? Eu mesma errei feio ao julgar o Senhor Fitz, achando que ele era arrogante, mesquinho, filho de papai e tudo o mais. Quando conheci George quase quis apedrejá-lo por todas as "atrocidades" acometidas. Ao invés de confiar nele confiei em alguém que nunca tinha visto antes. No final, tive a sorte de conhecer um lado dele que talvez, pouca gente conheça. Então não é certo dizer que eu julguei a irmã dele errado também.
Irmã do Senhor Fitz, rica, eu imaginava que fosse uma daquelas socialites nariz empinado do Rio de Janeiro. Já posso morder minha língua porque o que eu vi ao entrar na cobertura do prédio quando voltamos do hotel com a minha mala foi uma garota calorosa e de sorriso fácil, por quem foi impossível não se apaixonar de cara. Quando me viu, correu para me abraçar como se fossemos amigas de infância que fazia anos que não se viam. Me senti em casa.
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Um encontro com Sr. Darcy
Fiksi Penggemar"Senhor Fitz me fita com uma expressão que não consigo decifrar. Ele se aproxima de mim a ponto de ficar milímetros de distância. Sinto a sua respiração ofegante. Tão ofegante quanto a minha. Dá até para ouvir as batidas do seu coração. Descompassad...