Harry

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  Ora, passei o dia com Sam e Jack pelo pior dos motivos: morte. É dia 22 de dezembro, e o dono de um restaurante ao qual nós íamos todos os meses de verão em Val, que também era muito, mas muito amigo dos meus tios, morreu de um ataque cardíaco aos 68 anos. E o funeral foi hoje mesmo. Sam parecia impávido com o facto de uma das figuras mais importantes a da pequena vida dele (sim, porque o Sr. Harry sempre deixou Sam ir à cozinha do restaurante e fazer as sobremesas para toda a família, consequentemente inspirando-o para ter neste momento a ambição de ter um restaurante só dele) ter morrido anteontem. Os meus tios e pais tiveram de ir ao funeral, nós os três ficámos sozinhos em casa com os meus 4 gatos: Sun, porque era lindo de morrer, amarelo, adoptámo-lo em Val este ano, Moon, preto, oposto de Sun, à exceção de ser também uma beleza, Google, porque sim, era manchado, 3 cores: amarelo, cinzento e branco, exótico, e 25, o número da porta da nossa antiga casa num prédio, era riscado castanho e branco. Passámos um dia espetacular, comemos Nutella às colheradas, vimos um filme do naruto (bom para mim, não é?!) e 4 episódios do Clássico, depois fomos falar do nosso futuro ao final da tarde, aquelas sessões eram inevitáveis!!
  Quando os meus pais chegaram, a minha mãe deu-me um ralhete por eu ter faltado ao Ténis. Eu estava doente, obviamente iria faltar:
  - Mãe, eu estou doente e além disso o Sam e o Jack pegavam fogo à casa e explodiam com o bairro inteiro se eu saísse.
  Eles resmungaram, gozaram comigo e com o Naruto (golpe baixo), enumeraram factos incontestáveis de que eles eram essenciais neste mundo e a minha mãe suspirou:
  - Se não existissem...
  - Tínhamos de ser inventados! - Sam deitou a língua de fora. Eu revirei os olhos de braços cruzados, como sempre faço quando eles os dois me irritam, e a minha mãe olhou para Sam, com Jack atrás de sorriso enviesado da figura de Sam, a mãe deu um olhar cansado, expressão aborrecida:
  - Não Sam. A Humanidade ficaria em segurança.  
  Sam abriu a boca em tom de espanto, eu ri-me trocista, pisquei o olho à minha mãe e lancei um olhar de gozo a Sam:
  - Boom Wow! Pa Paaaaw! Embrulha oh Loira falsa!
  Sam fez-me o dedo feio e chamou-me gorda... Eu gritei o nome dele em tom de aviso, cerrei o punho e ele fugiu, começámos a correr pelo pequeno jardim de minha casa, até que ele caiu no chão da sala, e eu consegui dar-lhe um chuto no braço:
  - Não me subestimes estúpido.
  Jack tinha a mão na cara:
  - Margaret, Sam.... Histéricos.
  Eu olhei para ele, ameacei-o e ele riu-se juntamente com Sam.
  - Okay, meninos, hora de dizer adeus. Sam?
  Vimos de repente a minha tia na nossa porta, nem tínhamos dado conta da minha mãe abrir a porta sequer! Rimos, implorámos para Sam dormir lá, sem resultados:
  - Não, Sam, o teu pai está muito triste, anda.
  Respeitámos e despedimo-nos:
  - Xau, meu, vai ver aquela cena do Naruto que te disse!
  - Yah, Jack se tu fores ver aquilo que te pedi para veres há cerca de dois meses.
  - Haha- Jack coçava a cabeça em tom de atrapalhação.
  - Então... Até ao Natal! E vê se não engordas até lá, Sam!
  - Pff até parece que podes falar Margaret A Baleia!
  - SAAAAAM - cerrei os punhos no ar outra vez. Aquele gajo estava a pedir uma sova mesmo!
  - Mesmo, Margaret que gorda.
  Olhei para o lado e Jack olhava-me de alto a baixo, em tom de desprezo:
  - Achas que o Naruto te quereria assim? Olha lá e essas calças pá? E... E essa camisol...
  Puxei-lhe os cabelos:
  - Jack...- dei um sorriso fofinho - já te desloquei um ombro, queres que te desloque o outro?
  Sim, eu desloquei-lhe o ombro direito num dia em que ele gozou imenso comigo juntamente com Sam e eu voei para cima dele e bati-lhe tanto que ele caiu com tal impacto que o ombro estalou... E se deslocou. Um amor de menina que eu era...
  Jack olhou para mim aos berros:
  - Maggie, Mags, Margaret, Miss Universo de todos os tempos, Piedade por favor!
  Já com lágrimas nos olhos, decidi deixar o sadismo de lado. Fechámos a porta, eu e Jack andámos aos chutos um com o outro, fraternidade acima de tudo. 
  O resto do dia foi normal, às dez da noite foi cada um para o seu quarto, eu e Jack entrámos ao mesmo tempo nos nossas quartos, ele pôs a mão no meu cabelo e despenteou-o, eu dei-lhe um croque na cara, ele deu-me um pontapé na canela, eu dei-lhe um murro no peito. Depois afastámo-nos:
  - Boa noite, Jack, dorme bem.
  - Boa noite, Mags, dorme com o Naruto e todos os outros.
  Ri-me depois de lhe lançar um olhar ameaçador.
  Boa noite Jack. Boa noite Sam. Boa noite Harry. Derramei uma lágrima. Adeus, Harry. Olá Natal.

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