Capítulo 2 - Um novo lar

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Aquele dia foi o mais feliz da minha vida, eu sempre tive a esperança de que um dia alguém me adotaria, a senhora que me adotou se chamava Helena, ela era uma mulher magra, os seus cabelos eram brancos e curtos, e aparentava ser uma pessoa muito boa, no momento em que ela segurou a minha mão, eu senti uma grande paz, ela era como um anjo, enviada para me tirar daquele lugar.

Antes de entrar no carro, eu olhei uma última vez para o orfanato, aquele lugar foi muito importante para mim, ali eu conheci pessoas muito boas, sentirei saudades de todos daquele lugar, mais é hora de seguir em frente, e começar a vida que um dia eu sempre sonhei.

Enquanto o carro se movimentava, o orfanato ficava cada vez menor, tudo estava ficando para trás, era hora de recomeçar, lágrimas escorriam em meus olhos, mais não de tristeza, mais sim de felicidade, A Dona Helena havia percebido e logo disse:

- Não chore Alice, não fique triste, você não deve olhar para trás, logo você irá conhecer o seu novo lar, tenho certeza que irá gostar.

- Não estou triste dona Helena, na verdade estou muito feliz, é que ainda não consigo acreditar que terei uma família.

- Farei de você Alice, a menina mais feliz do mundo, você agora é minha filha.

No momento em que ela disse que eu era a sua filha, eu fiquei muito feliz, pois em alguns minutos atrás eu não tinha uma mãe, e agora tudo havia mudado, agradeci a Deus por tudo isso, sei que se não fosse algo divino, tudo isso não iria acontecer.

Assim que saímos da cidade, pegamos uma longa rodovia, eram lugares que eu nunca havia visto, era incrível como tudo parecia ser automático, carros iam e vinham, o mundo nunca parava, no caminho pude observar lindas paisagens, rios, montanhas, árvores de todas cores, mais foi quando passamos por uma ponte que eu me encantei, por baixo passava um rio muito grande que desaparecia no horizonte, eu tive a oportunidade de observar, como a natureza era tão linda.

Eram lugares muito bonitos, não parecia haver tristeza naquele lugar, tudo era muito perfeito, eu estava muito ansiosa para chegar ao meu novo lar, eu não sabia como o mundo era fora daquele orfanato, lá não havia televisores, não saiamos muito, tudo que fazíamos era brincar e estudar, aprendemos muitas coisas lá, mais aqui fora, tudo era novo para mim.

Mais foi um pouco mais para a frente, que eu vi que nem tudo era perfeito, havia um acidente na pista, um caminhão havia batido em um carro, o carro estava muito destruído, o trânsito estava parado, e fomos obrigadas a ver o acontecimento, eu fiquei muito triste quando vi aquela cena, os bombeiros estavam tentando tirar uma pessoa que estava presa nas ferragens, havia um saco preto no chão, que aparentava ser um corpo, tudo era muito triste, mais eu havia visto uma coisa que me surpreendeu, ao lado do saco preto havia um homem todo encapuzado, ele trajava roupas brancas, de todos que estavam no local, ele era o único que estava trajando aquela roupa, quando eu o vi tive a impressão de que havia muita luz ao seu redor, mesmo de longe pude sentir a sua paz.

Fiquei muito curiosa para saber quem era aquele homem, e foi então que perguntei a Dona Helena.

- Dona helena

- Fale Alice

- Quem é aquele homem de branco que está parado ao lado do carro?

-Homem de Branco? – Disse Helena surpresa.

- Sim, aquele que está parado ali.

- Não há nenhum homem de branco ali Alice.

- Tem sim, bem ali. – Falei apontando para o local.

No momento que apontei, fiquei muito surpresa, o homem havia desaparecido, cheguei a pensar que foi coisa da minha imaginação, mais não, eu realmente havia visto, pela primeira vez na vida, me senti envergonhada, pois nem havia sinal do homem.

Demorou um pouco para que o trânsito, voltasse ao normal, assim que a pista foi liberada, seguimos viagem, naquele momento, eu estava me sentindo triste, aquela cena havia mexido com a minha cabeça, mais foi vendo tudo isso que eu aprendi, que nem todos os momentos são de felicidade, que em qualquer momento, pode acontecer uma tragédia, e que devemos sempre estar preparados.

Seguimos viagem, demorei um pouco para me recuperar, aquela cena havia mexido com a minha cabeça, aquele era um dia muito feliz para mim, só que nem para todos era um dia feliz, eu não queria voltar a pensar naquilo, mais as imagens não saiam da minha cabeça.

Um pouco mais a frente paramos em uma lanchonete para fazer um lanche, a Dona Helena, deixou eu escolher o que eu queria, escolhi refrigerante e batatas fritas, pois era o que eu mais adorava comer, e Dona Helena escolheu uma salada.

- Está cansada Alice? – Perguntou Helena

- Estou um pouco, eu nunca havia feito uma viagem antes. – Respondi

- Logo chegaremos, falta pouco

- Estou muito ansiosa, para conhecer a sua casa.

- Tenho certeza que você irá gostar, agora ela também será a sua casa.

Quando Dona Helena Falava eu ficava muito feliz, o seu tom de voz me deixava confortável, mesmo não conhecendo muito bem ela, eu sabia que ela era uma pessoa muito boa, foi então que percebi que valeu a pena esperar, todos esses anos no orfanato.

Assim que terminamos de comer, fomos até o caixa, Dona Helena pagou, e comprou vários doces para levarmos, saímos e fomos para o carro, eu estava muito cansada, e acabei dormindo no banco do carro, e foi então que tive um sonho.

No sonho eu estava em um lugar muito lindo, havia jardins por todos os lugares, muitas pessoas estavam neste lugar, todos estavam felizes, me senti muito bem naquele lugar, nem parecia um sonho, era tudo muito real, resolvi caminhar, na minha frente havia um lago, sua água era cristalina, comecei a observá-lo enquanto escutava o canto dos pássaros, foi aí então, que escutei alguém me gritar.

- Alice – Gritava uma mulher distante.

Foi então que uma mulher correu na minha direção, era uma mulher muito linda, e também muito jovem, quando chegou perto de mim, foi logo me abraçando, eu não sabia quem era ela, e nem mesmo como me conhecia.

- Alice, fico muito feliz por você, eu sabia que esse dia chegaria, eu te amo minha garotinha. – Disse a mulher me abraçando cada vez mais.

Ela olhou em meus olhos, seus olhos eram verdes como os meus, ela estava chorando, mais não aparentava estar triste, foi no momento que ela me deu um beijo na testa que eu despertei.

- Alice, acorde, chegamos. – Disse Dona Helena, enquanto eu despertava.

O carro estava parado diante de um grande portão de ferro, eu pude avistar muitas árvores ao redor, o portão abriu automaticamente e seguimos em uma estrada de pedras, era um lugar muito bonito, bem longe no topo de uma colina eu pude avistar uma linda casa, finalmente, eu havia chegado, ao meu novo lar.


Alice - Uma jornada além da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora