Capítulo 14

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Foi preciso muito tempo e algumas chávenas de chá para que Harry, depois de se acalmar, começasse a contar tudo o que se havia passado naquela tarde. Eu queria que ele me explicasse o verdadeiro motivo pelo qual expulsou Scar de casa, queria saber o por quê de os dois estarem num estado tão lamentável, o por quê de haver feridas nas mãos do rapaz, o por quê de haver imensas coisas partidas espalhadas pelo chão...

- Desculpa ter partido o teu candeeiro... - lamentou num fio de voz enquanto se deitava enterrando a sua cabeça nas almofadas do sofá.

- É só um objeto... - falei tentando não dar muita importância às minhas 120 libras praticamente deitadas ao lixo. - Mas, Harry, conta-me o que se passou.

- Eu não te quero envolver neste assunto, a sério. - fungou fitando o teto da sala com os seus olhos completamente avermelhados da raiva que agora começava a desaparecer.

- Por favor. - pedi traçando pequenos círculos no tecido cinzento do sofá. - Eu só estou a tentar ajudar e se não falares, eu não o vou poder fazer.

Suspirando, Harry sentou-se, tentando encontrar uma postura confortável. Ele parecia estar numa batalha mental consigo mesmo. Não sabia o que fazer... A confusão era notória na sua face e eu começava a sentir dó.

- Eu não sei... Tu és amiga dela. - mencionou tentando evitar o nome da namorada. Ou será que devia dizer "ex namorada"? Ainda não confortável consigo mesmo, Harry levantou-se virando-me as costas. O seu corpo afastou a cortina que cobria a longa janela que oferecia uma vista maravilhosa para a cidade de Liverpool e voltou a suspirar.

- Vais continuar a agir como uma adolescente de 15 anos? - manifestei-me. Eu estava demasiado curiosa e preocupada e nenhum deles estava a contribuir para que esses sentimentos diminuíssem. A situação estava caótica, o que é que eu podia fazer para ajudar? - O que se passou entre vocês foi assim tão grave? Pelo amor de Deus, não me digas que ela te pôs os palitos? - perguntei tentando arranjar algumas opções óbvias e ele riu ligeiramente. Ok, isso é bom... Ou menos não estava a chorar nem a partir coisas. - Pois, também achei uma ideia muito parva, ela só tem olhos para ti...

- Tu não vais desistir enquanto não souberes a verdade, não é? - os seus olhos voltaram-se novamente na minha direção. E o tom avermelhado continuava lá marcando todo o sofrimento.

- Ainda bem que já percebeste! Agora desembucha, amigo! - incentivei dando umas leves palmadinhas no sofá, convidando-o a se sentar ao meu lado. E ele, a muito custo, obedeceu arrastando o seu corpo.

- Enquanto tu estavas no shopping com ela, hoje de manhã, eu andei a limpar e arrumar umas coisas. - começou enquanto os seus olhos fitavam um ponto qualquer da parede da frente.

- Foi por causa disso que te chateaste? - torci o nariz achando essa razão muito parva e machista.

- Não me interrompas. - ordenou sem responder à minha questão - Na casa de banho do nosso quarto há um armário onde ela costuma guardar os produtos dela. Eu quase nunca mexo naquilo porque guardo os meus na outra casa de banho, mas, hoje, deu-me na cabeça para ir arrumar aquilo. No fundo da última prateleira, eu encontrei uma pequena caixa que reconheci de imediato. Era um teste de gravidez.

- Eu não acredito! - a minha boca abriu-se em indignação - Ela está grávida... Tu mandaste-a embora porque ela está grávida? Tu és parvo, ou quê!? - estava completamente chocada.

- Mas tu pensas que eu sou o quê!? - ele elevou o seu tom de voz que espelhava imensa ira - Eu nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas, Joanne! 

- Então que raio aconteceu? Ela está ou não está grávida? - questionei também eu já muito exaltada.

- Eu tinha-te dito para não me interromperes! - constatou tentando acalmar as suas voz e respiração. - Eu não sei por que razão ela guardou um teste de gravidez usado naquele armário, mas foi o que ela fez. Como tu própria já concluíste, sim, ela estava grávida. - com esta confirmação, arregalei ainda mais os olhos mostrando o quão confusa estava. Porém, não proferi nenhuma palavra determinada a ouvir a história até ao fim. - Eu sempre quis ter filhos, então quando descobri fiquei radiante. Só que pensei em fazer um pequeno jogo, fingir que estava chateado com ela pelo facto de não me ter contado. E foi quando a confrontei que a dura realidade veio ao de cima.

- Se tu soubesses o quão confusa eu estou neste momento, Harry...

- Ela confirmou... Disse que sim, que o teste estava correto. E eu perguntei-lhe o porquê de não me ter contado. Sabes o que é que ela respondeu? - neguei balançando a cabeça - Que ela não poderia ter um filho nesta altura da sua vida por causa a Universidade, disse que lhe ia estragar os planos. Mas eu estava demasiado contente com a notícia e então assegurei-lhe que iria tratar de tudo. E foi quando ela me contou que já era tarde demais... Ela... - neste momento algumas e fracas lágrimas já eram derramadas pelos seus olhos enquanto eu esperava calmamente pelo resto da história - Ela abortou... Isto sem sequer me ter avisado que estava grávida! Acreditas nisto? Fez tudo sozinha... e se eu nunca encontrasse a merda do teste, nunca saberia de nada. O meu filho morreu sem eu saber que ele existia. Sabes o quão maldoso isso é?

- Oh meu Deus, Harry, eu não posso acreditar... - expressei num longo murmuro, ainda em estado de choque.

- Oh, Jo... - suspirou deitando a sua cabeça sobre as minhas pernas num ato de desespero. As suas lágrimas, agora abundantes, começavam a me preocupar e me convencer que aquilo que ele me tinha dito era real. Suavemente e tentando acalmá-lo do seu pranto, acariciava os seus caracóis sentindo-o a cair em desespero. - Eu amo-a tanto... Mas ela foi uma valente cabra! Pior que isso, ela é uma assassina! Ela matou o nosso bebé, o meu filho... - repetiu chorando cada vez mais - Ela tirou a vida a uma inocente criança que, mesmo sem ter conhecido, já amo profundamente. Era sangue do meu sangue...

- Harry, era apenas um feijãozinho. - comentei tentando melhorar a situação. A verdade era que eu estava de acordo com ele, Scar não tinha o direito de tirar a vida àquele inocente bebé, muito menos sem a autorização de Harry. Por sua vez, Harry, também não conformado com a minha declaração levantou-se muito indignado, começando a andar de um lado para o outro.

- Não me interessa o tamanho! Era o meu filho... Que crueldade! - gritou dando, ao mesmo tempo, um murro na parede - Ela não podia ter feito o que fez. Não podia... -desta vez murmurou depois de deslizar pela parede até se sentar no chão perdendo as forças.

E neste momento, vários apertos atingiram o meu coração, a pena que eu sentia pelo rapaz era imensurável. A sua tristeza era tanta que chegava a contagiar. Revoltado e perdido, continuou chorando a noite inteira estendido no frio chão da sala enquanto eu assistia a tudo sem saber como agir ou o que dizer.


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oml

sou péssima a escrever cenas dramáticas... fica tudo horrível

mas, ya, se queriam saber o que ia acontecer para o Harry deixar a namorada, aqui está a dupla att 

Sex Floor | HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora