Capítulo 2 - O reencontro inesperado

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Nunca me senti tão ansioso com a volta para o Brasil.

Ainda que eu me esforçasse para não pensar em Lúcia, posso contar os segundos que consegui me livrar dela em meus pensamentos. A princípio, eu achei que o ar frio de Nova York, o movimento das pessoas nas lojas em busca do presente perfeito e até pisar na neve macia e albina, me fariam esquecer o quanto quero revê-la. Eu me sentia como um adolescente bobo, apaixonado pela garota mais linda do colégio. Engraçado que eu nunca fui assim. Nem quando eu ainda era um garoto espinhento, cheio de complexos consequentes da fase, me sentia tão idiota por uma garota como estou agora. Que ridículo!

Por pouco, não antecipei minha volta para casa. Eu só não fiz isso, pois não peguei nenhum contato dela e seria inútil voltar para cá sem saber por onde começar a procurá-la. Aliás, eu torcia muito para que me ligasse logo, ou eu seria um eterno idiota abandonado pela morena mais gata que já conheci em minha vida. Morreria com a expectativa de reencontrá-la, de beijá-la novamente, de sentir seu cheiro delicioso. Eu desejava até ver seu sorriso, nem que fosse só por mais uma vez.

Nem acredito que cheguei.

O aeroporto de Guarulhos como sempre, muito movimentado. Pessoas iam e vinham com seus celulares nas mãos, conferindo os painéis de embarque e desembarque, enfrentando as filas no balcão do check in. Peguei minha mala na esteira trepidante, e fui até o banheiro trocar de roupa antes de voltar para casa. Não tinha como eu continuar carregando aquele casaco pesado e enfrentar o calor do verão de São Paulo usando camisa de manga comprida.

Enquanto vestia minha bermuda jeans, colocava a camisa pólo azul de mangas curtas e guardava a bota na mala pensava em uma forma de encontrar Lúcia o mais rápido possível.

Alguma coisa me dizia que ela não me ligaria, mas eu não queria acreditar nessa hipótese. Eu preferia me enganar até quanto fosse necessário. Aliás, eu não sei que feitiço ela jogou em mim, pois eu nunca fui desse jeito com mulher nenhuma.

Coloquei meu sapatênis e saí do reservado. Joguei um pouco de água fria no rosto. Eu precisava parar de pensar em Lúcia, ou...

− Gostou de Nova York? – aquela voz familiar, me fez estremecer todo. Virei-me para olhá-la melhor e meu queixo caiu. A garota que mexeu comigo, atrapalhou todos os meus planos de relaxar em NY durante o Natal, estava bem diante dos meus olhos. Eu precisava tentar não parecer um bobo. Por que me sentia assim? Se ela queria me provocar, conseguiu. Seu vestido preto justo, mal cobria o quadril e para completar, sapatos de salto alto vermelho combinavam com o batom. Porra! Ela estava extremamente gostosa. Por que ela fazia aquilo comigo?

− Lúcia? – dei o meu melhor sorriso. − Uau! Você veio... Está linda!

Deus! Estou ferrado.

− Espero que não tenha esquecido da minha maquiagem.

− Claro que não esqueci. Aliás, comprei da melhor marca que tinha na loja. A vendedora me garantiu.

Ela inclinou a cabeça de lado. Os cabelos caíram como se fosse uma cascata escura e brilhante.

− Parece que a viagem te fez bem. Muito bem.

Ela estava certa. Só que não foi a viagem que me fez bem. Foi encontrá-la. Com certeza eu estava ótimo!

− Precisava de um tempo, então viajei! Mas voltar está sendo bem melhor. O que faz aqui?

Ela olhou para mim por vários e longos segundos.

− Vim receber um amigo no aeroporto.

− Um amigo? – Droga! Eu sabia que ela não estaria sozinha. Por que eu tinha que me apaixonar por uma garota comprometida?

Nunca esqueça de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora