Capítulo 9 - Revelações

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Já eram quase cinco horas da manhã quando deslizei da cama e comecei a me vestir. Lúcia segurou o lençol ao redor dos seios e sentou-se me observando abotoar a calça. A expressão dela era completamente preocupada com minha reação. Eu tinha tanta coisa para dizer, mas não queria pressioná-la com nada do que sentia. Minha vontade era fugir com ela para um lugar bem distante onde poderíamos viver uma vida cheia de amor e alegria. Mas, eu sabia que seria complicado tirá-la de seu mundo diferente do meu.

− Diga alguma coisa – ordenou Lúcia, a voz enganosamente macia. – Por favor!

Eu sorri. Minha voz embargou na garganta e eu não conseguia dizer uma só palavra.

− É difícil pra mim...

Sentia meu corpo todo tremer. Aceitar aquela situação realmente para mim era algo surreal. Nunca imaginei que seria tão difícil, mas como resistir àquela mulher?

− Muito bem, Thomas. Eu vou me explicar – ela suspirou. − Eu não sou prostituta, sou apenas dançarina profissional. Não transo com os caras por dinheiro, meu salário vem do meu trabalho na boate, e, como eu já disse antes, você é o primeiro homem que vem ao meu apartamento depois que comecei a trabalhar na noite.

Eu engoli em seco.

− Eu... Bem...

− Tudo bem, Thomas, não precisa dizer nada. Eu vou te dar o tempo que precisar para digerir tudo isso. Quer tomar café comigo? – ela perguntou.

− Na padaria?

− Sim. Da próxima vez, eu preparo aqui no apartamento um café bem especial para nós dois.

− Então teremos uma próxima vez?

− Sempre há uma próxima vez, Thomas – ela me observou alisando os cabelos para trás. – É só você querer. − Lambeu a umidade dos lábios enquanto seu olhar deslizava em meu peito nu, voltando para o meu rosto.

− E se eu disser... E se eu te pedir pra largar tudo para ficar comigo? – eu disse baixinho, com a voz hipnótica.

− O quê?

− Você não precisa continuar dançando naquela boate...

− Por que eu faria isso?

− Aquilo não é trabalho para você...

Ela franziu a testa.

− Meu trabalho é como um outro qualquer. Não estou fazendo nada de errado – percebi logo que Lúcia se sentia ofendida com meu comentário. Minha boca secou, e daria tudo por uma garrafa de uísque agora.

− Me desculpe, Lúcia. Não quero te julgar pelo que você faz. Mas é que eu quase tive um ataque quando descobri que era você quem dançava naquele palco. – Passei a mão nos cabelos. − Não vou conseguir aceitar outros homens te desejando, querendo transar com você, sentindo tesão pelo seu corpo...

− Shhhh – ela levantou da cama e veio em minha direção enrolada no lençol. – Você não precisa sentir ciúmes. – Ela me abraçou forte na cintura. – Quando estou dançando é apenas um personagem meu que está naquele palco.

− Estou impressionado.

Meu sangue ardia. Eu abaixei o rosto e beijei sua boca delicadamente, depois mordisquei seu lábio inferior.

− Vamos deixar rolar, Thomas – ela murmurou junto a minha boca. – Eu quero tentar ficar com você e sei que quer isso também. Não pense no que eu faço. Não vamos estragar tudo.

Dei um gemido e sorri.

− Ah, Lúcia! O que eu faço com você?

Os olhos dela se estreitaram.

− Amor?

Eu balancei a cabeça e sorri. A palavra parecia um dispositivo incendiário.

− É pra já.


Nunca esqueça de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora