•Renascimento, nascimento•

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Dias, semanas e meses passaram.

Depois daquele acidente, parecia que eu tinha renascido. Passei a sair mais com minha amiga, a acompanhar sua gestação de perto.
Suze me ajudou bastante no mês que precisei fazer fisioterapia. Ela também tinha se casado no civil com o Sérgio, foi uma cerimônia íntima e linda, me peguei chorando em vários momentos.

Minha rotina continuava a mesma. Eu passei a visitar a ala de crianças com câncer que acabei conhecendo na época do hospital.

Cada detalhe do dia era importante para mim. Eu passei a dá  valor as coisas depois que acordei do coma.

Eu parava para escutar o barulho dos pássaros, fitava o céu quantas vezes fosse possível. Cumprimentava o pessoal nas ruas, e mesmo em dias que amanhecia um pouco pra baixo, eu botava um sorriso. O meu sorriso poderia ser o único que a outra pessoa teria durante aquele dia.

O barulho da porta fez parar os meus pensamentos. Sorri ao avistar a minha mãe em um dos seus vestidos rosa.

Ela estava linda!

Ela era linda.

Meu sol, meu horizonte e meu porto seguro.

Karina mesmo sem ser minha mãe biológica, era a mãe que toda mulher sonharia em ter.

- Filha, seu amor chegou - ela deu uma piscadinha - E seu irmão quer que cantem logo os parabéns - disse revirando os olhos.

Hoje era o aniversário do meu irmão mais novo, o único sortudo que tinha o genes da Karina com o papai. Ele era tímido, um típico nerd de vídeo game.

Conhecendo bem aquele moleque, ele queria logo acabar com o circo, pois nunca gostou de atenção. Ele era três anos mais novo que eu.

- Finalmente - respondi - Vamos, ou o meu irmãozinho vai fugir e se trancar naquele quarto!

Me levantei, olhei no espelho para ver se a roupa estava boa e depois sair seguindo minha mãe.

Quando cheguei na sala encontrei poucas pessoas. Sorri para os amigos estranhos do meu irmão, acenei para o papai e seguir para onde minha amiga estava com alguém muito conhecido.

Suze estava enorme, sabia que ela podia ter filho a qualquer momento.

- Oi - falei assim que me aproximei.

- Oi, morena - ele disse lançando minha cintura e puxando para o seu corpo.

Olhei para os lados para ver se meu pai estava nos olhando.

- Marcelo! - o repreendi com um olhar, pois papai ainda era muito ciumento.

Ele jogou o seu famoso sorriso charmoso que fez coisas na minha barriga.

A gente se aproximou bastante após meu acidente. Ele levou-me os assuntos que devia na faculdade, me ajudou em alguns trabalhos e uma coisa levou a outra, quando eu vi, já estava aceitando seu pedido de namoro.

Suze estranhamente não opinou, ou comemorou nossa relação.

- Estou com saudade - ele disse beijando minha bochecha.

- Isso não se faz na frente de uma grávida sem o marido - Suze disse e eu ri. Sérgio teve que viajar e ela ficou em nossa casa.

Ninguém queria deixá-la sozinha, todo mundo a mimava. Eu sei que no fundo a minha amiga gostava, ficava tocada com tanto carinho.

Sentir um olhar sobre mim, o mesmo que vi assim que cheguei na sala, mas fingir não perceber. Fingir que não existia ninguém me encarando como ele fazia.

Bela Reconquista.Onde histórias criam vida. Descubra agora