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Minhas pernas estavam tremulas, meu sangue fervia com aquele olhar mortal de papai sobre nós.

Demonstrava decepção, raiva e desgosto. O meu pai nunca tinha  olhado-me daquela forma.

Ele sempre dizia que seus olhos brilhavam quando me via. Mas isso não estava acontecendo naquele momento.

- Não é o que o senhor está pensando... - comecei a falar ridiculamente.

- Não me venha com essa frase, Luz. O que eu acabei de vê e ouvir é tudo que eu penso.

- Papai...- disse me aproximando.

Ele se afastou do meu toque.

- André, nunca pensei isso de você, você seduziu minha garotinha.

- Pablo, eu ia conversar com você. - André falou pela a primeira vez.

Depois do susto ele se recuperou, tinha adotado uma postura séria.

- Quando você ia falar? Desde quando essa pouca vergonha acontece?

Eu e André nos entreolhamos e ficamos em silêncio. Nenhum dos dois queria responder aquela pergunta. Seria pior a resposta.

- Andem, respondam - ele gritou sem paciência.

- Nosso primeiro contato físico foi quando ela tinha dezoito anos - André disse.

Assim que ele fechou a boca foi surpreendido com um murro do meu pai. Assustada, gritei que ele parasse com aquilo.

- Papai, papai... Pare, por favor- eu implorava.

Os dois amigos, os dois homens que eu amava estavam brigando por algo que eu causei.

Entrei no meu dos dois, me botei na frente de André.

Papai não estava machucado, só estava com os olhos vermelhos de raiva. Nunca o vi daquela forma, parecia os monstros das histórias que minha mãe contava quando eu era criança.

Pela a primeira vez eu tive medo do meu pai.

Ele me olhou incrédulo.

- Você vai ficar aí ao lado dele? Não vê que ele se aproveitou de você?

- Papai, ninguém se aproveitou aqui. Nunca fui inocente pelo o que eu me lembro, sempre corri atrás dele, fiz da sua vida um inferno. Eu o amo, papai! - sem esperar, sua palma acertou em cheio meu rosto.

A dor física não era nada do que a minha alma estava sentindo naquele momento.

Minha mãe chegou bem naquele momento, viu toda a cena chocada com as mãos na boca.

- Não criei filha para correr atrás de macho!

- Você não pode bater nela - André disse furioso tentando me tirar da sua frente.

Solucei, era a única coisa que eu podia fazer. De repente várias memórias de conversas com André invadiram minha mente. Ele dizia que papai não aceitaria a gente, ele estava certo.

Meu pai o homem tão centrado conseguiu ser uma das minhas piores decepções naquele momento.

- O que está acontecendo aqui? - mamãe perguntou.

Ela já sabia, estava óbvio.

- Sua filha e meu melhor amiga juntos, Karina, juntos! Eu confiava nos dois, e eles me enganaram. Todo esse tempo rindo da minha cara!

- Eu amo sua filha - André disse - Nunca quis enganar ninguém.

- Todo esse ano e você não falou nada!

Bela Reconquista.Onde histórias criam vida. Descubra agora