GIRL ZONE • cth

Veneno

// I'm Not Okay (I Promise) by  My Chemical Romance //

Acordei, rapidamente elevei a minha cabeça para ver que em facto tudo isto era real. Eu e a Jasey ainda estávamos fechadas no interior de um quarto enclausuradas pelos nossos raptores. A divisão era vazia e fria apenas com dois colchões no chão com respetivos lençóis brancos e almofadas. Jasey encontrava-se deitada no colchão a minha frente, abanando levemente a cabeça como que se estivesses a contar os segundos que se passavam neste sitio.

Os seus olhos pousaram em mim e eu rapidamente deixei a minha cara cair na cama por entre os meus braços desejando que tudo passa-se rápido. O meu corpo doía-me dos pontapés que levei ontem com a minha pequena brincadeira de ter conseguido contactar a Catherine pelo telemóvel.

-" Joy estás bem? "- Ouvi a Jasey perguntar e eu simplesmente elevei a minha cabeça para a observar.

-" Só me sinto um pouco fraca. "- Murmurei e ela acenou as minhas palavras pouco intrigada com o assunto, voltando a balançar a sua cabeça.

Ela parecia bastante calma até. Diria que se encontrava a espera de algo, parecia bastante confiante nisso. Por momentos observo-a rebolar na cama para que ficasse de barriga para cima.

-" Peço desculpa por tudo, Joyce. "- Ouvia dialogar e os meus olhos abriram espantados as suas palavras.

-" Como? "- Questionei ao sentar-me na ponta da cama e ela olha para mim com um sorriso ao sentar-se de pernas cruzadas sobre a cama.

-" Eu amo tanto o Calum e depois eles, a Catherine, tu? "- Afirmou confusa enquanto passava as mãos pelo seu cabelo.

-" Eu só queria ser como ela, feliz como ela. "- Murmurou por entre as suas mãos.

-" Isso não quer dizer que tenhas de roubar a dos outros para ter tua. "- Dialoguei e ela elevou uma sobrancelha.

Quando os seus olhos azuis gelados olhavam para mim daquela maneira sabia que o que iria sair da sua boca me ia magoar. Engoli um seco ao olhar para ela elevar-se para se sentar ao meu lado no colchão.

-" Pobre e inocente, Joyce... "- Murmurou na minha direção ao elevar a sua mão.

Senti a sua mão a dar festas no topo da minha cabeça e rapidamente bati na sua mão para a afastar de mim, olhando-a diretamente nos olhos como uma ameaça.

-" Nem sabes porque estamos aqui, certo? Alguma vez te perguntas-te porque é que o Ashton recebe aquelas chamadas e tem de fugir tão urgentemente após elas? "- Ouvia questionar sempre com as suas palavra envenenadas na ponta da língua.

Permaneci em silêncio e elevei-me do seu lado para andar pelo recinto fechado com os meus braços cruzados, tentando resistir a tentação de saber a resposta porque sabia que me ia magoar. Mas a mania que tinha para sentir dor era mais forte que eu e inevitável.

Virei-me na sua direção e acenei levemente com a cabeça a sua resposta para a ver a sorrir como sempre. Ela adorava a dor das outras pessoas.

-" O Ashton é traficante, assim como todos eles. Acho que de alguma maneira ele sentiu-se culpado por ver o que acontece a pessoas como tu que a consumem e sentiu a necessidade de ajudar-te, não achas patético? "- Declarou autoritária enquanto observava o verniz preto das suas unhas.

As minhas pernas perderam força as suas palavras e em facto a dor foi inevitável tanto quanto acutilante ao atingir o meu coração. O Ashton, o meu Ashton. Ele não podia ser assim, ele não podia ter-me feito isto. A nossa promessa, não passava agora de algo tão hipócrita.