Capítulo Dois

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06 de setembro de 2010

7h45

Louis abriu o açougue mais cedo do que o acostume, ele não conseguia dormir mesmo. E lá veio mais um turbilhão de lembranças.
Ele conheceu Eleanor ali, ela ainda era uma menininha e ele um simples ajudante de açougue. Eleanor devia ter uns 15 anos e ele 20, parecia loucura no começo por ela ser tão nova, os pais dela surtaram quando Louis foi pedir Eleanor em namoro. Louis foi expulso aos berros pelos pais dela, mas ele não desistiu e eles cederam. Louis não era uma pessoa ruim, mas tinha feito muitas coisas erradas.
Aos 18 anos ele deixou aquela vida mundana, que ele prefere não lembrar. Agora com a perda da Eleanor, ele teme que aquele desejo volte novamente.
-Abriu cedo hoje, Tomlinson. - disse Padre John entrando.
-É, trabalhar é sempre muito bom - respondeu Louis.
-Você já separou minha carne?
-Sim, Padre - Louis pegou as sacolas e entregou para o padre.
-Você vai alugar o quarto dos fundos? - perguntou John.
-Não pretendo, vou fazer um estoque lá - Louis respondeu.
-Você já arrumou um funcionário? - perguntou o Padre.
-Não, padre.
-Você vai a missa hoje?
-Sim, padre.
-Então, até mais meu rapaz.
Louis se irritava às vezes com tantas perguntas que o Padre John fazia. Na verdade o Padre John nunca confiou nele desde de que Louis confessou todos seus pecados, que não eram poucos. Então, durante 20 anos, o padre sempre o enchia de perguntas.
Louis sentia-se velho demais para recomeçar, ele iria fazer 40 anos, já não era um garoto.

12h05

Louis fechou o açougue para almoçar, e então ele lembrou que amanhã era o aniversário das gêmeas, 9 anos. O que ele iria preparar? Era Eleanor que cuidava dessas coisas, e ele não tinha dinheiro para presentes.
Antes de ir para a casa, ele passou na escola das meninas. O que ele iria falar?
-A diretora Campbell me chamou.
-Seu nome? - perguntou a recepcionista.
-Louis Tomlinson.
-Só um minuto que ela irá te atender.
Louis sentou no sofá de espera, e aguardou ser chamado.
-Senhor Tomlinson?
Louis entrou na sala. A diretora era totalmente diferente do que Louis imaginou, ele pensou que iria encontrar uma senhora com cabelos grisalhos, mas não encontrou uma linda mulher de cabelos castanhos, um belo corpo e de sorriso encantador.
-Boa tarde, senhor Tomlinson - ela me cumprimentou com um aperto de mão.
-Pode me chamar Louis.
-Sou Danielle Campbell a nova diretora. Ainda é tudo muito novo para mim, mas fiquei sabendo o que houve em relação a sua esposa, e lhe chamei apenas para uma conversa.
-Sim, faz apenas 3 meses que ela partiu, e desde então não paguei as mensalidades. Eu gastei absolutamente tudo o que eu tinha no tratamento de minha esposa. - Louis sentia-se envergonhado por não ter condições de pagar o estudo de suas filhas. - Eu reabri meu açougue, e espero conseguir o dinheiro rapidamente. Eu me sinto envergonhado por isso...
-Eu entendo, Louis. Eu posso te dar um prazo de 2 meses para pagar isso, eu particularmente não cobraria,mas não sou dona da escola - disse Danielle. - sinto muito por sua esposa.
-Obrigado, você já está fazendo muito.
-Suas filhas são ótimas alunas, e encantadoras - elogiou Danielle. -Elas são muito parecidas com você.
-Sim, todo mundo diz, menos os olhos, elas tem os olhos da mãe, verdes - disse Louis, lembrando do quanto ele adorava os olhos de Eleanor. - Verdes como os seus
-Como os meus? - perguntou Danielle sorrindo.
-Sim, você me lembra ela - Louis disse sem pensar.
Ele notou que Danielle ficou vermelha.
-Desculpe...Eu vou conseguir o dinheiro não se preocupe.
-Sim, nos vemos em breve.
Louis se despediu de Danielle, por algum motivo ela parecia bem nervosa.
Louis se arrependeu do que disse, será que ela pensou que ele estava a paquerando? Bom, ele não estava, ela realmente parecia muito com Eleanor.
Louis resolveu comer qualquer coisa na rua, não queria ir para a casa. Entrei na lanchonete que sempre costumo comer.
-Boa tarde, Louis. Como você está? - perguntou Susan a garçonete.
-Bem, Susan.
-Você está tão abatido, não anda se alimentando direito, não é?
-Não muito devo confessar - respondeu Louis.
-Então, vou mandar preparar o melhor prato da casa - Susan correu para a cozinha da lanchonete.
Susan sempre foi um doce. Louis lembrou de quando eles estudavam juntos, Susan tinha uma paixão secreta por ele, que na verdade não era muito porque todos da escola sabia.
Hoje em dia ela é casada, e tem um filho especial, foi difícil para ela descobrir que o filho dela nasceria com uma doença rara.

03h30

Louis não conseguia encontrar uma posição confortável em sua casa. Era tão difícil dormir sozinho. Ele levantou e caminhou até a janela do quarto. Ar fresco sempre o acalmava.
Conhecer Danielle o perturbou de certa forma, a semelhança entre ela e Eleanor era imensa,mas Louis dúvida que ela tenha o grande coração de Eleanor. Sua esposa era a mulher mais caridosa e amorosa do mundo.
Louis ficou até o amanhecer admirando o céu e se sentindo a pessoa mais solitária do mundo.

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O Pecado Da carne (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora