Adam Brody ergueu os braços acima da cabeça, alongando os músculos dos ombros. Virando o pescoço de um lado para o outro, sentiu-se confortado pelos estalos sonoros e robustos. Era bom mover-se dessa maneira. Nem mesmo o repuxo da cicatriz que se estendia da porção inferior das costas até a base do crânio o incomodava tanto. Deixara de ser como uma lâmina afiada para tornar-se um desconforto tolerável. Um preço pequeno a ser pago.
Depois de olhar demoradamente para o sol inclemente que queimava sua pele ao romper a barreira formada pelas árvores, Adam concentrou-se novamente nos projetos espalhados sobre a bancada em sua choupana. A bancada era, na verdade, uma velha porta apoiada sobre cavaletes de madeira. Munido de pregos e um martelo, olhou para os desenhos, atento ao próximo passo da criação.Fazia o possível para conter a ira sempre que era obrigado a usar a maior parte de sua capacidade cerebral para fazer algo tão básico quanto determinar o próximo passo na construção de uma casa de bonecas.
— Adam!
O grito de sua irmã na varanda dos fundos destruiu sua tênue concentração. Ele levantou a cabeça, tentando controlar a irritação por um único motivo. Se não fosse por Renée, não estaria ali, trabalhando ao sol, tornando-se útil. Provavelmente ainda estaria na reabilitação, lutando contra os terapeutas e médicos, tentando dominar os ossos fraturados e os músculos dis-tendidos que se recusavam a obedecer aos seus comandos. Devia isso a ela.
Então, por que ainda abrigava ressentimento?
Não tinha idéia, e a cabeça ainda doía demais para tentar decifrar enigmas.
— Sim? — respondeu.
— Alguém acabou de passar pelo portão da frente. Vê algum carro? — Renée ergueu as mãos cobertas por uma substância branca. Podia ser farinha ou tinta, mas, o que quer que fosse, ela não gostaria de ser vista na-quele estado por nenhum visitante.
Adam sorriu. Mulheres.
Ele caminhou alguns passos até a lateral da velha cabana de madeira que o pai construíra com as próprias mãos quarenta anos atrás e deixara para ele e a irmã depois de sua morte. Antes do acidente, Renée, usara a propriedade durante os dias úteis, principalmente para o trabalho, enquanto ele ocupava o espaço nos finais de semana para pescar com os amigos. Depois do acidente, Renée insistira para que ambos se mudassem para lá definitivamente, certa de que o ambiente pacato colaboraria com sua recuperação. Instalados em uma área ainda pouco desenvolvida de Hernando County, Flórida, Adam e Renée não recebiam muitas visitas inesperadas. Um ou outro empreendedor aparecia de vez em quando tentando comprar os trinta acres que eles possuíam no Lago Simpson. Um pescador podia aparecer por lá pedindo para usar o píer a fim de pôr seu barco na água e pegar alguns bagres. Um turista perdido nas sinuosas estradas de terra que levavam ao paraíso intocado.
Mas aquela visita parecia estar completamente deslocada. Empreendedores imobiliários sabiam dirigir um veículo de tração nas quatro rodas e manobrá-lo pelo terreno esponjoso daquela região. E apesar de alguns turistas cometerem o erro de deixarem a estrada principal em suas vans e caminhonetes, nenhum pescador com um mínimo de juízo puxava um barco com um Corvette conversível vermelho. E nenhum pescador que conhecesse possuía longos cabelos vermelhos que capturavam a luz do sol e a devolviam na forma de raios de cobre. Quando o motorista, uma mulher, sem dúvida nenhuma, estacionou na frente da cabana, uma nuvem de poeira o impediu de vê-la nitidamente. Adam deixou o martelo sobre a bancada e saiu levando a bancada azul que mantinha sempre no bolso traseiro.
Quando alcançou a frente da casa, a poeira havia baixado. A motorista verificava o próprio rosto num pequenino espelho de maquiagem, embora ele não conseguisse entender o motivo de tal gesto. Mesmo de longe, podia perceber que ela era perfeita. Pele sedosa. Lábios vermelhos e brilhantes. Brincos de ouro que, como seus cabelos, capturavam e refletiam a luz do sol. Aquela mulher era linda... e estava totalmente fora de seu elemento ali nos cafundós da Flórida.
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Atrevida e Ardente (Completo)
عاطفيةEla era independente e sabia o que queria: um homem difícil, porém inesquecível! A escritora de romances Sydney Colburn tem talento especial para três coisas: dinheiro, livros e sexo! Felizmente para ela, a vida lhe deu a possibilidade de pôr e...