Capítulo VII

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Sydney parou o carro na garagem do condomínio e desligou o motor. Adam não parecia ter nenhuma consciência do significado daquele lugar. De onde estavam podiam ver a entrada dos dois prédios, os jardins e a passarela de ligação entre os edifícios, o local onde se haviam encontrado pela primeira vez. Nada.

— E então? — Não queria concluir que aquela expressão vazia significava o que ela imaginava.

Adam olhou em volta.

— Estamos em algum lugar importante?

— Ah!

— Bem, é só uma garagem.

Talvez para um homem que havia perdido a memória referente aos últimos cinco anos de sua vida. Para ela, aquele fora o primeiro local público onde fizeram amor. As imagens eram tão nítidas em sua mente, que a luz do sol perdeu parte de seu brilho enquanto ela recordava aquela noite tão especial. Passava da meia-noite, e eles voltavam de um jantar na orla marítima. Adam estivera ao volante do Corvette, tentando manter-se atentoà estrada enquanto ela o acariciava com ousadia característica.

Ao chegarem no condomínio, ele havia sugerido que fossem a um dos apartamentos, o dela ou o dele, mas o instinto animal venceu, e acabaram chegando ao clímax apoiados em um dos pilares de concreto. A experiência fora excitante, atrevida. Inesquecível.

E ele não se lembrava de nada, droga!
Sydney desistiu do esforço.

— Tem razão. E só uma garagem. — E o que haviam feito ali havia sido apenas sexo. Talvez fosse esse o problema. Talvez devesse levá-lo a um lugar onde haviam vivido algo mais importante. O problema era que sempre fizeram questão de evitar experiências mais significativas do que orgasmos explosivos e momentos divertidos.

Bem, a solução era óbvia: tinha de incentivá-lo a recuperar as lembranças e criar novas memórias para substituir as que haviam sido perdidas. Mal podia esperar para começar a trabalhar.

— Conheço as pessoas que compraram seu apartamento. Sua irmã deve ter vendido o imóvel mobiliado, porque nada havia mudado muito na última vez em que estive lá. Se quiser entrar e dar uma olhada em tudo, posso conversar com os novos moradores.

— Acho que é uma boa idéia.

— Ótimo. Vamos ao meu apartamento. Quero usar o interfone para falar com eles.

Adam ajudou-a a levantar a capota do carro e depois acompanhou-a para o elevador. O condomínio compreendia quatro edifícios, cada um deles com sua garagem privada sob os dois andares de apartamentos. Com quatro unidades por andar, os prédios foram projetados de forma a comporem um quarteirão íntimo em torno de uma área de lazer arborizada com piscina, bar e quiosque. Aquele era um endereço caro e exclusivo. Sydney havia sido uma das primeiras proprietárias, e ganhara um bom dinheiro adquirindo várias unidades de uma só vez. Com a reputação do local elevando os preços dos imóveis, obtivera um bom lucro ao vendê-los, o suficiente para pagar pelo apartamento onde morava.

Na verdade, seu apartamento era composto por duas unidades, um duplex cujos andares eram ligados por uma escada espiral que Adam elogiara em sua primeira visita. Enquanto abria a porta e digitava o número do código de segurança, ela tentava adivinhar qual seria seu comentário dessa vez. Ao entrar, ele analisou cada detalhe da decoração com atenção concentrada, como se ali pudesse estar a chave para a recuperação de sua memória.

O sol começava a se pôr, espalhando um brilho dourado sobre o sofá de couro branco e as paredes pero-ladas. Sydney acionou um interruptor, acedendo várias lâmpadas sob sua adorada e eclética coleção de objetos de arte. Dois originais de Tarkay, um Chagall, diversas litografias de artistas ainda desconhecidos para os quais tinha grandes expectativas. E, é claro, seus pôsteres.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora