Capítulo VI

4.8K 344 6
                                    

Adam surgiu na varanda no instante em que Sydney fechava o porta-malas do Corvette. Ainda mancando, porém calçada, ela pendurou a bolsa de couro em um ombro e caminhou em sua direção como uma mulher com uma tarefa a cumprir. Como um homem podia resistir? Não que ela quisesse convencê-los a resistir. Gostaria de saber quanto de sua atitude casual com relação ao sexo era real, e quanto dela tinha o objetivo de enervar os homens que faziam parte de seu mundo.

Se soubesse jogar, em breve descobriria.

— Parece... Refrescado — ela disse. Adam assentiu.

— Vai sair?

Sydney olhou por cima do ombro para o carro.

— Só depois de me arrumar um pouco. — Ela subiu a escada com passos insinuantes, atenta à reação que provocava.

Ele não fazia segredo sobre observar cada polegada de seu corpo, e ela não escondia o prazer provocado por esse olhar atento.

— Sente-se animado... — ela olhou descaradamente para o zíper de sua calça — a vir comigo?

— Você é uma obra-prima, Sydney Colburn.

— E isso não é uma resposta.

Ele riu e pôs as mãos nos bolsos da calça.

— Uma oferta como a sua não requer resposta. Onde está minha irmã?

— Não sei. Mas ela nos deu... permissão para desfrutarmos de uma certa intimidade. Disse que você precisava se divertir.

Adam rendeu-se ao irresistível impulso de tocar o rosto de Sydney, corado pelo intenso calor do dia. Na verdade, o impulso sugeria que a
tocasse em regiões muito mais secretas, mas imaginava que logo chegariam lá.

— Não preciso da permissão dela.

Sydney riu.

— Sim, você precisa. Ama sua irmã, e ela o ama. Ela só está interessada no seu bem-estar, mais nada.

— Puxa, você é magnânima.

— Ha! Aí está uma acusação que nunca foi feita antes. Volto num minuto.

Ela entrou no chalé como se fosse a dona da casa e Adam fechou os olhos, deliciando-se com a corrente elétrica que percorria seu corpo. O que havia começado como mais um dia comum de pregos e martelo sob um escaldante sol de verão transformava-se rapidamente em uma interessante oportunidade.

Quando despertara no hospital sem sua memória, o que fizera e quem havia sido naqueles últimos cinco anos foram as últimas de suas preocupações. A habilidade de caminhar sem ajudar e respirar sem aparelhos havia sido prioritária. Assim que voltara a contar com essas capacidades, convencera Renée a preencher os espaços vazios da melhor maneira possível. Com sua ajuda, a de sua secretária e a dos amigos, descobrira que nos últimos cinco anos se transformara em um profissional determinado, quase obsessivo, voltado totalmente para um projeto que teria revolucionado a maneira como as companhias utilizam os imóveis para fins comerciais.

Todo arquiteto que conhecia queria projetar o próximo arranha-céu da cidade. Adam era diferente. Queria reinventar o imóvel térreo e os prédios de poucos andares, levar o desenho além dos simples centros comerciais e dos shoppings genéricos. Seria uma obra-prima com a marca Adam Brody, algo inovador e absolutamente novo no mundo da arquitetura.

E então, há cerca de um ano e meio, concluíra os desenhos e os modelos em três dimensões gerados por computador. Entrara em contato com o cliente que abrira uma conta com um generoso depósito, alguém que só esperava que ele enviasse os planos. Mais dinheiro seria depositado em sua nova conta enquanto estivesse supervisionando a construção. O projeto não só lhe renderia fama entre os colegas de profissão e criaria um novo e mais seguro ambiente comercial, como faria dele um homem rico.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora