Capítulo X

3.6K 279 6
                                    

A julgar pela expressão de Kyle, Sydney acertara na escolha do figurino. Cami­sa de seda dourada com um decote generoso e saia curta e justa. Pensara em acrescentar alguns toques de couro ao conjunto, mas desistira no último minuto. Apesar de estar decidida a jogar para ganhar, mante­ria a classe.

Afinal, Adam estava ouvindo tudo. Saber que ele po­dia ouvir as batidas de seu coração através do equipa­mento de escuta preso sobre seu seio acrescentava um toque de sexualidade às circunstâncias. E como Adam insistira em estar do outro lado, sabia que podia dizer qualquer coisa sem correr o risco de ser ouvida por outras pessoas.

Uma idéia surgiu em sua mente, mas ela a arquivou para mais tarde, quando terminasse sua conversa com Kyle. Havia tocado a campainha da imponente resi­dência no sul de Tampa, depois recuara e assumira uma pose sexy, caso ele espiasse pelo visor da porta de carvalho. Primeiro a informação, depois o jogo. Não era seu modo de operação habitual, mas era capaz de adaptar-se.

Kyle havia atendido sem demora.

— Sydney! O que faz aqui?

Ela sorriu com falsa timidez e apoiou-se no batente.

Quando teve certeza de que ele havia relaxado com a certeza de que só precisaria conversar ali mesmo, sem convidá-la para entrar, ela passou por ele e caminhou até o hall. Não tinha planos de esperar por um convite formal. Tinha trabalho a fazer.

Caminhando pelo corredor de entrada, passou por uma sala de jantar e por uma cozinha bem-equipada, chegando a uma sala enorme com um teto arredondado que lembrava uma catedral. Uma fileira de janelas no extremo oposto à entrada proporcionava uma vista im­pressionante da baía, com a linha dos prédios de Tam­pa criando um cenário cosmopolita. O sofá e as cadeiras eram de couro, as mesas de café e de canto, de mármore esculpido e tampos de vidro.

— Uau! — ela exclamou, girando em torno de si mes­ma para dar uma olhada nas obras de arte que ador­navam as paredes. Eram telas caras, embora um tanto esotéricas. — Você progrediu.

Kyle sorriu. Depois fechou a porta e correu até ela como se tivesse algo para fazer.

— Minha sorte mudou. Escute, Sydney, adoraria mostrar minha casa, mas tenho um compromisso daqui a vinte minutos. Acha que podemos nos encontrar mais tarde?

Ela o encarou com ar incrédulo.

— Você me conhece, Kyle. E agora ou nunca. O silêncio prolongado traiu sua desconfiança.

— Por que veio, Sydney?

Aha! Garoto esperto. Era evidente que não estava ali para pular na cama com ele. Sabia que seria muito útil levá-lo a acreditar que estava ali em busca de sexo, mas não ultrapassaria certos limites.

— Preciso de uma informação. Nada muito difícil.

— Está insinuando que sou estúpido?

— Não me envolvo com homens estúpidos, Kyle. E você deve ser muito esperto para ter conseguido dinhei­ro suficiente para comprar este lugar. Não quer me contar como fez isso?

— O que é? Está escrevendo um livro?

Ela forçou uma risada para recompensá-lo pela ridí­cula tentativa de humor.

— Não atualmente.

— Vi seu nome na lista do New York Times. E não foi a primeira vez.

O esforço de Kyle para mudar de assunto não a de­teve, mas tinha de reconhecer que o rapaz era um pou­co mais astuto do que recordava. Muito bem, também sabia usar a astúcia.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora