Capítulo VIII

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Sydney contornou a cabana do jardineiro, girou o mecanismo temporizador e escondeu o interruptor na caixa de comando. Voltou pelo caminho estreito a tempo de ver Adam emergindo para a luz, nu e magnífico. Por causa do ar úmido, sua pele brilhava. Ele passou a mão nos cabelos, e ela quase pôde sentir a maciez entre os próprios dedos. Enquanto caminhava, ele flexionava e distendia os músculos das coxas e dos glúteos, um movimento que a deixava sem fôlego. A julgar pela profundidade de seu olhar e pela rigidez de sua ereção, Adam Brody estava pronto para seduzir e ser seduzido. Sorrindo, despiu o top e suspirou, mais do que pronta para desempenhar seu papel.

— Sydney?

Por natureza, era uma mulher absolutamente confiante com relação à própria inteligência. Mas a confiança quanto ao próprio corpo exigia algum esforço. Horas diárias de corrida. Pequenas fortunas investidas em um personal trainer. Por sorte, gostava de suar e exigir o máximo de seus músculos, e gostava ainda mais de ver o resultado desse esforço refletido nos olhos de seus amantes. Adam não era uma exceção.

O desejo era recíproco. Intenso. Inegável. No entanto, de repente ela parou e pensou se fazer amor com ele facilitaria ou prejudicaria a aquisição do objetivo final, ou seja, estabelecer com Adam um relacionamento que fosse além do sexo e do prazer físico. Havia recriado a última sessão de amor no campo de golfe em parte para tentar despertar sua memória, mas também para reapresentá-lo à diversão, ao tom livre e sempre bem-humorado do passado que tinham em comum. Mas era isso mesmo que queria? Era esse o caminho a seguir?

Não sabia. Não tinha nenhuma certeza. Estava correndo um risco, atendendo às próprias necessidades. Seus romances sempre dependiam da excitação da busca, do poder da antecipação, uma rota imprevisível para o amor entre os personagens principais. Essa era uma marca registrada em todas as suas obras, a provocação e a sedução, a espera dos amantes para provarem o fruto de seus desejos.

Sexo implica em conflito. Sexo significa saltar em pântanos emocionais nos quais se pode perder o coração ou tê-lo despedaçado. Talvez por isso houvesse simplificado sua vida amorosa na vida real, de forma que o ato não tivesse nenhuma outra implicação além do completo prazer físico. Sem condições, sem problemas, sem desgaste.

Mas com Adam descobrira um novo tipo de antecipação, uma nova forma de conquista. Dessa vez era motivada pelo desafio de elevar o sexo a um significado mais profundo. Não saber como seria o fim dessa aventura temperava a paixão, tornando-a tão intensa que mal podia respirar.

Sydney respondeu ao chamado de Adam emergindo das sombras.
Caminhava devagar, provocando-o com os movimentos do corpo e deliciando-se com a resposta imediata que provocava no dele. Adam estava excitado, pronto. E pensar em senti-lo dentro dela a enchia de prazer.

Um prazer que não era nem a sombra do que sentiria em um minuto.

— Onde estava? — ele perguntou.

— Preparando o clima. Quero recriar a última vez em que estivemos aqui com a maior fidelidade possível.

— Não quero que fique desapontada se eu não me lembrar de nada, mesmo depois desta noite. Sabe que as chances estão contra mim, não é?

— Meu nível de desapontamento vai depender do que você fizer, Adam. Não da sua memória. Além do mais, sua amnésia tem cada vez menos a ver com os motivos de estarmos aqui.
Os olhos de Adam eram os de um homem faminto.

— E mesmo? Será que pode me explicar por que mais estamos aqui?

— Precisa mesmo ouvir as palavras?

— Não, se puder me mostrar.

— Vou mostrar, Adam. Dentro de trinta segundos. Estavam parados frente a frente, sem se tocarem, apenas se olhando, e esses olhares eram como carícias ousadas e excitantes.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora