Capítulo XI

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Sydney respirou fundo, fechou os olhos e deixou-se invadir pelo som doce do saxo­fone. Tinha o nome do lugar para onde Kyle havia te­lefonado, e a revelação, sabia, levaria a investigação de Adam a um nível frenético, tanto no sentido físico quanto no emocional. Sem dúvida nenhuma, passagens aéreas e confrontos violentos faziam parte de seu fu­turo próximo. Mas sabiam que não podiam decidir na­da sem antes consultar Jillian, e ela só retornaria ao escritório dentro de uma hora. Nesse meio tempo, apro­fundaria sua ligação com Adam realizando uma fanta­sia sexual que nunca pusera em prática com nenhum outro homem.

Imaginou seu rosto, os olhos cor de amêndoas, o na­riz reto, os lábios carnudos e o queixo quadrado. Ima­ginou-o como o vira no dia anterior, sem camisa, suado depois de ter trabalhado ao sol, com uma calça jeans de cintura baixa que mais revelava do que escondia.

O hábito levou-a a concentrar-se primeiro nos atri­butos físicos, mas sua atração por eleja não se resumia no formato do corpo ou na cor dos olhos. Esse Adam, o lutador, o sobrevivente, o que queria protegê-la e se preocupava com sua segurança, o que usava a lógica e confiava em sua inteligência para apoiá-la durante a arriscada interação com Kyle, esse novo homem, ou talvez o homem de verdade que finalmente se permitia conhecer, a induzia a ir além de seus poucos limites sensuais para explorar território desconhecido.

Sim, já fizera sexo por telefone antes, com Adam, exatamente, quando estivera na conferência de escri­tores e sentira necessidade de um tipo de satisfação muito mais intensa e completa do que a que podia al­cançar sozinha. Havia sido algo novo, excitante, envol­vente. Queria reviver a experiência com Adam, mas ele não se lembrava de nada. Nunca se lembraria. Ago­ra aceitava a amnésia como um fato imutável. Mas isso não significava que não podia reconstruir a intimida­de... com alguns toques de novidade.

Pelo pára-brisa, viu Adam bater a porta do Mustang de Jillian. Encontrara aquela vaga para o Corvette por sorte, atrás de um muro baixo em um parque do outro lado da rua, bem na frente do prédio do Hennessy Group. Um salgueiro chorão servia de cortina e garantia sua privacidade, além de riscar toda a pintura do carro. Ah, bem, era só um carro. O que ela e Adam estavam prestes a viver era muito mais importante.

— Usei estas roupas para estar bem sexy para você, sabe? Sim, aposto que Kyle ficou excitado, mas não me importo com ele. E com você que quero fazer amor, Adam. Só com você.

Considerando seu passado, era difícil saber se ela creditava no que estava dizendo. Mas prometera a si mesma nunca alimentar arrependimentos, e não come­çaria agora. O passado a transformara em que era ago­ra, uma mulher sem medo de levar a própria sexuali­dade ao limite, uma mulher capaz de explorar o prazer em todas as formas que julgasse interessantes. Mas também havia sido, até agora, uma mulher que não temia o amor, mas que não se sentia preparada para amar. Gostava de seus parceiros sexuais, e até tornara-se amiga de alguns. Mas, com Adam, tudo era dife­rente. Estava entrando em território desconhecido. Queria descobrir até onde essa exploração erótica com Adam poderia levá-los.

— Está imaginando o que estou fazendo aqui? Tenho os olhos fechados, Adam, porque quero fingir que mi­nhas mãos são as suas e que está olhando para mim. Feche os olhos. Imagine como estou agora.

Sydney parou. Pela primeira vez desde que podia lembrar, questionou sua habilidade de encontrar as pa­lavras certas para provocar em Adam as emoções que precisava fazê-lo sentir. Escrever um livro era uma coi­sa. Aquela era a vida real. Amor. Seu coração. O dele. Mais profundo do que o desejo, queria que ele se sen­tisse queimar. Impelida além da paixão, queria que ele fosse consumido pela necessidade obsessiva de estar dentro dela, de formar um único ser com ela, de unir-se a ela de corpo... e, em breve, de alma.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora