Epílogo

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Já era hora. Nos últimos oito meses, Sydney expandira em muito sua recém-adquirida capacidade de esperar com paciência, mas tudo tinha um limite.

Parada no deque onde seria construído o quarto do casal, ela olhou para o vasto território da Flórida e sorriu. As paredes do terceiro andar da casa já haviam sido construídas, mas o espaço destinado às janelas es­tava vazio. Por ali era possível assistir ao pôr-do-sol.

Muitas vezes Sydney usara esse momento do dia pa­ra simbolizar finais. Mas, dessa vez, as nuvens doura­das e o brilho avermelhado anunciavam um começo, a liberdade de seu passado e do de Adam, o início de um futuro que construiriam juntos.

Há menos de uma semana, Steven Malcolm come­çara a cumprir sua sentença pela participação no aci­dente de Adam. Ele e Kyle colaboraram com as investi­gações, mas, enquanto o mensageiro respondia ao pro­cesso em liberdade, Steven teria de cumprir pena em regime fechado, apesar de todas as petições apresen­tadas por seus poderosos advogados. Apenas os bandi­dos contratados para atropelá-lo haviam escapado do longo braço da lei, pois haviam deixado o país. Steven perderia quinze anos de sua vida atrás das grades, sem mencionar sua reputação profissional e pessoal.

Na negociação com Marcus Malcolm, Adam havia recuperado vários desenhos que criara enquanto tra­balhava para a firma, bem como o projeto revolucioná­rio que finalmente fizera dele um milionário. Mas a planta de sua casa, um dos primeiros projetos que cria­ra, era ainda mais especial. Para ambos. A obra repre­sentava um adeus ao passado e um monumento a um futuro brilhante.

No momento em que vira as plantas, ficara apaixo­nada. Pela casa. Pelo autor apaixonara-se muito antes, talvez até antes do reencontro. E graças à decisão de construir a casa, caso o jogo de paciência terminasse em casamento, agora podia vê-lo freqüentemente em suas roupas de trabalho. As mesmas que ele usava na­quele primeiro dia. Sydney alugara um trailer para poder observá-lo no comando dos operários enquanto trabalhava em seu novo livro.

Finalmente transformariam o sonho em realidade, o amanhã em hoje.

Teriam a casa no golfo do México, num local privi­legiado, e ela mantivera o apartamento no condomínio, certa de que não poderia passar muito tempo afastada de Nieman Marcus sem sofrer uma síndrome de abs­tinência. Continuava escrevendo, o amor por Adam ali­mentando o amor pela literatura, mas só apreciava a lista dos mais vendidos porque elas significavam que atingia cada vez mais leitores todos os dias com suas histórias de amor e libertação.

Seu mais novo livro, um conto provocante sobre um homem que sofria e amnésia depois de uma batalha violenta com Robert the Bruce, e uma mulher que ten­tava ajudá-lo a recuperar as lembranças através da sedução, progredia rapidamente na tela do computa­dor. Entregaria o manuscrito bem antes do prazo, o que a deixaria com tempo de sobra para planejar o casamento e a lua-de-mel.

Só faltava o noivo.

E podia ver que ele se aproximava em sua velha caminhonete. Escondida atrás de uma parede, olhou em volta a fim de certificar-se de que tudo estava pre­parado. Depois de certificar-se de que Adam estava so­zinho, correu para a cama que havia sido entregue na­quela manhã. Pagara caro para ser atendida em um domingo, único dia em que os operários não estavam na obra, mas sabia que a experiência compensaria cada centavo. Deitada, assumiu uma pose sexy e esperou, contando com os bilhetes que espalhara por pontos es­tratégicos da casa inacabada.

— Sydney?

A voz dele provocou um arrepio que percorreu todo seu corpo. A noite seria fria, mas o fim de tarde ainda era quente. Usava apenas três laços vermelhos, um sobre os seios, outro na metade do corpo formando uma espécie de biquíni improvisado, e o terceiro no pescoço, sustentando uma pequena bolsa de veludo contendo as alianças que havia comprado numa joalheria em Nova Orleans, onde estivera numa viagem de pesquisa se­manas antes.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora