Capítulo V

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Ela não parecia nada embaraçada com a confissão. Pelo contrário, era como se a situação a divertisse. Quando a vira parada ao lado do Corvette vermelho, Adam decidira estar diante de uma garota má. Agora a suspeita se confirmava.

Era tudo de que precisava em sua vida. Uma garota má. Alguém aberta a possibilidades. Tudo havia sido muito sério desde o acidente. Escapara da morte. Perdera a carreira que amava. Passara por uma difícil recuperação física e enfrentava a perda da estabilidade financeira. Mas a inquietação que experimentava desde o momento em que despertara no hospital chegava a um patamar insuportável. Renée era sua irmã e a amava, mas sentia falta de outras companhias femininas. De repente era invadido por uma súbita necessidade de aventurar-se.

Seria ótimo conhecer Sydney novamente, desde que ela soubesse que não podia fazer promessas para o futuro nem aceitar um relacionamento sério. Não enquanto não resolvesse todas as questões em torno do acidente e do desaparecimento dos planos. Não podia redirecionar o caminho para o futuro enquanto ainda estivesse preso ao passado.

E para aumentar seu interesse, Sydney conhecia a identidade do mensageiro que havia desaparecido com sua maior obra-prima da arquitetura. A polícia, os colegas, a irmã... todos o aconselhavam a parar de torturar-se com o mistério em torno do que acontecera na noite em que fora atingido por um carro. Era melhor seguir em frente, diziam. Concentrar-se na recuperação. Tentara seguir o conselho, mas não conseguia se libertar da prisão de não saber o que de fato acontecera em seu passado. Portanto, não conseguia decidir o que gostaria de fazer com a própria vida no futuro.

Pelo menos agora sentia-se bem, mais animado. E o olhar faminto de Sydney só aumentava seu entusiasmo.
— Dormiu com o mensageiro?

— Não enquanto ainda dormia com você. Antes. Eu sofria a pressão de um prazo muito apertado, e ele apareceu para pegar o manuscrito no exato momento em que eu digitava a palavra final. Era um livro especialmente sensual, mais ainda no último capítulo — ela explicou sorrindo. — E o sujeito era bonitão.

— E você aproveitou para se livrar do excesso de energia sexual?

— Exatamente. Foi bom. Não como era com você, claro, mas foi satisfatório.

— E bom saber disso.

— O quê? Que não foi ruim? Eu tento ser seletiva.

— Imagino que sim, mas estava me referindo à sugestão de que era melhor comigo.

— Benzinho, nunca pensei que um dia pudesse dizer isso a um homem, não com honestidade, mas você foi o melhor.

— Está tentando me adular?

— Estou dizendo a verdade?

— O que quer de mim, Sydney? — Precisaram pôr todas as cartas na mesa imediatamente.

— Bem, vim até aqui por uma razão muito específica, mas não estava agindo consciente do que havia provocado seu desaparecimento.

— Agora não me considera mais tão interessante, não é?

— O quê? Francamente, Adam! Há algo de sexy em uma cicatriz. Aposto que quase todos os heróis que criei tinham uma cicatriz em algum lugar. Refiro-me ao fato inacreditável de não se lembrar de mim. E isso que me deixa confusa.

— Você fala como se estivesse encarando tudo isso como uma ofensa pessoal. Não me lembro de nenhuma mulher com saí nos últimos cinco anos, a menos que a tenha conhecido antes disso.

— E evidente que estou me sentindo pessoalmente atingida. Passei anos certa de que era absolutamente inesquecível.

Adam riu.

Atrevida e Ardente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora