☀ Julho, 2012
Após pensar e repensar sobre o porquê de Lis sempre ter me escondido toda aquela verdade, retomei minha leitura, puxando o casaco para fechá-lo contra o frio e ignorando a falta de luz, tendo assim que aproximar meus olhos do papel.
As primeiras palavras me deixaram atônito:
“Não aguento mais!
Mamãe estava lá, no quarto ao lado, chorando, desfazendo-se em lágrimas que mais parecem navalhas.
Ela o chama em desespero.
Eu o chamo.
Papai é o único que poderia ajudá-la agora, mas ele é o motivo para as lágrimas, para o sangramento.
Tampei os ouvidos com as mãos, mas de nada adiantava.
Eu deveria ter entrado naquele quarto e chorado junto com ela, mas eu não fui capaz. Ao contrário dos meus pensamentos, me ergui e pulei a janela do quarto. Corri e corri um pouco mais, a procura de qualquer bar, qualquer boate aberta.
Encontrei. Após circular quase toda a Westmeath, finalmente encontrei.
O interior do bar era cor caramelo, com salpicadas de verde por toda a parte. Sobre o balcão copos grandes de chope molhavam o vidro a frente de seus 'bebedores'. Três homens se viravam para mim como se uma garota nunca tivesse entrado naquele lugar.
Me sentei ao fundo, na última cadeira disposta no balcão. O atendente me ergueu sobrancelhas grossas como tarântulas, mas nem se quer tirou os olhos dos barris se esvaziando.
— Ótimo — sussurrei, rolando os olhos.
O homem nem mesmo se mexeu.
O copo se encheu com a cerveja espumosa e ele apressou-se para entregá-la a alguém do outro lado do bar.
— Cheguei! — a voz doce de um rapaz cruzou o estabelecimento, o sorriso do Sobrancelhas-de-Tarântulas foi o bastante para eu entender que o garoto iria trabalhar a valer hoje.
Observei-o repousar sua mochila cheia de bottons numa cadeira vazia e correr para trás do balcão, retirando deu agasalho sem cerimônia, ficando apenas com uma camiseta azul.
— Bem — o ouvi murmurar, abrindo mais um dos barris —, não acha que já bebeu de mais Senhor Carvonek?
— Ora, rapaz. Deixe-me beber.
— Nunca ouve o que os médicos te dizem? — o garoto parecia divertir-se com as viradas de olhos da maioria dos homens no balcão.
— Ora, eu ouço sim. Eles dizem que se eu continuar bebendo irei morrer, então é melhor beber enquanto estou vivo, não acha?
— Mas, se o senhor morrer, como irá vir aqui encher a cara de novo? — os risos encheram o lugar de luz, tirando o ar soturno do ambiente.
— O espírito dele não vai nem para o inferno, muito menos para o céu; — um homem gritou — ele vai é para um desses barris!
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RomanceA morte não leva pessoas, ela apenas tira o que mais admiramos nelas: a vitalidade. Lisandra era uma garota estonteante, atrevida - de certa forma. Ela procurava transmitir apenas sua parte boa para as pessoas, a ruim e triste ela escreveu em um diá...