Foi a noite que meu pai bateu a porta estava chovendo intensamente e o frio havia chegado final da tarde, eu estava acomodada na poltrona em frente a lareira, ama bordava ao meu lado. Rapidamente levantou-se preocupada e caminhou até a frente para abri-la. Meu pai entrou aflito se protegendo da água.
- Ama, traga-me algo para me secar imediatamente, sinto-me congelar. Disse meu pai dando ordens.
Ama correu e logo em seguida ele veio ao meu encontro, não movi um músculo sequer para recebê-lo.
-Katherine, sei que somos distantes, mas sou um velho de negócios, viajo para sobreviver e para sustentá-la, não quero vê-la irritada com minha presença, vim para vê-la, afinal, és minha filha adorada. Vim dessa vez para busca-la, ama pode vir conosco se assim desejar. -disse meu pai enquanto se secava
-Estes eram os aposentos da mãe, irá ficar a ruínas. Aqui está a memória dela e sou incapaz de deixá-la. Sinta, seu cheiro está nos cantos da casa, não pode senti-los? Não pode, eu sei, sua covardia o fez partir. -resisti
- Filha minha, amei sua mãe a vida toda, e a amo também, saia dessa casa empoeirada, sua mãe sempre estará presente. E isto não é um pedido, Katherine, é uma ordem, arrume suas malas e se apresse, partiremos assim que estiver perto de amanhecer. -subiu incomodado
Já estava quase amanhecendo quando ama me acordou suavemente para não me assustar, abri meus olhos e me sentia cansada, sempre cansada. Esfreguei meus olhos e tentei pôr os pés no chão. Ama terminara de preparar meus pertences enquanto lavava o meu rosto. Me vesti com o de sempre e desci junto com ela com as malas até a porta. O coche já estava a espera, respirei fundo e me sentei quieta, já estávamos partindo, olhei pela janela e vi aquela mansão cheia de lembranças ficar para trás, no meu passado. A melodia do piano estava em minha cabeça enquanto o coche adentrava a floresta. Encostei no ombro de ama e dormi por estar exausta, ficar naquela posição em uma viagem longa não era agradável. Demoraria dias para chegarmos a capital viajávamos por florestas escuras, poderíamos ser saqueados ou algo assim, e eu não estava nem um pouco animada com toda essa situação. Acordava, pegava algum livro para ler, foliava, cansava, dormia de novo. Parecia que não ia chegar nunca nessa tal Helsinki. Me disseram que lá é neve o tempo todo e quase não se vê o sol. Tem mais noites que dias e que os lugares são agradáveis aos olhos. Mas não era a minha casa..
Depois de um longo tempo a ama me acorda:
-Veja, Kat. Neve!
Olhei janela afora e nunca em minha vida me senti tão impressionada com tanta neve, e é verdade, todos os cantos desse lugar é maravilhosamente bonito e agradável. Não me incomodaria em morar em um lugar assim, tudo tão escuro, frio e misterioso. Sem delongas já avistamos a cidade Finlandesa, a famosa capital Helsinki. E digo que fiquei ainda mais impressionada pela beleza da cidade, estava acostumada com Paris, achava que nada seria mais bonito. O coche passou pelo meio da cidade até pegar um caminho mais calmo e com mais árvores, logo distante avistei uma torre, perto de um lago. Estava ao meio aos galhos, não consegui ver claramente, mas me chamou atenção de certa forma. Quem morava ali? Era tão sombria, mas tão atrativa. Já ouvi umas histórias do Drácula e esse tipo de lugar com certeza seria um lar perfeito para o mesmo. Tirei meus olhos da torre e logo em seguida paramos. Meu pai desceu apressado tentando se recompor, parecia exausto e meio dolorido, como todos. Havia sido uma viagem cansativa e estávamos em meio a toda aquela neve.
- Chegamos! - Disse meu pai com um falso sorriso no rosto abrindo os portões da residência.
Era um casarão com portões altos de ferro, tinha algumas esculturas de anjos mais adentro. Parecia ter um jardim de grande dimensão, apesar da toda a neve esconder a beleza. O coche entrou e parou logo em seguida na porta da mansão. desci com a ama e logo atrás vinha o meu pai que abria a porta da frente para entrarmos com as malas o quanto antes. Estava bastante frio ali fora.
Assim que entrei dei de cara com uma escadaria, havia um lustre brilhante cheio de detalhes. Janelas por todos os lados, e logo a frente, me deparei com um piano, era branco com detalhes em madeira, parecia até que ia tocar sozinho algumas notas de Beethoven de tão elegante que era. Peguei minhas malas e subi até meus aposentos. Meu quarto era escuro, para minha felicidade havia apenas uma sacada. Quadros nas paredes e uma penteadeira para pôr minhas poucas coisas de beleza. O que eu mais havia trazido eram livros. Faltaria lugar para por todos. Mas naquele momento, não quis mover nada, só deitei na cama e dormi.
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Funeral dos Corações
RomanceO predador se apaixona pela presa. Baseada em romances trágicos. Essa historia se passa em 1840, Katherine de Paris (Moça melancólica o suficiente para ser atraída pelo oculto) e Hermanni da Finlândia (Lorde solitário que esconde um misterioso e per...