Eu estava cansado, jogado as poças da cidade escura e vazia. Katherine, no dia que esquecer esse nome posso morrer em paz, já que de certeza nunca mais poderei vê-la. Enquanto estiver aqui, jogado as traças, irei sofrer por aquela mulher até esgotar o ar dos meus pulmões. E seria eterno, porque jamais deixarei de sofrer.
Eu paguei o preço, esse tormento não vai passar e meu pior castigo é desabar todos os dias da minha imortalidade. Eu amo a Katherine e a deixei em um dos piores momentos de sua vida, meu coração estava em agonia quando a vi chorar por perdas desnecessários que haviam lhe causado. Sua tristeza me causava tristeza, e deixa-la foi uma tentativa dolorosa de protegê-la. Eu precisava, não poderia jamais ser egoísta e só dar espaço para meus sentimentos, por maiores que fossem, sua segurança era mais importante.
Katherine estava destinada ao fim, estava escrito, era assim que deveria ser. E eles a queriam, sua alma carrega escuridão. Katherine era a rosa preta em meio as vermelhas.
O primeiro e nunca esquecido dia em que a vi, sentada a minha porta, tão deslumbrante, um anjo, nunca vi ser mais lindo que aquele. Mas de certa forma, eu sabia o que lhe iria acontecer, por um segundo acordei desse sonho que era admirá-la e me deparei que deveria ceifar sua alma. As vozes me ordenaram, e falhei.
Escrevi o velho bilhete do cemitério para atraí-la, estranho achei ela não hesitar em ir, foi curiosa ao meu encontro. Como se ela quisesse muito conhecer-me. Me deparei com aquele rosto angelical adormecido na lápide e em minhas profundezas eu a senti agarrar meu coração sem piedade.
Estava ciente de que minha amada estava sofrendo, eles não a deixariam caminhar em paz pela terra. Eles iriam atormentá-la, como atormentam a mim. Essa triste vida sem minha querida Katherine eram vazios frios e escuros. Meu coração estava destroçado de saudade daquele doce cheiro que exalava de sua pele macia e pálida. Katherine, Katherine, seu nome ecoava em meus pensamentos.
Sonho com seu rosto todas as noites, como se meus pensamentos quisessem amenizar a dor causada em meu peito. Dor sem fim. Eles estavam furiosos e o inferno não aceita amor como pagamento. E pela minha querida era tudo que eu tinha em mim. Por um segundo algo me levou a crer que preferia a morte que minha eternidade agonizante sem ela. Estava decidido a ir buscá-la, e se fossemos juntos, poderia atravessar uma geada de balas, não importava.
Cambaleei pela rua como um bêbado esfarrapado com dois trocados no bolso, as luzes de sua residência estavam acesas. Juntei todas as minhas forças e entrei como um vulto pelos cômodos. Uma força maligna estava abraçando aquela casa, eles estavam lá, e dessa vez iriam levá-la.
Ouvi vozes no andar de cima e corri com as poucas forças que tinha e me deparei com Katherine lutando por sua vida em uma corda apertada em seu pescoço. Agarrei-a para cima para que respirasse, em meio a desespero soltei a corda. Ela ainda respirava em meus braços, e como nos velhos tempos, coloquei-a em sua cama. Meus olhos nunca estiveram tão tranquilos em ver minha amada em minha frente em clara e nítida realidade. Meu coração palpitava em desespero, eu estava lá, vendo-a, sentado em sua frente esperando que acordasse.
Até que seus olhos se abriram..
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Funeral dos Corações
RomanceO predador se apaixona pela presa. Baseada em romances trágicos. Essa historia se passa em 1840, Katherine de Paris (Moça melancólica o suficiente para ser atraída pelo oculto) e Hermanni da Finlândia (Lorde solitário que esconde um misterioso e per...