Capítulo IV - Olhos Verdes

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Deitei aquela noite para dormir em minha cama, a lareira estava ligada para aquecer-me. Já eram quase duas da manhã e aquela música, aquela visão do homem na janela não saíam dos meus pensamentos. Enfim peguei no sono, não demorei muito para sonhar.. Vi um homem de preto, parado em minha frente, mas só via seus olhos, eram verdes como esmeraldas, enquanto ele me encarava sem nenhuma reação sequer, sombras estavam por todos os lados, vozes sussurrando ao fundo, e ele parado, sem dizer nem reagir.

Acordei assustada e já era de manhã.. fiquei um tempo na cama pensando no sonho estranho que tive, o que aquilo queria dizer?  Vai ver nada, pensei demais e acabei sonhando, só isso. Mas que olhos lindos.. Será que aqueles olhos hipnotizantes eram dele? Eu estou delirando, possível. 

Aquela música passou a tocar novamente, pude escuta-la do meu cômodo e vinha da torre. Levantei-me as pressas até a janela, o tempo estava o de sempre, neve por todos os lados, e a melodia ecoando ao vento. Vinha aos meus ouvidos como convite. Um leve cheiro de rosas invadia-me, e uma leve brisa gelada tocava meu rosto. 

Estava um dia gélido lá fora, não havia cores em canto algum, apenas o branco da neve. O clima não me incomodava de forma alguma então resolvi caminhar pelo jardim. Caminhei por alguns minutos, a música havia parado, mas o cheiro de rosas estava ali, mais forte. 

Sentei-me em um banco ao lado de alguns anjos esculpidos, ao meio as árvores de galho seco, vi uma sombra, era forma de um homem, não conseguia ver quem poderia ser, estava parado a me encarar e estava longe. Levantei-me rápido e logo em seguida a sombra foi se afastando.

- Ei, espere! - disse andando rapidamente atrás da sombra

Em alguns minutos, havia desaparecido em meio as árvores mortas, olhei ao meu redor e nada. Virei-me para voltar e quase congelei de susto. Havia um homem parado na minha frente, suas características eram marcantes e estranhas demais para serem esquecidas.. Olhos verdes acompanhados de olheiras profundas, boca pequena, pálido, cabelos castanhos e ondulados até os ombros, magro mas esbelto, vestia preto dos pés a cabeça, me lembrara Dorian Grey,  era um homem realmente atrativo. Estranhamente atrativo.

Por segundos ele não disse nada, apenas me encarava. Eu não pude deixar de notar o seu cheiro, rosas. Seus olhos encontrava os meus facilmente, eu me senti envolvida de uma forma sufocante. Ficamos ali por segundos. Palavras não foram ditas. Ele se virou para ir embora, e eu acordei, como se havia sido hipnotizada. 

- Espere.. quem é você? - Disse seguindo-o. 

Ele havia sumido de novo entre galhos secos.. e imediatamente andei as pressas para voltar para dentro de casa. Vozes seguiam meus passos apressados até se dissiparem ao vento. 


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