Acordei nos braços dele, olhei para o lado e lá estava ele adormecido, tão calmo, respirava fundo. O apreciei por alguns minutos, e deitei em seu peito para ouvir seu coração, tinha se acalmado. Fechei meus olhos para senti-lo e logo em seguida ele segurou meus cabelos suavemente. Me abraçou por um bom tempo e virou para me olhar nos olhos. Me olhou com ternura e logo em seguida suspirou com tristeza desviando os olhos.
- Isso que estamos fazendo.. o que fizemos, vai nos custar muito.. o bastante para virarmos nada.
- Do que você tem medo? -Segurei em seu rosto.
- O que mais tenho medo é de perder você, querida.. e eu vou. - Disse ele beijando minhas mãos pálidas.
- Não vai, caso for, nos perderemos juntos. - falei lamentando.
Ficamos um tempo ali, abraçados, pensando no que poderia ser amanhã, como se aquela fosse a ultima vez de todas. Como se eu saísse pela porta, jamais voltaríamos a nos ver. Olhei para aqueles olhos verdes e sorri.
- Preciso ir, Hermanni. Infelizmente minha vontade é de ficar com sua presença. Mas meu pai deve estar aflito, e a ama também. - Falei me vestindo rapidamente.
- Te levo até lá, já é escuro lá fora. - ele levantou se aprontando e me levando nas mãos.
Fomos juntos pela rua escura, como se não tivéssemos medo de nada, ele me deixou a escadaria da minha casa. Me abraçou forte e soltou sem vontade de me deixar. Me olhou e logo em seguida que virei para abrir a porta, ele havia desaparecido. Procurei meio aquela escuridão e não o via. Entrei confusa e a ama estava a minha espera.
- Katherine, estava preocupada, sorte que teu pai ainda não há de chegar por essa hora. Aonde estavas? - ama falou aflita.
- Estava com um rapaz, ama. E claramente estou apaixonada. - Falei completamente fora de mim.
Ama riu e me abraçou, e logo em seguida mandou-me tomar um banho. Entrei na banheira, não queria me lavar, aquele cheiro dos nossos corpos suados estavam em mim e queria dormir assim.
Sentei-me a poltrona ao lado de ama para ler um pouco quando alguém bate a porta. Ama se levanta correndo e caminha até ela para abri-la. Era um senhor, provavelmente amigo de meu pai, sua cara demonstrava desespero, confusão, ele tremia como se tivesse visto a assombração.
- Senhora, aconteceu algo a seu marido. - disse ele em prantos.
- Não sou mulher dele, ele é meu patrão, o que aconteceu, vamos, diga logo. - ama falou em desespero.
- Ele morreu, senhora. Seu corpo foi achado em um beco do centro, estava morto, desconfiamos que foi homicídio por haver marcas de facas pelo corpo. - falou ele desabando.
A ama congelou e pôs a a mão na boca tentando se manter firme aquela situação. Enquanto a mim, os meus olhos enchiam de lágrimas. Ele sempre foi ausente, mas era o meu pai, e também foi tirado de mim, o que eu fiz para merecer tudo isso? E comigo levo pessoas que não merecem isso e que sofrem as mesmas dores. Corri para meu quarto e me joguei em meio aos travesseiros, chorei de soluçar. Aquela dor havia voltado, como se zombasse de mim. Estava fraca e insegura, como se o mal tivesse me encurralando e brincando comigo mais uma vez.
Eu estava vazia..
Senti uma presença parado a janela, estava em tantas lágrimas que não consegui enxergar bem, era o Hermanni, e ele sentia dor. Ficou ali parado me observando chorar, sem me dizer nada. Como se soubesse que aquilo iria ocorrer comigo. Como se soubesse que ia me ver sofrer e não podia fazer absolutamente nada dessa vez, já tinha feito.. e não tinha volta.
Ele se sentou na ponta da cama, e me esperou parar de chorar como criança.
- Katherine, meu bem.. tudo em sua cabeça está confuso, e isso tudo não é justo para você. Você não merece isso. Mas merece saber a verdade, tentei te explicar, mas nossas forças interiores foram maiores que nossos pensamentos. - Disse ele me fazendo carinho - Eu não sou uma pessoa comum, e isso está claro, não sou bom, não espere coisas boas de mim, não crie expectativas. Eu estou apaixonado por você, e jamais te faria mal, mas não é isso que eu faço, eu atraio e levo as pessoas, e por algum acaso, você foi minha fraqueza. E me recuso a te fazer mal.
- Eu não compreendo... - falei soluçando.
- Bem, as pessoas têm anjos da guarda.. eu sou o seu demônio. - Disse ele calmo me encarando com os olhos verdes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Funeral dos Corações
RomanceO predador se apaixona pela presa. Baseada em romances trágicos. Essa historia se passa em 1840, Katherine de Paris (Moça melancólica o suficiente para ser atraída pelo oculto) e Hermanni da Finlândia (Lorde solitário que esconde um misterioso e per...