Já passava das duas da manhã quando recebi um telefonema. Verifiquei o número e atendi com um meu usual mau humor, bufando.
– Pai, você sabe que horas são aqui em Nova York? – perguntei ao senhor William Hastings.
– Muito tarde? – ele chutou.
Fechei os olhos e suspirei. É claro que meu pai não fazia ideia de que horas eram aqui na América, já que ele estava preso na maldita Inglaterra. Ah, eu nem sabia por que ele havia se mudado pra lá, quando todos os nossos negócios eram fechados e feitos nos Estados Unidos. Ninguém queria se casar na inconstante e nublada Londres. Paris? Talvez.
– Duas da manhã. Que horas são aí?
– Seis da manhã. Acordei cedo hoje – meu pai exclamou, soltando um bocejo.
Bocejei também, praguejando-o internamente.
– Que bom. Isso faz bem para o seu coração e diminui seu colesterol.
– Para com isso, Emma. Você sabe que estou ótimo – ele replicou.
– Ótimo? Não foi essa palavra que o médico usou – eu me levantei e comecei a andar pelo apartamento – Acho que as palavras exatas foram exausto e estressado. Você devia tirar umas férias. Você sabe que eu dou conta do recado.
Meu pai bufou do outro lado da linha enquanto eu buscava algo pra beliscar. Não ia conseguir dormir tão cedo mesmo, o melhor a fazer era me aconchegar no sofá da sala assistindo um bom filme e comendo algo gostoso.
– Você sabe que o problema é a sua mãe – meu pai simplificou.
– Ah, a mamãe. Ela não anda me dando sossego. No último casamento, ela mandou um convidado de espião pra ver se eu estava fazendo o trabalho corretamente. Ela é muito neurótica, credo – reclamei, enchendo a boca de barrinhas de KitKat.
Meu pai deu uma risada que me fez sorrir. Eu sentia tanto a sua falta.
– Você sempre faz um ótimo trabalho, querida. É por isso que eu te liguei, afinal.
Fiquei tensa. Eu havia acabado de planejar e conduzir o casamento de um magnata texano e estava cansada demais pra começar a pensar em outro trabalho. Mas os negócios da família iam sempre bem e meu pai não confiava em muita gente para fazer o mesmo trabalho que eu. Só os funcionários mais antigos e as pessoas que tinham sua confiança, como eu. Meu pai era o chefe do negócio, mas minha mãe era da administração. Ou seja, ela praticamente acabava com a minha vida. Ainda que nada do que eu fazia estava certo pra ela. Mas eu parei de tentar agradá-la no momento em que fiz 18 anos. Agora, com 23, tento agradá-la ainda menos.
– Pai, eu estou muito cansada pra trabalhar de novo. Preciso de uma folguinha – respondi.
– Espera, deixa só eu te dar a proposta. Você pode recusar e eu vou passá-la pra outro cerimonial. Mas eu queria muito que você planejasse esse casamento, meu bem – meu pai soava muito empolgado, coisa que era rara.
– O príncipe Harry vai se casar? – perguntei.
Aquela era a única explicação. Meu pai só se empolgava daquele jeito quando tinha muito dinheiro envolvido no trabalho. Mas com tanto dinheiro, vem a imensidade de obrigações.
– Não, não é o príncipe Harry – meu pai continuou com o suspense.
– Quem é então? – perguntei.
– Justin Bieber.
Quase engasguei com meu KitKat. Aquele ratinho que virou famoso e depois cresceu? Aquele garotinho que cantava com aquela voz de criança? Ele ainda estava com a mesma namorada? Meu Deus. Aquilo era muito mais dinheiro do que eu jamais poderia imaginar. Justin Bieber. Ele era extraordinariamente famoso. Cerimoniais do mundo inteiro disputariam aquela vaga e meu pai estava me dando o prestígio de ser conhecida pelo resto da vida como a cerimonial que fez o casamento de Justin Bieber.
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LOVE, SEX, MARRIAGE
FanfictionJustin Bieber vai se casar. E quem melhor do que a família Hastings pra organizar o casamento? A tarefa de cerimonial passa a ser de Emma Hastings e ela tem que planejar todos os detalhes do casamento perfeito de Justin Bieber e Selena Gomez. Sua ta...