19 - LOVE, SEX, MARRIAGE

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Eu estava sentada no banco de trás do carro negro, que saía de frente da portaria do meu prédio e se dirigia à Igreja St. Thomas. Metade de mim continuava paralisada pelo choque, a outra metade não parava de pensar e latejar. Justin havia me beijado e, simples assim, ele tinha me atingido. Com um único beijo, ele tinha me feito rever todos os meus conceitos, valores, morais, prioridades e até minha dignidade. Por mais que eu estivesse dividida, não havia uma partícula de mim que não quisesse se jogar em cima dele bem naquele carro e fazer com que ele ficasse ao meu lado pelo resto das nossas vidas.

Com um suspiro, eu tentei me acalmar. Esfreguei o rosto com as mãos e bufei. Aquilo era ridículo. Nós estávamos indo, juntos, ver o padre que ia fazer a missa do casamento dele. Casamento este que não era comigo. Casamento este que eu estava organizando. As coisas, literalmente, não podiam ficar piores.

Minha mãe sempre esteve certa ao meu respeito. Eu nunca tive muito profissionalismo, sempre me deixei envolver pelas histórias, pelas tradições, pelas famílias. Talvez esse tenha sido meu maior erro: ter me deixado envolver por Justin Bieber. E, enquanto estava sentada no banco de trás daquele carro, eu percebia a besteira que havia feito.

Se eu fosse uma pessoa que prezasse o trabalho acima de tudo ou a carreira ou o nome da minha família ou minha reputação, eu teria feito Ian assumir meu posto como planejador daquele casamento. Mas como eu era completamente imprudente, eu não ia fazer nada. E pensar que, por um tempo, eu realmente acreditei que meu trabalho era meu amante. Quem será que eu estava tentando enganar com aquela mentira? Só a mim mesma, provavelmente.

O silêncio desconfortável só foi abalado pela minha própria voz, depois de alguns minutos.

– E Selena? Onde ela está? – perguntei, timidamente.

– Ela está atrasada, vai demorar um pouco – Justin respondeu, nem sequer olhando na minha direção.

Eu entendia a reação, só não esperava que ele fosse me tratar com tanta frieza. Mesmo depois de ter provado para si mesmo e para mim que eu não conseguia resistir a ele, eu não havia feito nada. Eu, literalmente, me recompus da melhor maneira possível e saí pela porta, esperando que ele saísse também para que eu pudesse trancar meu apartamento. Nós descemos pelo elevador sem trocar uma palavra. Justin me olhava, esperando uma reação, esperando que eu lhe dissesse algo, mas eu não sabia o que fazer.

Era exatamente por esse motivo que ele estava me tratando como se seu coração fosse feito de gelo naquele instante. Ele sabia que eu estava envolvida, sabia que tinha dito a verdade, sabia que mexia comigo. Mas eu não havia reagido. Aquilo o deixava louco, irritado, bravo. De uma maneira meio bizarra, era até engraçado. Justin provavelmente havia esperado que eu tivesse me ajoelhado a seus pés, tivesse me oferecido para lhe fazer um boquete e implorado para que nosso acordo voltasse a vigorar. Só que as coisas não foram bem assim. E não seriam.

Não demorou muito até que nós chegássemos à igreja. Justin abriu a porta do carro e saiu; eu saí pelo mesmo lado. Dois ou três seguranças nos escoltaram lá pra dentro e alguns paparazzi estavam por perto. Os flashes pararam assim que entramos na Igreja, porque os fotógrafos eram respeitosos o suficiente para, pelo menos, deixar Justin em paz em solo sagrado.

Mais seguranças entraram e se dividiram pela igreja, montando guarda. Só um ficou realmente conosco. Nós caminhamos pelo corredor entre os bancos até o altar, onde um homem de batina ajoelhado não mostrava sinais de distração. Eu não sabia se devia anunciar nossa presença ou se esperava até que ele olhasse para nós, mas Justin foi mais rápido.

– Com licença, padre... – ele murmurou.

Eu lhe dei uma cotovelada forte nas costelas e lhe mandei um olhar feio, mas ele apenas deu de ombros e revirou os olhos.

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