Era um fim de tarde chuvoso em Nova York, poucas pessoas se arriscariam à sair em meio aquela chuva, a primavera estava diferente este ano, não havia flores, não havia vida. Em meio à multidões de pessoas, cada qual com seu problema, em uma rua qualquer, havia um jovem rapaz com os olhos inchados e vermelhos. Pedro não sabia mais como agir, lá estava ele, com seu melhor smoking preto, extremamente sexy, seu cabelo arrumado, e seus lindos olhos castanhos mel, que até três meses atrás eram sempre brilhantes, agora estavam sem brilho algum.Perto dali, Beatrice estava pensativa, olhava-se no espelho, estava linda em seu vestido de noiva, pois logo estaria entrando no altar, mas não iria ser esperada por seu grande amor, mas sim por um cara, que nem ela sabia o porque de estar se casando, Bea amava o irmão dele, mas era um segredo que morreria com ela, ninguém sabia de seus suspiros apaixonados por ele, nem mesmo sua melhor amiga, a qual ela contava-lhe tudo.
Pedro parou o seu Honda Civic em frente ao apartamento de Bea, ele como irmão do noivo ficou encarregado de levá-la ao altar, pois ela havia perdido seus pais a pouco mais de dois anos em um triste acidente aéreo, que levou varias vidas.
Bea observou da janela do seu quarto o carro estacionar em frente ao portão, notou que logo em seguida seu amado sairá de lá, lindo como sempre. Pouco o depois ouviu a campainha soar, era ali seu último momento de liberdade, pois após tocar o chão daquele igreja, jamais ela poderia ser livre novamente, o pior não era não poder casar com seu amado, o qual mantinha uma paixão secreta desde os tempos da faculdade, o pior era casar-se com o irmão do seu amado, para ela, ali era seu último momento de vida, a partir dos próximos minutos ela seria um nada, sem vida.
Pedro enxugou as lágrimas uma última vez antes da porta se abrir e mostrar uma linda mulher vestida nos mais belos tecidos, toda de branco e com um semblante triste.
Como uma noiva pode estar triste no dia do próprio casamento? - pensou ele ao vê-la nesse estado.
Eles partiram pelas ruas da cidade, com grande habilidade, Pedro desviou de um acidente devido à grande chuvarada que estendia-se pela semana, representava sua vida, como ele sentia-se em relação ao casamento.
Passando pela Upper East Side, Pedro e Bea ficaram presos em um engavetamento de médio porte, nada que demorasse horas, como era de costume. Ele sentiu-se com coragem para puxar assunto com ela, notará que a mesma estava sempre cabisbaixa, pouco sorria e quando fazia tal ato, um sorriso forçado aparecia em seus lábios medianos.
- Como está se sentindo? - Ele perguntou para Bea, ela por sua vez, queria dizer-lhe que estava péssima, que morria de amores por ele e não queria casar-se. Mas, logicamente, omitiu tudo isso, e apenas disse que estava nervosa.
Não tente enganar seu coração! - repreendia seu subconsciente.
Parado ali, em meio aos seus devaneios, Pedro teve uma brilhante idéia, falar de ex amores.
- Você já amou outro alguém, Bea? - ele olhava para ela através do retrovisor, Bea estava imersa em seus pensamentos quando ele perguntou-a sobre tal assunto, sem pestanejar ela soltou:
- Sim, muito. Mais do que deveria. - disse tentando segurar suas lágrimas que teimavam em querer cair.
O casamento seria daqui a quarenta e sete minutos, exatos. O noivo era um cara exigente, daqueles mauricinhos, era um bom homem, mas não era o cara dos sonhos, não para Bea. A igreja católica St. Patrick's Old Cathedral estava quase lotada, ali havia parentes de ambos os noivos, amigos e conhecidos, para a mídia local era o casamento do ano, um dos maiores acionistas da bolsa de valores estava se casando, isso era ótimo para a venda de fofoca.
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Contos De Uma Cidade Que Nunca Dorme
Short StoryA cidade que nunca dorme pode guardar muitos segredos, conter várias histórias e esconder mistérios surpreendentes. Os contos que se passam nela, podem nos mostrar lados que poucos conhecem, lados obscuros e atrativos. Nela presenciaremos paixões d...