Para Sempre Minha

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Estou caminhando pela cidade sem rumo, não faço a mínima ideia de que hora são, apenas sei que já é tarde, muito tarde, uma prova disso é pouca movimentação nas ruas de Nova York. Me surpreende essa cidade que é tão movimentada e com um transito tão complicado estar tão calma e praticamente "vazia", nesse horário pode-se ver apenas alguns indivíduos, a maioria aparentando estar sem rumo e com os pensamentos longe, assim como eu.

Existem pessoas que acreditam que quando se recebe a notícia de o falecimento de um ente querido o primeiro passo é chorar, mas comigo está sendo diferente, eu não consigo saber o que sentir, estou reprimindo esse sentimento em meu peito o máximo que consigo.

Hoje por volta das 9 horas da noite, recebi a terrível notícia de que minha namorada virtual morreu, sim, namorada virtual, pode parecer estranho, mas a gente realmente se gostava e fazia apenas alguns dias que tínhamos decido a iniciar um relacionamento, eu sinceramente não sei como reagir, estou confuso e ao mesmo tempo com um aperto no peito, apesar de nunca termos nos visto eu sentia algo por ela, eu gostava dela como nunca havia gostado de ninguém e o mais engraçado disso é que nem um beijo nunca demos, a única lembrança que tenho dela é apenas da menina sorridente e linda que eu via todos os dias nas fotos e pelo Skype.

Interrompo minha caminhada quando avisto uma pracinha, na mesma hora lembranças vêm me atingir. Quando eu era criança amava brincar na areia e construir castelos, foi nessa mesma pracinha que aprendi a andar de bicicleta e que dei meu primeiro beijo. Não me surpreendo nem um pouco de ter vindo parar aqui sem ao menos raciocinar sobre isso, este lugar é marcado por coisas felizes da minha infância, este é o refúgio que tenho desde pequeno, é aqui que encontro a paz em momentos de angustia.

Me acomodo em um banco e deixo os fatos virem a mim de uma só vez. A frase de sua irmã ao telefone é a primeira coisa que me vem à cabeça.

"Perdemos nossa Emma, Zack".

Lágrimas involuntárias surgem em meus olhos, sem forças para continuar negando a sentir sua perda, deito no banco e permito as lágrimas correrem livremente sobre o meu rosto.

(...)

Acordo com uma pessoa me dando leves sacudidas e beijos no rosto um sorriso involuntário surge em meu rosto e logo o desfaço quando me dou conta que algo está errado.

Espera aí! Beijos no rosto?

Abro os olhos rapidamente me sentindo assustado, quando fui que dormi? E por que alguém me acordaria com beijos? Olho para o lado com o intuito de descobrir quem é a pessoa estranha que ousou me acordar com beijos. Tomo um susto ao ver um rosto tão conhecido. Fecho meus olhos não acreditando que minha própria mente está pregando essa peça comigo, os abro lentamente e a mesma pessoa ainda me olha, agora com uma expressão divertida no rosto. Não, não pode ser, eu estou delirando, só posso ainda estar sonhando, eu preciso acordar, meu cérebro não tem o direito de brincar assim comigo!

- Zack? – escuto a voz suave que tanto mexia comigo em uma simples conversa pelo telefone ou Skype.

- Emma? – pergunto em um sussurro olhando hesitante para a mulher linda que está parada na minha frente.

- Eu mesma. – respondeu ela dando em seguida o sorriso pelo qual sempre fui apaixonado.

Ainda sem acreditar no que estou vendo levanto do banco, passo a mão em meus cabelos para ajeitá-los e caminho em sua direção a passos hesitantes, vejo ela revirar seus olhos antes de correr em minha direção e pular em meus braços enfiando seu rosto no meu pescoço e inspirando profundamente. Nesse momento qualquer dúvida sobre ela estar realmente aqui foi embora, a envolvi com meus braços e a apertei. Sinto que somos um, com ela aqui em meus braços sei que nenhuma outra pessoa se encaixaria tão perfeitamente no meu coração, no meu abraço e ao meu corpo como ela. Ansiei tanto por esse dia que nunca imaginei que ele chegaria assim, logo quando eu descobrisse de sua suposta morte.

Contos De Uma Cidade Que Nunca DormeOnde histórias criam vida. Descubra agora