Mike estava na oficina, balançando a cabeça pensativamente e fazendo o possível para não estrangular seu cliente.
E para não matar Henry, por ter lhe empurrado esse cliente em particular.
Assim que Benny Dickens havia entrado, Henry subitamente se lembrara dar um telefonema importante e sumira de vista.
- Você não se importa de atendê-lo, não é, Mike?
Benny era um rapaz de 21 anos cuja a família era dona da mina de fosfato na saída da cidade, uma empresa com mais de três mil funcionários, o que a tornava a maior empregadora de Swansboro. Benny tinha abandonado a escola na décima série, mas possuía uma casa enorme na beira do rio, comprada com o dinheiro do pai. O rapaz nunca nem pensara em trabalhar e tinha dois filhos pequenos, de mães diferentes. Sua família era de longe o maior cliente da oficina, do tipo que as pequenas empresas não podiam se dar ao luxo de perder.O velho Dickens adorava Benny. Achava que o filho era um deus. Muito tempo atrás, Mike concluíra que o pai dele era um idiota.
- Mais alto - dizia Benny, começando a ficar com as bochechas coradas e a voz estridente. - Eu disse que queria alto!
Benny se referia ao ronco do motor de seu Corvette Callaway recém-comprado. Ele o levara para a oficina para Mike "deixá-lo mais alto". Provavelmente para combinar com as chamas que pintara no capô na semana anterior e com o sistema de som estéreo que mandara instalar. Benny iria com o carro para Fort Lauderdale nas férias de verão, na semana seguinte, com a esperança de seduzir o máximo de jovens que pudesse. Um rapaz realmente impressionante.
- Está alto - disse Mike. - Mais alto do que isso é ilegal.
- Não é ilegal.
- Você será parado pela polícia - disse Mike. - Posso lhe garantir.
Benny piscou como se tentando entender o que Mike dizia.
- Você não sabe do que está falando, seu mecânico estúpido. Isso não é ilegal, ouviu?
- Mecânico estúpido - disse Mike, balançando a cabeça. - Entendi.
Duas mãos em volta do seu pescoço, os polegares no pomo de Adão. Era só apertar e sacudir.
Benny pôs as mãos nos quadris. Como sempre, usava um Rolex.
- Meu pai não concerta todos os caminhões dele aqui?
- Sim.
- E não é um bom cliente?
- Sim.
- Não foi pra cá que eu trouxe meu Porshe e meu Jaguar?
- Sim.
- Não pago sempre em dia?
- Sim.
Benny agitou os braços, exasperado, sua voz se tornando mais estridente.
- Então por que você não deixou o motor alto? Lembro que vim aqui e expliquei isso muito claramente. Eu falei que queria alto! Para passear pela avenida principal! As garotas gostam de barulho! E não estou indo lá para me bronzear, ouviu?
- Garotas, nada de bronze - disse Mike. - Ouvi.
- Então faça com que fique alto!
- Alto.
- Sim! E quero o carro pronto amanhã!
- Amanhã.
- Alto! Consegue entender isso, não é? Alto!
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O Guardião
RomanceQuarenta dias após a morte de seu marido, Julie Barenson recebe uma encomenda deixada por ele. Dentro da caixa, encontra um filhote de cachorro dinamarquês e um bilhete no qual Jim promete que sempre cuidará dela. Quatro anos mais tarde, Julie j...