Capítulo 15

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Sem correção...

Michelle

Ao passar pelo corredor ouvi uma conversa da novata, a tal da Denise com alguém no celular. Hum... No mínimo achei estranho. Segundo ela, não tinha família, não conhecia ninguém e o pior nem mesmo tinha um celular. Disse outro dia no café da manhã que não era muito fã da escravidão que a tecnologia havia criado sobre as pessoas. Discurso de vaca sonsa para boi dormir. Eu não fui com a cara dela desde o começo, mas o Jota e o Santinni acham que são só ciúmes.

Ela está falando em inglês, que droga, não entendo nada dessa língua a não ser beautiful, porque eu adorava chamar os garotos de bonitos na aula de inglês e What's your name? Isso qualquer criança aprende logo quando desce do colo da mãe. Mas o que fazer?

Está no banheiro. No quarto em que ela fica não é uma suíte como as nossas. Deve ser algo muito sério, para ter se escondido. Mesmo sem saber inglês uma palavra eu identifiquei... Mister. Sim... Ela disse "shidnfeis dksfja Mister".

Quando me dei conta do silêncio imaginei que ela sairia do banheiro e me escondi. Ela passou direto e entrou no quarto. Desci as escadas e procurei pelo Santinni.

O Santinni estava com o rosto detonado. Ontem quando o ajudei disse primeiro que era uma briga de rua, mas depois me confessou ter ido até a casa da Luana tentar convencê-la de não se casar com outro lá. Ou é muita cara de pau, ou é muito amor mesmo. E deu no que deu. Levou uma surra do agora marido da Luana, que eu acho um gato.

- Santinni preciso falar com você agora, em sua sala. – Olhei para a escada para ver se ela não me seguia.

- Você sempre precisa de alguma coisa não é garota. – A Sol, cutucou e sorriu.

- E não é da sua conta, não pense que irá começar a me implicar porque você não tem peito para isso. – Ela gesticulou como se tivesse entendido e eu comecei a empurrar o Santinni pela sala até que entrássemos na sala dele.

- O que foi Michele? Se for sobre o Jota, eu acabei de falar com o Agustin e ele disse que está tudo bem. E que amanhã ou depois o Jota ligará para você.

Isso estava errado. Algo estava acontecendo. Ele vinha me dizendo isso desde ontem quando ligamos para o Agustin. Podia ser sem experiência, ser sem estudos, mas se há uma coisa que eu não sou na vida é burra. Eu sentia em meu coração que havia algo errado. Eu estive lá. Sei o quanto o Mister é perigoso. Mas agora só tinha a palavra do Agustin e do Santinni.

E se estivesse tudo bem mesmo, nunca mais falaria com o Jota, me deixar passar por essa ansiedade como estou passando, não é justo.

Contei o que tinha acabado de acontecer ao Santinni e ele ouviu tudo em silêncio. Depois abriu a porta e olhou certificando-se que a garota não estava ainda à mesa de café da manhã.

- Tem certeza Michelle?

- Absoluta. Ela disse algumas palavras que eu não entendi e depois disse algo relacionado ao Mister. Não é muita coincidência?

- Bom... Mister pode simplesmente ser Senhor. Um tratamento formal em outra língua, mas agora fiquei preocupado. Essa garota apareceu justamente nos dias em que nós estávamos fora do Brasil. Se ele for uma espiã do cara podemos estar correndo perigo de vida.

- Então faça algo Santinni, por eu não quero morrer.

- E o que vou fazer? Chegar nela e perguntar?

- Você tem uma arma não tem? – Claro que tem. Ele tem o Jota tem. Eu sei onde fica. – Ele me olhou incrédulo como se eu fosse uma criança descobrindo que os pais fazem sexo. – Não sei para o que usam, mas poderia ser para um momento como esse.

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