Bônus - Santinni

3.4K 497 62
                                    

Sem Correção.

Bônus – Santinni

Eu sabia que era sério. No avião eu só pedia a Deus que nada demais acontecesse ao meu amigo. Era como um irmão para mim. Não foi nem uma nem duas vezes que eu fui socorrido pelo JC. Meu parceiro, minha única família. Mas quando cheguei e fiquei por dentro da situação dele então me apavorei.

Não fora somente um tiro, e sim três. Um havia acertado o ombro e dois nas costelas. A cirurgia já havia sido feita para a retirada das balas, mas ele estava inconsciente na unidade de cuidados intensivos. A plaquinha em cima do quarto indicava: (ICU - Intensive Care Unit).

Sentamos o Agustin e eu diante da porta esperando por notícias e nada por mais de quatro horas seguidas.

- Não quer tomar um café? Não comeu nada desde que chegou. – Só agora que o Agustin mencionara que me lembrei de que estava a mais de doze horas sem comer absolutamente nada. Mas não tinha fome.

- Não, obrigado. Preciso de notícias. Nem mesmo tenho coragem de pegar meu celular, deve haver umas cinquenta ligações da Michelle. Mas não tenho coragem de falar com ela.

- Imagino. Eles parecem se amar muito.

- De mais. – Concordei com a observação do meu amigo. – Pena que só se deram conta disso agora. Por isso não pode acontecer nada demais entende? Ela não saberia viver... E...

- Você não se perdoaria não é amigo. Te conheço suficiente. A amizade de vocês sempre me deixou com uma ponta de inveja. Faltavam adivinhar o que o outro estava pensando.

- Isso é coisa de irmão mano. A gente só sabe disso quando experimenta. E o Jota é esse amigo para mim. E pensar que tudo isso aconteceu por causa de uma brincadeira boba. Nem fui eu quem começou, mas eu não podia deixa-la sozinha. A Michelle às vezes age como criança e para fazer ciúmes no Jota ela seria capaz de qualquer coisa. Agora...

A porta se abriu e um médico saiu vindo em nossa direção. Precisava ser uma notícia boa. Esperamos por ele de pé.

- Ele reagiu.

- Graças a Deus. – Abracei o Agustin.

- E chamou por Michelle.

- Sem chances. Ele trouxe o passaporte dela e não teve como ela vir comigo. Um de emergência levaria no mínimo cinco dias e eu não sabia como ele estava. Achei que estava melhor.

- Foi um milagre. Três tiros. A sorte dele é que nenhum chegou a órgãos vitais. Os dois ficaram alojados na costela. E o do ombro foi o mais superficial. Não entendam como menos perigoso. Mas agora ele não apresenta risco de vida. Vou deixar os dois entrarem por cinco minutos, assim possa acalmá-lo quanto à pessoa que ele espera encontrar.

Ele foi conosco até a porta e abrindo nos deu passagem. O homem devia estar achando estranho, dois marmanjos meio chorosos por um terceiro. Mas não fazia diferença o que ele pensava, meu coração estava bem mais aliviado agora.

Assim que paramos diante do leito, meu estomago revirou. Nunca gostei de lugares assim. Ver o Jota ali, todo cheio de fios e sondas.

O médico deu a volta e retirou um que estava em sua boca, foi quando ele percebeu nossa presença.

- A Michelle. – Não... Não foi assim que imaginei ver meu amigo quando o médico disse que ele havia se recuperado. Sua voz era quase inaudível.

- Ela não pode vir. Você trouxe o passaporte dela se esqueceu? – Segurei sua mão e apertei. – Mas evita falar brother.

- Li... Liga. Liga para ela. – Ele insistiu. O médico olhou e sacudiu a cabeça.

- Talvez não tenha sido uma boa ideia vocês entrarem. Achei que ele ficaria mais tranquilo.

Refugio SecretoOnde histórias criam vida. Descubra agora