03 | O Universo

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Lik e Lak regressam ao grande castelo situado no sopé do Monte Sunyata. Não poderão voltar à gruta antes de se passarem mil anos. O longo sono de Oliver e Olívia não deve ser perturbado por nada.

Lik e Lak não acham que mil anos seja esperar muito. Mil anos não são muitos anos, porque no país de Sukhavati o tempo não tem início nem fim.

Os dois meninos correm no meio do monte de pedras e aproveitam para recolher alguns seixos para Ananda. O castelo continua a crescer, quer em altura, quer em largura. Lik e Lak constroem doze novas salas, cento e quarenta e quatro quartos de cama, onze subterrâneos e vinte e duas torres.

Enquanto isso, brincam de esconde-esconde, correndo pelo castelo para baixo e para cima. Ou, então, dão passeios na floresta de Samandhi. Às vezes, ainda vão mais longe, chegando à planície de Advaita, onde não há absolutamente nada, onde tudo é completamente vazio.

Vão se aproximando, a intervalos regulares, da entrada de Pleroma: têm de contar as pérolas de cristal para saberem quantos anos passaram. Por fim, conseguem contar novecentos e noventa e nove. Só têm que aguardar pelo próximo «pling!».

No momento em que isso acontece, Lik e Lak estão consertando a janelinha de um subterrâneo de Ananda.

«Pling!», ouve-se, inesperadamente.

— Hurra! — exclama Lak, batendo as mãos.— Vamos já para Pleroma!

Quando chegam, Oliver e Olívia estão precisamente a acordar: estão sentados, cada um no seu maple, esfregando os olhos para fazer desaparecer todas as marcas deixadas por aquele sono prolongado. É divertidíssimo ver quanto estão desorientados depois daquele sono de mil anos.

— Então, conseguiram?! — perguntam em coro Lik e Lak.

— Tal como vêem, meninos. Aquilo que está ali é o Mundo...

Oliver aponta para o banco das magias.

Nesse instante, Lik e Lak dão-se conta de que no centro do banco está uma esfera. Correm para ver de perto. A esfera tem o tamanho de uma bola de futebol, parece uma pérola de grandes dimensões. É branca, embora tenha uma consistência vítrea. Lik e Lak tocam-na delicadamente; quando se toca, é morninha.

— Isto é que é o Mundo? — pergunta Lik, pasmada. — É tão pequenino!

— Ah ah! Não é assim tão pequeno se visto de dentro, minha querida. Visto de dentro, o Universo é infinitamente grande. Mas isto tem o seu segredo.

As crianças olham-no, sem entender nada.

Oliver explica-lhes que, inicialmente, o Mundo era pequeno como uma cabeça de alfinete. Acontece que, mal Oliver e Olívia adormeceram, uma minúscula pérola que estava no banco, começou a crescer. Com o decorrer dos anos, crescia cada vez mais. Agora, mil anos passados, ficara do tamanho de uma bola de futebol.

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