11 | Lokeshvara

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A partir do momento em que conheci Lik e Lak na praça do mercado de peixe, nunca mais consegui que me saíssem da cabeça. E visto que passava todo o meu tempo a pensar neles, tive que pedir demissão do meu trabalho de professor universitário.

Um dia fui vê-los na casa da Rua da Montanha, pelo início de Setembro. Lik e Lak encontravam-se no Mundo havia cerca de seis meses.

Quando toquei à campainha, foi o pai de Hans Petter e Anne Lise que foi abrir. Nunca me vira anteriormente e, naturalmente, ficou um pouco desconfiado quando pedi para falar com Lik e Lak.

O fato de Lik e Lak não terem nascido na Terra, mas terem vindo de Sukhavati, mantinha-se, com efeito, absolutamente secreto. O pai tinha sempre medo de que qualquer coisa vazasse, e de que os jornalistas e enviados invadissem novamente a sua casa, onde o que queria, pelo contrário, era ficar em paz.

Expliquei que era um professor de húngaro, que no passado conhecera as duas crianças e que tinha acabado de dar uma volta de elevador. Para concluir, disse que teria aproveitado de bom grado a ocasião para conversar um pouco em húngaro.

— Afinal, não há muita gente que fale húngaro, aqui em Bergen — acrescentei.

Por precaução, antes de me apresentar na Rua da Montanha, tinha aprendido um pouco de húngaro, só para poder falar com Lik e Lak sem que os outros entendessem o que dizíamos.

— Com certeza! Faça o favor de entrar! — disse o pai. — Como disse que se chama?

— Sverre. Sverre Oliver Hansen.

Mal acabara de pronunciar o meu nome, na casa houve uma gritaria enorme. Eram os gêmeos, que tinham ouvido tudo.

— Olve! Olve! — exclamaram Lik e Lak correndo ao meu encontro e envolvendo meu pescoço com seus braços.

— Então, tudo bem com vocês? — perguntei em húngaro. — Meus pequerruchinhos...

Desataram a rir ao ouvir a minha pronúncia: acho que o meu húngaro ainda não era grande coisa.

Falamos ainda um pouco mais nesta língua, que nenhum dos outros entendia, e decidimos sair para dar um passeio.

Mal nos afastamos da casa, começamos a falar normalmente.

Os gêmeos contaram-me que naquela família se encontravam bem, e que também na escola tinham sido bem acolhidos.

— Quer dizer que se adaptaram sem problemas aqui, à Rua da Montanha — disse. — Mas... também se adaptaram bem ao Mundo?

Os dois fixaram-me sérios.

— Temos saudades de Sukhavati...

— Mas porquê? — perguntei, embora já intuísse a resposta.

Viagem A Um Mundo FantásticoOnde histórias criam vida. Descubra agora