04 | Dentro Do Conto

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Um instante depois, a esfera em que iam Lik e Lak fez a sua aterragem no coração de Bergen, em plena praça principal. Os dois meninos saíram de supetão, excitadíssimos como estavam.

— Que maravilha! — suspirou Lik. — Olha só o céu, como é azul! E as montanhas, que altas que são!

— Olha a água e as árvores e todos os seres humanos! — exclamou Lak, extasiado.

Mais não disseram, porém: na praça, de repente, houve um autêntico fim de mundo. As pessoas mais próximas, recuaram. Uma fugiu na sua bicicleta, outras levantaram-se bruscamente do jardinzinho que circundava o lago e, recolhendo freneticamente o resto do piquenique, deram no pé tomados pelo pânico.

— Olhem! — desatou a gritar uma velhinha de Bergen.

— Uma garrafa com duas crianças lá dentro!

— Mas ainda agora não havia nada ali — constatou um outro.

— Olhe que as crianças estavam dentro da garrafa, sabia?

— Mas, repito: antes não havia nada ali...

Lik e Lak perceberam que ter escolhido aquela praça para o primeiro contato com o Mundo, não tinha sido uma grande idéia. Os habitantes da Terra não deviam estar habituados a visitantes que aterravam no meio da cidade a bordo de uma esfera de cristal.

— Não tenham medo! — ainda gritou Lik às pessoas mais próximas. — Não queremos lhes fazer mal!

Mas a coisa não funcionou. Bem pelo contrário: as pessoas que ali estavam desataram a correr, esbaforidas.

— Estamos aqui para lhes falar do país de Sukhavati! — anunciou Lak, abrindo os

braços.

— Depressa, Petter! — disse uma velhinha. — Tem que se chamar a polícia!

— Cá para mim, eles vêm de Marte — responde ele, aterrorizado. Na frente de um pavilhão de música, concentrava-se cada vez mais gente. Mas ninguém ousava se aproximar: todos se mantinham a uma distância segura.

Lik e Lak deram uns passos para frente, mas isso fez com que a multidão retrocedesse. Os dois meninos regressaram então à esfera de cristal e, desta vez, as pessoas avançaram.

Era como se Lik e Lak conseguissem afugentar e atrair as pessoas mesmo através da grande massa de ar que os separava.

De repente, começou a ouvir-se ao longe o som de sirenes que se ia fazendo cada vez mais próximo.

— O que será? — perguntou Lak, assustado.

— Penso que são os carros da polícia — respondeu Lik.

— Serão perigosos?

Viagem A Um Mundo FantásticoOnde histórias criam vida. Descubra agora